terça-feira, 30 de julho de 2013

O reinicio



O primeiro dia do resto da vida deste Governo? Ou o novo ciclo irá mesmo acontecer e vão ser reeleitos?

Hoje passei o dia todo com a televisão ligada a transmitir a AR TV, ainda está ligada e estou a ver a comissão de inquérito à ministra das finanças.
Ou seja, vi em directo e detalhadamente o debate que antecedeu a aprovação da 5ª moção deste executivo. Desta vez a moção foi de confiança e foi aprovada pela maioria.
Para quem viu o debate, até parece que estamos perante um país em prosperidade, em que tudo está a correr bem. Vimos toda a esquerda a tirar confiança ao Governo, este a sacudir a água do capote apresentando a ideia de baixar o IRC e por fim, quer o PSD e o CDS a congratularem, de forma veemente, Passos Coelho.

Gostaria de me debruçar em três pontos, primeiro a "coesão governamental", em segundo lugar a possibilidade de baixar o IRC e por fim, uma breve análise ao que irá acontecer daqui a dois anos.

Perante a moção de confiança, quer deputados do CDS quer do PSD que congratularam o actual primeiro-ministro. Eu acho muito bem, e à muito tempo que, como muitos outros, reitero necessário. É bom ver que temos um Governo estável, coeso e apoiado. Nem que seja por um só dia ou por meia dúzia de pessoas. Mas ainda melhor, foi ver deputados do CDS a enaltecer o trabalho do PM e aplaudirem este quando falou da competência de Maria Luz Albuquerque. Memória curta ou então, o que Portas fez foi apenas encenação programada.

Quanto ao IRC, como deve ser do conhecimento geral, quanto mais baixo, melhor para as empresas, que com mais liquidez podem empregar mais pessoas, logo, é bom para os cidadãos. Logo que não compense com o IRS, está óptimo. Contudo, este ponto aproximar o Partido Socialista do executivo é benéfico para a nossa democracia, e pode ser que este comece a aceitar as propostas do PS.

Para terminar, daqui a dois anos, se este novo ciclo for verificado, com criação de emprego e crescimento económico, este Governo irá ser reeleito? Não acredito muito nesta tese, mas é uma possibilidade. Passos Coelho está já a trabalhar nesse sentido, é notório ao entregar o partido a Marco António Costa e sobretudo, através desta nova fase no Governo... Daqui a dois anos veremos no que dá, mas temo por mais tempo de direita na governação, não me apetecia nada emigrar.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Estamos unidos



A expressão de união nacional utilizada pelo primeiro-ministro, a meu ver, não foi de todo feliz. Mas não foi feliz apenas por estar, em Portugal, associada à ideia de Estado Novo e ao período de ditadura que nos foi imposta.

Hoje vivemos num outro tipo de ditadura, mas não é sobre isso que vos vou falar.
Eu em parte, e percebendo bem o que o PM quis dizer, até concordo com o que pediu, mas preferia a expressão que deixou de parte, a de unidade nacional.

É verdade, como diz, que precisamos de um país unido, a falar a uma só voz, a remar para um só lado, mas essa união não se pede, conquista-se. E isso, Passos Coelho não tem tentado fazer minimamente.
Depois das negociações falhadas com os socialistas, o líder do executivo não pára de pressionar o principal partido da oposição a entrar em acordo. Isto tem um objectivo, que é "trilhar" o PS. Seguro cometeria um tremendo erro, depois da declaração que fez, sentar-se a mesa num curto espaço de tempo e sem sinais de diferença de atitude do Governo.
Quanto à união nacional pedida, essa estará já fora do alcance deste primeiro-ministro. Não se pode aceitar que, de repente, toda uma nação se una em torno de uma pessoa que ao longo de dois anos, lhes mentiu em campanha, as tem desprezado, as tem massacrado, mas sobretudo, não as tem ouvido. Para agora, a dois anos de eleições (dado relevante) se pedir uma coisa destas, seria preciso que se tivessem esforçado, minimamente, em nos ter ouvido. O povo saiu para a rua como à muito não se via, tem pegado em exemplos dos tempos da revolução como a Grândola, e ainda assim, não tem quem realmente os represente, principalmente no exterior, onde vemos o PM estender a mão para obter o título de bom aluno. 

Pois bem caro primeiro-ministro, tendo em conta tudo isto e estes dois anos passados, recomendo que vá pedir união à chanceler Angela Merkle.

NOTA: o povo está unido, só não está é a apoiá-lo. 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Com o "novo ciclo"



Depois desta crise política, que nada de novo nos trouxe, senão 15 dias gastos em falsos alarmes de pânico nacional, existem leituras por entre as linhas que devemos fazer.

Ontem, tomaram posse os novos ministros deste Governo, Rui Machete, Pires de Lima e ainda Moreira da Silva. Santos Pereira foi despedido, Assunção Cristas e Mota Soares viram os seus ministérios alterados.

Vou começar precisamente por aqui, a alteração dos super ministérios. Passos Coelho, quando foi para o Governo, e passando uma ideia de que iria gastar pouco dinheiro, foi populista e cortou no número de ministros. Desde logo se viu que não era grande opção, e a prova foi a ausência de politicas de crescimento económico e criação de emprego e a inacção das pastas sociais.
A seguir à demissão de Vítor Gaspar, acho que este é o segundo grande sinal de reconhecimento de falhanço das opções feitas pelo executivo.

Continuando a analisar o comportamento e opções do nosso PM, podemos concluir que o líder do PSD foi inteligente na escolha em relação a Rui Machete. Com toda este confusão entre demissões, acordos e desacordos, já ganhou uns 20 dias em que não se discutiu o estado real dos portugueses. Com esta escolha, não só acalma os ânimos do partido em relação à perda de soberania económica, como também ganha mais tempo de fôlego, uma vez que o tema de conversa política será o curriculum vitae do histórico do PSD. Apesar de estar ligado à SLN, Machete está conotado como próximo de Ferreira Leite e Cavaco Silva, e este facto pode dar muito jeito ao PM. Tenho que reconhecer que aqui, Passos Coelho foi um estratega nato e consegue assim desviar as atenções. (Tal como Salazar usava o SL Benfica)

E já que estamos a falar em estratégias, Paulo Portas reaparece como especialista neste campo e, com uma decisão irrevogável, consegue a promoção da sua vida e melhor, alcança algo que o seu partido ambicionara à algum tempo, a pasta da economia.

Tendo em conta que são os dois grandes estrategas, que ambos querem o poder a todo o custo, e também o famoso ditado popular em que nos diz que os opostos se atraem, não me parece que este "casamento" vá correr lá muito bem... Mas para isso temos o Presidente da República não é verdade?

terça-feira, 23 de julho de 2013

Dois anos de Seguro



Faz hoje dois anos que o líder do PS foi eleito secretário geral do partido, desde então, muito se tem alterado no quotidiano dos portugueses.

Visto que o PS assinou também o memorando, é o líder da oposição e, sobretudo, um dos partidos com mais responsabilidades na vida política portuguesa, António José Seguro tem assim um papel de grande relevo e responsabilidade no nosso dia-a-dia.
Acredito que não tenha neste momento muitos motivos para festejar, os portugueses estão hoje pior, este fim de semana ficou estagnada uma crise política, o desemprego é elevado, as propostas tardam em dar resultados, a dívida dispara, o défice está incontrolável... enfim, tudo o que já sabemos.

Mas o que pretendo realçar é o que Seguro tem feito ao longo destes dois anos, e como sabem, nem sempre estou totalmente de acordo com as suas opções, mas temos todos de reconhecer, que soube gerir da melhor forma uma crise interna no PS, unindo o partido, tem apresentado propostas claras quer no parlamento como à Comissão Europeia, temos visto que promove o diálogo, não vira facilmente as costas aos problemas e assume as suas responsabilidades.
Muitas vezes acusado de não apresentar propostas e de não ser a alternativa que Portugal precisa, o antigo líder da JS tem mostrado saber dar a volta por cima e manter-se fiel aos seus princípios e ideias, isso viu-se este fim de semana.

Quero também destacar 3 artigos que, ao longo dos dois anos fui escrevendo sobre o secretário geral socialista:


No fundo, é isto que se pede a um líder, que una a organização, apresente soluções aos problemas envolventes e que seja coerente. Pode fazer a coisa mais errada do mundo, mas se acreditar verdadeiramente que é a melhor solução possível, e tiver um grupo de pessoas que acredite também na sua ideia, é um óptimo líder.

Parabéns por estes dois anos de liderança à frente do partido, que são presenteados com a liderança nas sondagens, e desejo sucesso no seu trabalho daqui em diante.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Afinal foi em vão...



Para a democracia, os partidos com acento parlamentar, nomeadamente os mais votados, não chegarem a acordo entre sim, nunca me parece louvável. No entanto, e na própria democracia, os partidos não representarem o povo, é ainda pior.

Depois de uma crise política desencadeada pela demissão de ministros, por aparentemente, má governação e fracasso da política adoptada, o Presidente da República tomou uma atitude que, pediu um acordo entre os partidos que assinaram o memorando de entendimento. Não avalizando assim o acordo entre PSD e CDS. Mas acontece que não houve acordo também com o PS por causa da política de austeridade que o Governo parece querer continuar a levar a cabo. Depois de se saber o desfecho das intensas negociações, o PR lamenta que não tenha havido acordo e dá luz verde a coligação até 2015.

Esta foi a história que fica para mais tarde recordar, mas daqui podemos retirar que, em primeiro lugar, o acordo entre PSD e CDS parece ser mais do mesmo, ou seja, continuação da austeridade.
Ficou também a ideia, que o Presidente com a sua proposta seria eventualmente trilhar o Partido Socialista a uma submissão das políticas do Governo, a ideia era o PS ir contra o que tem vindo a afirmar nos últimos tempos. Mas a verdade é que o líder da oposição não aceitou.
Com o desenrolar da história, constatámos que António José Seguro tem tentado ouvir os outros partidos e tem tentado chegar a acordo com aquilo que são as necessidades do país e dos portugueses. É isso mesmo que se pede a um líder político, que tente encontrar soluções.
Mas ficou patente que com austeridade e que sem eleições, o Partido do largo do Rato não compactua, tal como tem prometido o sucessor de Sócrates. Assinar um acordo, seria deixar cair tudo o que tem vindo a dizer e ir contra o sua ideologia. 
Outro ponto interessante, e que se está a ver nestes dias após o furor todo, o PS que ainda à uns meses estava dividido, hoje fala a uma só voz. É uma réstia de esperança a este Governo, que tem estado nos últimos meses divido, e pode ser que um dia, se una. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Reconhecimento do norte



Será D. Manuel Clemente um Pinto da Costa da religião?
Temos assistido a cada vez mais centralização no nosso país, que tem focado tudo o que tem na capital, e parece ter esquecido o resto do país, principalmente o norte. O norte tem sido, sem dúvida, a região mais afectada pela crise. Mas temos, no norte, algo que qualquer outra parte do país não tem, um povo solidário, coeso e frontal. Somos sem dúvida, um dos povos mais invejados do nosso país, somos trabalhadores e temos carisma. Somos acima de tudo, hospitaleiros.

Por outro lado, temos verificado que quem vai do norte para a capital, normalmente esquece as suas origens.
Por isto mesmo, não posso deixar passar a mensagem de tomada de posse do novo cardeal patriarca de Lisboa, que fez alusão ao povo do norte e ás suas características. Foi mesmo mais longe e disse que "deve-mo-nos inspirar no norte para sair da crise". 
Aconselho mesmo a que seja feito e pode mesmo realmente ser a saída desta crise, que é sobretudo, de valores...

Precisamos de mais personalidades como esta.

domingo, 7 de julho de 2013

O acordo deu nisto



Uma coisa parece ser certa, temos estabilidade política até as eleições europeias, ou seja, temos Governo até ao fim do mandato. Isto até poderia ser óptima, mas acontece que eu não olho apenas a metas, mas sim também e essencialmente a meios, e isto ser conseguido apenas com uma "clausula" que encarece o eventual divórcio, não me parece lá muito democrático.
Já que falo em meios, o acordo até pode ser bom para a coligação, logo, para o país, mas a forma como foi conseguido por Paulo Portas, não me parece a ideal. Mas a verdade é que a partir de agora temos um Governo em versão 2.0. (poder ser melhor ou ainda pior)

Não entendo, como o PR aceita esta retirada de soberania ao povo e, legitima um Governo nestas condições, claramente contra a vontade do povo.

Como português, não me sinto protegido por este executivo.

Mas uma coisa que é muito interessante, é ver Paulo Portas agora a coordenar a economia, finanças e a relação com a troika. Isto significa que passa a ser não vice primeiro-ministro mas sim quem realmente manda. Passos Coelho passa assim a ser um fantoche.

Portas a partir de agora, para mim, não é governante mas sim estratega. Conseguiu o que queria, vamos ver o resultado.

NOTA: Esta imagem diz tudo, Paulo Portas a sorrir e Passos Coelho a vergar a cabeça. Melhor imagem era impossível

sábado, 6 de julho de 2013

Antes do acordo



Estamos a 25 minutos da declaração, que os líderes do PSD e CDS vão fazer ao país para dar a conhecer o acordo assinado entre ambos, mas até lá, as ideias que ficam:

1. Paulo Portas consegue revogar o que é irrevogável, sai e entre do Governo como jogo de poder. Ganha notoriedade e perde, pelo menos a minha, consideração que restava.

2. Acabou por mostrar medo dos delegados ao congresso do partido que lidera, e decidiu adiar a realização do congresso para ter a certeza que não é enxovalhado. 

3. Afinal os esforços que o povo está a fazer, podem muito bem ir por água abaixo e cada vez temos menos credibilidade. Continuamos, como sempre, dependentes dos mercados e fazemos o que eles querem. A democracia assim está em risco e pode estar em causa por aqueles que nos governam. 

4. Passos Coelho anda ali por andar, faz no fundo, o que os outros querem que faça. Tudo para ficar agarrado ao lugar com que sempre sonhou.

Mas agora, quanto ao acordo e sem saber o que ele contem escrito, pode até não ser mau. Pode ser óptimo  como pode ser péssimo, a ver vamos o que diz e como é executado. Recordo que à não muito tempo, o PS também viveu uma grave crise interna, tal como a coligação, e através de um acordo, hoje está unido e fala a uma só voz, foi bom e está a dar resultados. Se o mesmo se passar entre o PSD e o CDS, e for realmente em prol do emprego e crescimento económico, até sou capaz de tentar perceber toda a palhaçada que aconteceu ao longo da semana. Mas se o sumo de tudo isto, foi passar Portas a vice-primeiro-ministro e arranjar mais dois cargos para boys dos partidos, repudio totalmente o que tem acontecido.

Na sua demissão, Portas dizia que não concordava com as políticas seguidas nem como o PM tem governada. Ao passar agora a vice, pode muito bem forçar a demissão de Passos e passa assim automaticamente a PM. Uma coisa é certa, conseguiu a remodelação que queria, tem mais notoriedade e sobretudo, teve as atenções voltadas para ele e mostrou, a sua importância num Governo frágil.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Só a remodelação existe?



Haviam no início da coligação, uma mão cheia de pastas e cargos importantes, mas a serem divididos por dois partidos.
Primeiro-Ministro, Ministro da Finanças, Ministro da Economia, Negócios Estrangeiros e também de Estado. Por nomes, Passos Coelho, Vítor Gaspar, Álvaro Pereira, Paulo Portas e Miguel Relvas.
Destes 5 nomes, dois já se demitiram, outro está em processo de demissão ou promoção, ainda não se percebeu bem, outro (Passos)tem sido muito contestado para sair e ainda o Álvaro, que nunca se viu nada do trabalho dele!
Um Governo que faz tudo, menos governar.

Paulo Portas à muito que tem pedido uma remodelação governamental, mas acontece que foi havendo remodelações mas não ao seu jeito, logo, demitiu-se e disse que era irrevogável.
Hoje, a comunicação social já fala que está em cima das negociações a hipótese de Portas ficar com um cargo mais relevante ainda.

Não andaram a brincar com os portugueses? Não andam a fazer joguinhos de poder? E todos os sacrifícios pedidos até agora estão assim a ser deitados por água abaixo? Não era assim tão importante os juros? O mercado? Então? São estes os únicos problemas do país? Já não há desemprego? Dívida? Défice? Alguma coisa está muito mal no meio disto tudo e os eleitores não têm culpa de certeza e vão ser quem vai ficar a perder... like always.

O morador de Belém



Não deve ser a pólvora, mas acho que acabei de descobrir o porquê de Cavaco Silva estar quieto.

A bem verdade, Cavaco Silva não tem andado muito para, ele tem, ao que parece, feito um bom trabalho de bastidores. Mas isso, é para os leigos, para quem não percebe o que realmente está em jogo, os mecanismos que existem, isto é, para o Zé Povinho.
Mas para isso é que existe informação, os media, os bloggers,  aqueles que querem opinar sobre os temas. As suas funções, assim como a minha neste momento é dar a minha opinião e explicá-la, e não apenas criticar os outros.

Mas a verdade é que, desde que Cavaco Silva chegou a Belém tem como intuito apenas tratar da sua imagem para a opinião pública e também levar a colo um Governo com a sua "cor", ou seja, PSD. Muitas vezes concordo com o nosso Presidente da República, diga-se. Na questão de promover o diálogo, na coesão, na estabilidade, nos limites dos sacrifícios, na aposta na agricultura, enfim, em muitas coisas até. Mas acontece que, eu sou um mero cidadão, não tenho poder de acção, a única forma de fazer política que tenho ao dispor é aqui neste blog, agora, o PR não, ele é "só" o chefe de Estado ok? Sr. Aníbal, tem noção disso?
O dever do PR é cumprir e fazer cumprir a constituição. Com este Governo, temos visto que se tem esquecido desta função (OE de 2012 e 2013). Outra função é ser "árbitro" da cena política, até agora em 2 anos, várias greves e muito pouco consenso. Organizar conselhos de Estado para discutir como fazer as coisas e obter a opinião de "especialistas" sobre assuntos actuais, mas o senhor que nunca se engana e que raramente tem dúvidas, fez à pouco um conselho para falar do pós-troika, esquecendo o presente. Enfim, alguns erros colossais.

Ou seja, temos um PR que não o é! Está apenas a cuidar da sua imagem e terminar bem a sua vida política, justificando assim as maiorias absolutas que conquistou.
Agora, a quase pólvora de que dei conta, é que o PR não se pode recandidatar, pode ser esta a justificação da sua inacção.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Coligação a meio gás



A verdade é que, a coligação não era Paulo Portas e Passos Coelho, mas sim CDS e PSD.
E o que aconteceu nas últimas 48h ao Governo, não foi mais do que um Ministro das Finanças que se demitiu por não resultar a sua receita (obrigado por admitir e fazer a mala), uma péssima escolha para substituir Vítor Gaspar, e o Ministro de Estado e Negócios Estrangeiros, Paulo Portas não concordar com as escolhas do PM e das políticas adoptadas e demitiu-se também.
Paulo Portas usou ao longo destes dois anos, o benefício de ser ministro e líder partidário em simultâneo, em sucessivos momentos, a assinar por baixo e deixar passar medidas imperdoaveis, em nome da instabilidade e ao mesmo tempo, criticar essas mesmas medidas.
Agora é uma vez mais disso mesmo, como ministro demitiu-se, mas como líder partidário, irá ver como fica a coligação com a sua ausência.

O que me quer parecer é que, neste momento, deve estar algo arrependido de alguma coisa. Ou de ter outrora passado medidas que claramente não concordava, ou de ter rompido agora com essa estabilidade, por causa dos mercados, que vinha sendo o seu escudo de protecção. É que agora, e uma vez que são papéis distintos, a coligação vai existindo na mesma (Pedro Mota Soares e Assunção Cristas), e os mercados reagiram muito mal à notícia.

Ficarei muito contente se os dois partidos se souberem comportar democraticamente, e ficarei muito triste, se todos os sacrifícios que foram pedidos não terem porto qualquer (bom ou mau), por culpa do que está a acontecer. Espero que o PM não se esconda atrás desta crise política, para justificar a sua péssima governação, que está a liderar.
Mais contente ainda ficarei se houver uma mudança de rumo. é que não me está a parecer que vamos sair bem deste caminho que está a ser seguido.

Já agora, mora alguém em Belém? Daria jeito que pusesse fim a este delírio!

Já somos 28



O projecto europeu está claramente melindrado com a actual crise. Esta, fez o velho continente se dividir em países ricos e países pobres, em norte e sul, entre apoiantes de Merkle, e quem contra ela está. Fez-nos caminhar para um fim anunciado.

Eu sou um europeísta, acho que devemos abraçar este projecto com tudo o que temos, e fazer por ele o que pudermos. Até porque acho que isto nos tem salvado imenso. Mas são claras as suas fragilidades. Entre elas, a admissão de países que não estão minimamente preparados e que só se enganam a eles próprios ao entrarem na união e fragilizam a própria. Portugal foi um desses casos.
Para compreendermos isto, basta ver o nosso défice e a nossa dívida, que estão muito longe dos 3 e 60 por cento respectivamente inscritos nos "requisitos".

Muito são os que contestam a UE no seu todo, e outros tantos os que defendem a saída. Ou seja, os que desvalorizam o projecto.
Mas é muito bom ver países, que em plena crise, querem fazer parte da família, é o caso da Croácia, que desde ontem, é o 28º estado-membro.

Para todos aqueles que ainda criticam a integração europeia, fica aqui o exemplo de um país, que não fazia parte, e que mesmo vendo tudo isto acontecer, este hipotético desmoronamento, querem fazer parte. Somos cada vez mais, e com a ajuda de todos, com a entrega de todos, seremos cada vez mais fortes.

No entanto, a Croácia tem uma taxa de desemprego demasiado elevada, superior à portuguesa, ou seja, está perante uma fragilidade que não convém à própria união, mas mesmo assim a UE expõe-se. Não me parece estrategicamente inteligente.

Depois da crise financeira passar, iremos-nos erguer como um só e falar a uma só voz. Este é o meu desejo e... sê bem-vinda Croácia.

O fim da incompatibilidade



Outrora, num outro artigo, defendi que Paulo Portas tinha perdido a sua oportunidade de se demitir do Governo, mas agora, depois de ler a sua carta de demissão, dou o braço a torcer e concordo com a sua demissão. Este Governo conseguiu criar mais discórdia entre os seus líderes de coligação.

Paulo Portas discorda à muito com a política financeira deste Governo, à muito que tem assumido publicamente, e a escolha desta ministra foi a gota de água. Segundo o líder do CDS, o que o levou a demitir-se foi o facto de o PM não o ter tido em conta, na sua decisão de escolher Maria Luís Albuquerque para esta pasta tão importante. Invoca na sua carta de demissão, o facto de não ir contra os seus princípios. Louvo esta atitude!

No entanto, neste momento, como em qualquer outro, uma crise política não é conveniente. Estamos a meses de reentrar nos mercados. Estamos sob assistência financeira externa. Estamos com desemprego elevadíssimo, défice elevado e uma dívida impagável. Estamos também a meio deste mandato legislativo.

Contudo, não se deve, tal como já com Gaspar, manter ministros a governar contra a sua vontade.
Esta situação leva-nos a ingovernabilidade  tal como em 2009 quando Sócrates ganhou as eleições e governou em minoria. Hoje, poderá ter consequências bastante mais graves para as gerações vindouras.

O que deve, com tudo isto, Cavaco Silva fazer? Ainda faltam 2 anos de mandato ao PSD, que pode governar sozinho ou procurar outra coligação. 
A meu ver, e tal como já referi, um Governo de salvação nacional ou de iniciativa presidencial, ou então, chamar os portugueses ás urnas. É óbvio que Passos Coelho  não tem mais legitimidade para governar, e como tal, o PR tem de agir como chefe de Estado que é.

Neste momento, o PS tem um papel fundamental na política nacional, tal como sempre o tem, mas hoje, como líder da oposição, tem de demonstrar responsabilidade e que está preparado para ajudar os portugueses e Portugal a superar esta crise, seja qual for o caminho seguido.

Para finalizar, e sem ironia, dou uma vez mais os parabéns ao PM pelo seu sentido de Estado, em que afirma que irá levar a sua avante até ao fim. Só demonstra que está a fazer o melhor que sabe e que está convicto de que isto é o melhor para Portugal. Pena ser apenas ele e o morador de Belém que acreditam nisto, mas um dia mudará. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Uma saída tardia e anunciada



Acabei de ler a carta de demissão de Vítor Gaspar ao actual PM e fico com algumas sensações primárias, como é a minha impressão de que sai com o dever cumprido e de que estava literalmente farto. Vítor Gaspar era sem dúvida muito respeitado no exterior, é sem dúvida um grande académico e nota-se nele e nas suas políticas, afastamento de toda a cena política que um ministro geralmente está inserido. No entanto, cometeu graves erros e que irão custar caro. Por outro lado, teve sentido de Estado diversas vezes e acima de tudo, soube reconhecer o erro que cometeu. Prestou um serviço a comunidade e quero acreditar que fez o melhor que sabia.

Na carta, e já era público, o ainda ministro das finanças deu conta das suas intenções anteriores de demissão. Desde Outubro do ano passado até hoje, foram 3, e à terceira vez foi de vez. Aconselho a todos a leitura da carta. Mas com todos os avisos, Pedro Passos Coelho não deveria ter-se preparado para uma substituição um pouco mais inteligente? Este Governo não tem mesmo rumo nenhum e nota-se falta de preparação.

Para melhor perceber o funcionamento deste Governo e a vontade com que nele se trabalha, vemos o MF demitir-se e dizer que é preciso coesão no executivo, confiança para actuar e melhor ainda, termina com uma pequena lição de liderança dirigida ao PM.

A ministra escolhida, é alguém que está nitidamente mal vista pela sociedade e apenas denota duas coisas, que este Governo apenas pode contar com quem está "lá dentro" e que poucos são os que querem dar a cara pelos cargos de grande responsabilidade. Basicamente, vira o disco e toca o mesmo.

Ainda de notar que Cavaco Silva deu o seu aval a esta escolha, mas pior ainda, permitiu que durante 8 meses, tivéssemos um ministro com vontade de sair! Sim, porque não me esqueço daquela noite que Gaspar e Passos Coelho foram a Belém.

Em suma, Paulo Portas conseguiu fazer com que Vítor Gaspar saísse do executivo e passa assim a ser visto como número dois. E nitidamente, Passos Coelho está cada vez mais só, num caminho que não tem rumo, e que a todos nos prejudicará.