quarta-feira, 27 de junho de 2012

Deputado Ricardo Rodrigues



À muito que venho a pensar escrever algo sobre o assunto, pelo facto ocorrido hoje, penso ser o momento certo!
Em 2010, Ricardo Rodrigues, deputado do PS eleito pelos Açores, numa entrevista à revista Sábado, perante uma pergunta acerca do seu envolvimento ou não num caso de pedofilia, levantou-se e levou consigo o gravador das jornalistas. Tornou-se logo público uma vez que existem gravações video da triste cena!
Como democrata que sou, não fiquei contente com o que vi!
Como socialista que sou, muito menos!
Agora, o que me surpreendeu ainda mais, foi o facto de ninguém dirigente do PS ter feito nada, isto é, no mínimo, fazer com que este deputado não exercesse mais funções de tal importância como é ser deputado (para os mais desatentos, são estes quem representam o povo, e pelo povo são eleitos).
Hoje, o próprio deputado pediu suspensão do cargo por o caso vir a ser investigado e julgado.
Da mesma forma que digo que o Pepe devia ter sido irradiado do futebol devido ao pontapé dado a um jogador, digo que este deputado deveria ter sido afastado do cargo que ocupava!
Acredito que possa estar arrependido e que tenha sido um acto "irreflectido", mas sempre me ensinaram que todos os actos têm uma consequência.
Nesta medida, para bem da democracia, da liberdade de expressão, espero que este deputado seja impedido de voltar a exercer estas mesmas funções! Quanto ao PS, fica mal na fotografia, espero que no futuro, a acontecer algo do género, seja o próprio a tomar decisões e não creio que fique a perder, pois muita gente de valor existe nesta organização e com competências para cargos responsáveis como o de deputado!

http://www.ionline.pt/portugal/ricardo-rodrigues-pede-suspensao-das-suas-funcoes-na-direccao-grupo-parlamentar-ps
http://www.youtube.com/watch?v=K_CylnffuTA

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Resgate ao sistema bancário espanhol

O que para alguns parece ser um resgate, para outros é apenas uma linha de crédito.
Trata-se claro, e isso é certo, do dinheiro que foi acordado na última ecofin ir parar ao sistema bancário espanhol. As opiniões dividem-se, à quem ache que é o início do resgate, e que é já um resgate à própria Espanha, mas à também quem se fique pela ideia de que é só para o sistema bancário. 
Todas estas duvidas prendem-se pelo facto de os detalhes, a esta hora, serem ainda desconhecidos, pelo que tem vindo a suscitar bastantes vozes discordantes por toda a Europa. Sabe-se para já, que é dinheiro apenas europeu, o FMI nada tem a ver com este memorando, e que não serão impostas medidas de austeridade a nível nacional por causa deste mesmo empréstimo e que não haverá um Governo superior ao nacional, isto é, não haverá uma troika. 
O que à primeira vista cria uma ideia de dois pesos e duas medidas. Pois países como Portugal, Irlanda e Grécia que já tiveram de recorrer a ajuda externa, têm vindo a implementar medidas de austeridade para controlar as contas públicas, e quem sai sempre prejudicado, pelo menos até à data, nos países que referi assim tem sido, é o cidadão mais comum, aquele que trabalha, ou melhor, que trabalhava. É por isso, de extrema importância conhecer os contornos desta ajuda acordada este mesmo fim de semana.
Por outro lado, uma outra ideia que cria é a de que os principais lideres europeus, e nomeadamente quem "desenha" estes memorandos, deve ter entendido, por cobaias como os países que estavam já sob financiamento externo, que medidas de austeridade por si só não ajuda a resolver os problemas, ou melhor, só os agrava, pois vejamos Portugal, pediu dinheiro supostamente para resolver uma crise, mas está a criar outra da qual não parece ter fim à vista, que é a da subida do desemprego e do recuo da produção e consequentemente da economia, e agora vê-se nesta posição, e a dever ainda mais dinheiro. Isto claro, para não falar na Grécia e já teve de adicionar mais pacotes de ajuda sob o primeiro. Dado isto, parece-me ser claro que depois de Hollande vencer, os conceitos crescimento económico e emprego entraram na rotina de quem decide politicamente. No entanto, o que este acordo parece ser (ainda não se sabe ao certo), é uma ajuda à banca para que esta possa fazer circular o dinheiro para apoiar as empresas e as familias, e não austeridade até agora conhecida, que só serviu para fazer com que a banca deixasse de fazer circular o dinheiro e consequentemente, criar falta de fundos a quem tem encargos ou para quem quer empreender...
Acho, como já referi, fulcral que se conheçam os parâmetros do acordo espanhol, até por uma questão de transparência, mas também, para saber qual o caminho que podemos adoptar numa renegociação do nosso próprio acordo!
É portanto com muito gosto, que como europeu que sou, e como português, vizinho de Espanha, que vejo uma nova política ser incrementada, no país para o qual saem a maior parte das exportações nacionais, com a qual me identifico. 
NOTA: É importante realçar que os conteúdos do acordo são desconhecidos  a esta altura. O que acabou de ser escrito, é a partir dos pressupostos referidos!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Um ano sem Sócrates

Uma ano após as eleições que derrotaram o PS de José Sócrates, não creio que viva num país em melhor estado, pelo contrário.

Durante este ano, senti o aumento da taxa moderadora quando tive de recorrer ao hospital, o aumento do IVA quando vou ao supermercado, vou sentir o aumento da propina no próximo ano lectivo, sinto bastante dificuldade em encontrar um part-time. Sinto principalmente que vivo num país em que as pessoas já não depositam esperanças. Em que se está a tornar um país de segundo ou mesmo de terceiro mundo, onde vemos loucura total com um dia de descontos num supermercado, onde a expectativa de trabalhar é nula, onde nunca se sabe se no dia seguinte, quem ainda trabalha, irá de facto trabalhar ou por sua vez deslocar-se para as filas extensas do centro de emprego, todos os dias, dezenas de casas são entregues ao banco pelas famílias. Foram inúmeros os dias em que comprei o jornal e a manchete era aumentos na despesa das famílias, como na luz e gás natural. Os funcionários públicos tiveram cortes salariais, corte no subsidio de férias e do 13º mês. Poderia continuar o resto do dia a relatar acções deste Governo que têm contribuído para a desmoralização das pessoas, mas não o vou fazer.

Até porque o meu objectivo com este texto, não é reflectir aquilo que tem vindo a ser feito por este executivo, mas sim, dizer o que para mim era o anterior primeiro-ministro.

José Sócrates era primeiro-ministro quando eu comecei a ver as noticias com olhos de ver, quando me comecei a interessar pelo que me rodeia, pela política.

O que me lembro deste primeiro-ministro é a postura que este adoptava! Mesmo em tempos difíceis, nunca desvalorizou o seu país, acreditou sempre no seu povo. O meu secundário foi feito na área de economia, e analisei os primeiros anos de governação e pude averiguar que seguia-mos o caminho de crescimento. Criação de emprego fazia parte da agenda política. Mas o que é de facto de realçar, a meu ver, era a visão futurista daquele que foi para mim, dos melhores políticos que Portugal teve até hoje. A aposta nas novas tecnologias, nas energias renováveis, programas como o simplex, a aposta no ensino superior e na inovação, na ciência, todas estas áreas, entre outras, foram o foco dos anteriores Governos.

Durante o meu ensino básico, tive a oportunidade de frequentar aulas de TIC (tecnologias de informação e comunicação). Durante o ensino básico e também secundário, estavam disponíveis aulas de apoio aos alunos que delas necessitassem. Já no secundário, adquiri este computador através do programa e-escola. Ao mesmo tempo, as crianças tinham escola a tempo inteiro, deixando de ser assim um encargo para os pais até à hora de saída do emprego, adquiriram também elas computadores através do programa e-escolinha, os famosos e exportados Magalhães.

Hoje, estudo na Universidade do Minho, em Braga, e todos os dias passo pelo centro de nanotecnologia, algo que seria impensável em 2005. O que demonstra que Portugal estava na linha da frente em tecnologia e inovação.

Lembro-me de nos noticiários se falar em exportações e em crescimento económico, mais, a sua última acção enquanto primeiro-ministro foi a apresentação de um PEC, a quarta versão. Para quem não sabe, estas iniciais significam Programa de Estabilidade e Crescimento. Enquanto José Sócrates foi primeiro-ministro, não tinha ouvido falar em austeridade, hoje, é ordem do dia!

Porém, não se fique a pensar com isto que era um mar de rosas. Portugal não escapou à crise mundial que despoletou em 2008 e principalmente a partir de 2010, as coisas foram realmente difíceis e de alguma contenção.

E como se costuma dizer, o melhor fica para o fim. E o melhor neste caso, é a meu ver a postura que adoptava, a sua retórica, a forma como se dirigia ao povo. Era para mim uma lição de como estar e falar num púlpito ver e ouvir um discurso de José Sócrates. Quando sabia que este iria debater, era certo que iria ver televisão, um verdadeiro "animal feroz".

Para finalizar, e tem que ver com este último ponto de que falei, a sua retórica, acabei de rever aquele que para mim foi dos melhores discursos políticos que tenho memoria. A postura a adoptar num momento de derrota num país democrático. O discurso efectuado na noite da derrota das eleições legislativas a 05-06-2011. Num momento de despedida de um cargo, que se ocupou durante 6 anos, com o melhor que sabia fazer. Disso, eu não tenho dúvida alguma!