quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Ai Costa, a vida Costa

Ao longo dos últimos meses, mais precisamente, desde maio do ano passado, muitas expectativas têm sido depositadas no atual líder do PS, António Costa.

Desde aquela noite em que o Partido Socialista venceu as eleições europeias, e que souberam a derrota, por ter sido com uma vantagem tangencial, e consequentemente a disponibilidade demonstrada pelo Presidente de Câmara, que as expectativas de uma revolução no partido se estenderiam até uma grande vitória (leia-se maioria absoluta).

Ora, todos sabem que eu o apoiei, e que continuo a achar que valeu a pena, pelo menos Costa tem mais carisma e liderança que Seguro, requisitos essenciais para a liderança de um partido.
Acontece que, até agora, ainda não vimos nada de extraordinário de António Costa. E custa-me dizê-lo! Pois acredito que ele dará um excelente Primeiro-Ministro. Mas para tal, terá de apresentar ideias e propostas, concretas, e não apenas linhas condutoras superficiais.

O líder do PS prometeu para a primavera, um documento com propostas, uma agenda para a década, baseado num estudo macroeconómico que está a ser levado a cabo. O que eu admiro, sinceramente. Pelos vistos estamos perante alguém que se quer sentir preparado e que quando falar, diga algo a sério, realista. Porém, o tempo passa. 

Os meses vão passando e com isso temos 2 cenários:

1. A expectativa cresce, e o grau de exigência para que surja um documento com políticas muito diferenciadoras também;

2. O entusiasmo vai-se desmoronando, dando lugar a uma interrogação óbvia: mas afinal, o que queria ele?

Por outro lado, podemos ainda olhar para a atuação de Costa com o caso da Grécia, onde um nítido compasso de espera por resultados em concreto dominam a sua ação. E agora, que a Grécia viu-se obrigada a recuar, ainda bem que assim está a fazer.
Não nos podemos ainda esquecer que, as pessoas se vão esquecendo, e que os entusiasmos vêm e vão, tal qual como aconteceu com as primárias, aqueles 2/3 meses pareceram uma eternidade, e ainda assim, a vitória do atual líder contou com 70% dos votos.

Resumindo e concluindo, percebo a estratégia de António Costa em querer não se comprometer muito com o que não sabe no que vai dar (Grécia, politicas nacionais, ...), no entanto, o silêncio não é solução.
Se António Costa quer realmente vencer com maioria absoluta, terá de apresentar um programa que surpreenda pela positiva e que seja o verdadeiro mote de partida, caso contrário, talvez por um voto perca as eleições.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

4 temas e um elogio, sincero, ao Governo!

Hoje na ordem do dia, estão os óscares e o caso Sócrates.
Podemos ainda procurar umas pistas sobre a possibilidade de candidatura de Manuela Ferreira Leite a Belém e claro, sobre a Grécia.

Pois bem, se são seguidores do PNP, e me conhecerem, saberão que de cinema percebo pouco, logo não opino e sobre justiça e casos a serem julgados, muito menos. Os dois primeiros temas estão de parte. Sobre as presidenciais e a Grécia.. bem, tenho escrito sucessivamente, e hoje trarei duas ou três notas sobre ambos. Mas o que vou esmiuçar um bocado é sobre o novo quadro comunitário. Um tema que nem todos estão por dentro, mas que não vou explicar aqui a parte teórica, isso aconselho este site, da empresa onde trabalho, que tem bastante e boa informação sobre a parte técnica, mas vou elogiar o Governo sobre a sua condução dos fundos comunitários.

O acordo que foi estabelecido entre a Zona Euro e a Grécia, que ainda bem que foi conseguido, coloca a nú aquilo que toda a gente sabe que existe, vive isso todos os dias, mas como é com os outros tende a criticar. Ora, se numa organização de 19 membros, com interesses económicos, políticos e sociais completamente distintos, com necessidades e realidades diferentes, é óbvio que as posições adotadas sejam também elas diferentes. E alguém tinha de estar a apoiar e estar contra as propostas gregas. Agora, a mim entristece-me, e não concordo, é que o meu país tenha estado ao lado da Alemanha, quem mais tem tirado proveito da fraqueza dos outros, nomeadamente contra um país que está a ter sérios problemas económicos e políticos nos últimos anos, traduzindo-se numa grave situação social. Mas a verdade seja dita, eu não votei em nenhum dos partidos que nos representa, é natural que não me identifique!

Quanto a Manuela Ferreira Leite ser potencial candidata a Belém, revela que a direita, com mais esta potencial candidatura, coloca-se à frente da esquerda, no que toca a número de candidatos. De Marcelo a Santana, com Ferreira Leite e Durão, a direita apresenta-se com 4 fortes potenciais candidatos. Por outro lado, a esquerda parece impreparada e sem grandes soluções, o que não é verdade porque Guterres ainda é potencial candidato, passando por Vitorino, Sampaio da Nóvoa como principais figuras. Mas é como tenho defendido, ainda faltam cerca de 10 meses, e o mais importante, ainda faltam uma legislativas. A mim, o que me dá verdadeiramente a entender, é que estamos perante falta de propostas concretas para discutir, e andamos a jogar ao jogo das cadeiras. Veremos quem são os candidatos efetivos.

Por fim, o último tema que abordarei neste já longo artigo, o Portugal 2020... e porque nem tudo o que este Governo faz é mau.
Este novo quadro comunitário está voltado e desenhado com uma filosofia pela qual me identifico, direcionada para os resultados e em que se beneficia quem os supera, e não apenas os atinge. 
Um outro aspeto relevante, é que as zonas do norte, centro e alentejo irão ter acesso a grande parte dos fundos, e isso é positivo uma vez que são consideradas zonas desfavorecidas pelo seu baixo PIB. 
Em resumo, se fosse eu a desenhar o novo quadro, ou se fosse o PS a estar no poder, gostaria que o resultado fosse este, ou muito parecido. É uma boa lógica de funcionamento, um novo paradigma, ao qual Portugal se terá de adaptar.
Resta saber se na prática, as suposições se verificam.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Juncker começa bem

O título apenas pode não corresponder totalmente à verdade, por causa daquele escândalo que veio a público quando Juncker tinha acabado de ser eleito Presidente da Comissão Europeia. Se não se lembram, era por causa de favorecimento às empresas a nível fiscal, fazendo com que essas empresas não contribuíssem para os respetivos países. Isto, quando ainda era Primeiro-Ministro luxemburguês...

No entanto, fez uma comissão em tempo recorde, o que não é fácil, ainda criou um fundo que ronda os 300 mil milhões e agora colocou a mão na consciência... e já não está em eleições.

De facto, o braço de ferro entre Grécia e Eurogrupo tem tomado conta de todas as atenções.
E não é só a discussão ideológica que tem sido tema de conversa, mas o facto de A estar de um lado, B do outro, e assim sucessivamente.

Ora, em Portugal, já tivemos o nosso chefe de Estado a dizer que existe muito dinheiro dos contribuintes portugueses na Grécia, o que vende facilmente uma perigosa ideia de anti-europeísmo nacional.
Depois, a comunicação social internacional afirma que Portugal, pela mão do Governo, tem sido o mais anti-Grécia do Eurogrupo. Aqui, só vejo o egoísmo como resposta, uma vez que Portugal conseguiu terminar com sucesso o programa e a Grécia está a ter dificuldades, e o nosso Governo parece querer cobrar isso. O único senão, é que os portugueses não terminaram com grande sucesso esta caminhada longínqua de 3 anos.
Agora, também um membro do Governo vem contradizer Juncker, dizendo que a nossa dignidade não foi beliscada. Enfim, lá de cima não se vê, talvez, mas cá em baixo, não está fácil...

O que aconteceu foi que Juncker está a começar bem, e já não chegava querer rompres a postura de austeridade que até agora foi seguida, e injetar mais de 300 mil milhões, como agora afirmou que a Troika não tem legitimidade democrática!
E está certíssimo... Os eleitores votam, mas não é num grupo de representantes de 3 instituições que servem para emprestar dinheiro, mas que cobram muito por isso, e se não bastasse, ainda nos exigem políticas. E é aqui que reside o problema. Recorrer ao crédito, é até natural porque a nossa demografia não ajuda, a máquina do Estado é realmente pesada, a produtividade não e das melhores, enfim, muito argumentos poderíamos elencar para recorrer ao crédito. O que é realmente grave é que nestes empréstimos, o que se passa não é uma mera compra de dinheiro que depois é devolvida, mas antes uma venda de soberania.
Ora, se os eleitores votam num partido por causa de um programa, um líder, uma visão, enfim, seja pelo que for, não é para depois serem Governados por entidades externas vindas do nada, só porque têm dinheiro, o dinheiro, não deveria comprar tudo... nomeadamente a soberania de um país, a legitimidade democrática, e muito menos, a vida das pessoas.

O meu desejo é que hajam muitos Junckers por aí, nos corredores do poder!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ética jornalística e interesses comerciais

É exemplos de ética jornalística como este que precisamos em Portugal! Sugiro até que, casos como este, se tornem case study nas universidades onde se lecionam cursos ligados à comunicação e jornalismo.

Ao que parece, Peter Oborne, desconhecido para mim até hoje, exemplo de ética de ora em diante, demitiu-se do jornal Telegraph, onde ocupava uma prestigiante e confortável posição em prol da qualidade dos artigos e informação que passavam aos seus leitores. Mas vamos por partes...

Não vou aqui dissecar sobre o caso que está em causa, que se relaciona com o Swiss Leaks e o HSBC, é um caso que a meu de ver, deverá ser julgado em sede própria. Não posso também, criticar que os jornalistas portugueses façam o tipo de jornalismo a que nos têm habituado, nomeadamente julgamentos em plena praça pública e com informações que não correspondem à verdade, e por outro lado, enaltecer se o mesmo acontecer noutros países. Isso não o vou fazer. Mas também, ninguém falou em informações falsas nem artigos repugnantes, tratava-se, aparentemente, de conteúdo de qualidade, como se tem vindo a provar nos últimos dias.

Peter Oborne era o mais importante comentador político deste jornal, tinha a sua equipa de trabalho, que estavam, já à bastante tempo, a investigar o caso que agora se tornou polémico do HSBC e dos paraísos fiscais. Acontece que, esta mesma entidade, é uma importante patrocinadora do jornal, o que criava aqui um mau estar indiscutível. Até aqui, todos reconhecemos, agora, o que não deveria ser normal, é que os próprios administradores do jornal prefiram o patrocínio à qualidade dos artigos. Censurando-os e tentando publicar o menos possível sobre o assunto.
Assim, revelou um dos motivos que o levou a demitir, como outros em que por exemplo o objetivo deixou de ser informar, mas sim conquistar cliques (visualizações) no site, mesmo que fosse por via do populismo.

Se muitos outros jornalistas fizessem o que Oborne fez, talvez as administrações dos jornais pensariam de outra forma. Para além de que, o populismo apenas poderá trazer lucros a curto prazo, mas vai degradando de forma irreversível, até que a qualidade não leva ninguém a fazer os tais cliques. Foi também isso mesmo que Peter Oborne explicou neste artigo, que recomendo a todos os estudantes de ciências da comunicação.

Para que fique claro o que eu penso e a comparação feita anteriormente, em Portugal, o problema reside em fugas de informação da justiça, jornalismo puramente sensacionalista e manchetes e títulos garrafais que atraiam, onde as "letras pequeninas" não correspondem à verdade, e muitas vezes, não dizem nada.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Política, economia e fome... tudo relacionado.

Por estes dias, entre as notícias e imagens que nos chegam do outro lado do atlântico, do Carnaval do Brasil, e também por entre a estreia (e consequente histerismo) do 50 sombras de Grey, o contínuo noticioso grego e ainda a roleta russa de nomes para as presidenciais de daqui a 11 meses, comecei a ler o livro "O Capital no sec. XXI", de Thomas Piketty.

Esta obra, que ao que parece vai fazer parte do meu dia-a-dia das próximas semanas, fala-nos de uma das grandes questões que a mim me toca muito, e impulsiona o meu gosto pela política, é a temática da distribuição dos rendimentos e as consequências dos desequilíbrios que a acumulação de capital por parte de poucos, em detrimento de tantos, numa sociedade, que se quer democrática e justa. 

Mas será que se quer assim tanto?

Esta será uma questão que espero ver respondida no livro. Não sendo uma questão pessoal, porque eu defendo a igual repartição de rendimentos, admito que seja uma questão pertinente tendo em vista as políticas que os principais agentes tomam. Ao longo dos últimos anos, e na verdade, desde sempre, temos 2 classes apenas, as que mandam e as que são mandadas, os que possuem e os que servem. E esta relação será sempre assim, se não fizermos nada para alterar o rumo da história. Sim, porque temos esse poder!

Não vou aqui dissecar sobre o livro que não li, mas antes revelar o que tenho na estante por ler, e que o tenciono fazer este ano. Os livros em que me mergulharei, serão muito em volta desta temática das desigualdades, da distribuição da riqueza e de como melhorar o mundo em que habitamos. Tendo sempre por base a máxima que me foi ensinada, quando ainda era criança, de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrei. Para destacar apenas 3, para além do livro que acima referi, tenho na estante a aguardar o "Porque Falham as Nações" de Daron Acemoglu e James A. Robinson, "O Preço da Desigualdade" de Joseph E. Stiglitz e ainda "Os Milhões da Pobreza" de Paul Collier.

Neste ano que, como já vimos, politicamente será bastante agitado, estas serão outras formas de ver o mundo que irei trazer para este espaço de opinião.

Para terminar, e porque em certa medida está relacionado, este artigo surge no seguimento de Ibrahimovic ter conseguido a proeza de alertar o mundo para o facto de existirem, hoje, 805 milhões de pessoas com fome. É algo que deve mexer com cada um de nós, onde todos, em conjunto, devemos encontrar soluções.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Dívida e mais dívida

Não sei se se têm apercebido, mas ao longo do último ano, o Governo português tem colocado muitos milhares de milhões de euros no mercado em forma de dívida.
Até aqui, tudo mais ou menos normal, vendo como os Estados estão todos a atuar, até nem me parece descabido, mas acontece que destas "idas ao mercado", podemos tirar muitas conclusões, e eu vou aqui explicar algumas, na minha opinião, claro está.

A primeira que me salta à vista é que, Portugal está, na verdade, a individar-se cada vez mais, ou seja, os 78 mil milhões da troika, à muito que não são já suficientes para relançar a nossa economia, nem os 25 mil milhões provenientes nos próximos anos do Portugal 2020 vão ser suficientes, e também, não somos assim tão bons alunos como nos fazem crer! Se assim fosse, para quê ir ao mercado com tanta regularidade e em montantes tão avultados? Só esta semana, mais 1250 milhões de euros. Não parecendo, é muito dinheiro...

Mas uma outra nota que aqui quero deixar, e que está nas entrelinhas, é a forma como têm comunicado o endividamento que causam. Parece que ir ao mercado encontrar financiamento e endividar os contribuintes por mais uns valentes anos, é uma operação de charme, e é a ver quem consegue bater recordes de menos juro a pagar. A forma como nos vendem a informação, é a de que é óptimo Portugal ter conseguido encontrar 1250 milhões de euros com a menor taxa de juro dos últimos 10 anos. Mas não nos dizem que estamos ainda mais endividados e que as gerações futuras estão cada vez mais condicionadas. 
Como disse no início, ir ao mercado até que é normal hoje em dia, e assim tem de ser muitas vezes, mas depois do resgate, e de nos dizerem que estamos com excelentes crescimentos, turismo a faturar muito, exportações a aumentar a passo alargado, e depois, ainda assim, novos endividamentos. 

Chego-me a questionar, muitas vezes, da legitimidade dos nossos governantes para o fazerem. Vinha em algum programa eleitoral, ou constava do programa de Governo, ainda em 2015 recorrerem ao mercado desta forma?

Para finalizar este artigo, e para que não fiquem mal entendidos por esclarecer, eu percebo que a forma de ver o copo, seja a de meio cheio e não meio vazio, mas é tal e qual como nos impostos verdes, realmente é muito bom as preocupações com o ambiente, mas o timming nem sempre é o acertado. Em relação ao juro, é óbvio que eu prefiro que seja o mais baixo dos últimos 10 anos, e não o mais alto, mas preferia que se soubesse governar com o que se tem, ou com o que é razoável endividar. Apenas e só por uma causa, existem cada vez mais pessoas a passar dificuldades e não honrar os seus compromissos, por causa do que perderem e lhes foi retirado com as medidas de austeridade impostas, sabe-se lá por quem, nem tão pouco o seu porquê...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Temos dinheiro na Grécia, e depois?

Cavaco Silva defendeu hoje, e repetiu-o mais que uma vez, que se tem tirado muitos milhões de euros aos portugueses para emprestar aos gregos.

Ora, isto cria, por si só, uma perigosa ideia errónea daquilo que é a realidade em si mesma. E digo perigosa porque entendo que este tipo de insinuações são anti projeto europeu. E Portugal não pode estar desse lado da barricada!

A forma, pelo menos como a comunicação social tem passado a mensagem, é a apresentar o olhar critico do nosso Presidente da República perante a Grécia, isto é, que estamos a ser muito prejudicados, diretamente, por ajudar a Grécia num momento menos bom da sua história.
Ora, Portugal não pode estar desse lado da barricada porque ainda este ano que passou, terminou um período de assistência financeira, onde a Grécia ajudou também, e quem diz a Grécia, diz a Alemanha, Espanha, Itália, França e outros tantos até 27, porque somos 28 estados-membro que estamos em conjunto no mesmo barco, chamado Comissão Europeia, em prol de um projeto, de uma Europa forte, unida e capaz de se apresentar como uma organização em que os seus países oferecem boas condições, são atrativos, seguros e onde vale realmente a pena viver e apostar.

Acontece que, declarações como estas, se começam a surgir de todos os chefes de estado, acabou o tal projeto. E acaba porque deixa de existir solidariedade. A mensagem está a correr nas redes sociais como uma apresentação de que nós emprestamos diretamente dinheiro aos gregos e que agora não nos querem pagar, que, ao que fazem chegar a Portugal, não é bem assim, até porque o que os gregos pretendem agora é um novo empréstimo, mas sem condicionalismos políticos de políticas de austeridade regressivas para uma economia.

A verdade é que o sistema financeiro está montado de forma interligada, fazendo com que uns Estados auxiliem outros, chegando a um ponto em que todos se ajudam uns aos outros. Sim, porque por exemplo nós estamos a ajudar os alemães, na medida em que eles colocam dinheiro em Portugal e depois vêm buscar com o respectivo juro, por isso, nós não devemos favor nenhum a ninguém.
Sendo também verdade que, e muito por via da falta de coesão económica existente em toda a Europa, Portugal, através do Banco de Portugal, tem títulos da dívida grega, assim como outros estados têm títulos da nossa dívida. Resumindo e concluindo, nós quando vamos aos mercados, é para nacionalizar a favor de outros, dívida nossa.

Por todos estes motivos, e mais alguns que aqui não me quis alongar, um Presidente europeísta que se preze, não faz declarações destas!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Da Grécia para Portugal

Entre a Grécia e o caso Sócrates, as presidenciais.

Na primeira frase deste artigo, abordo 3 temas que têm dominado a atualidade nacional, e apenas o caso Sócrates não tem sido alvo, nem vai ser, de artigos no PNP.

Em relação ao caso Sócrates, apenas dizer que, tal como com os submarinos, tecnoforma, face oculta, BES/GES, entre outros, não faço comentários a casos que estão sob julgamento, quer por via dos tribunais, como pelas comissões de inquérito da Assembleia da República. É urgente deixar as instituições funcionarem, e quem as lidera, serem eficazes e independentes nos seus juízos, e não assistir a julgamentos em praça pública, onde quer se queira quer não, o exagero está sempre presente, em ambos os lados da barricada! Por isso mesmo, e não por ser o Sócrates, porque já o fiz com outros, não comento o caso.

Já em relação à Grécia e às eleições presidenciais, esses dois temas têm frequentemente marcado presença aqui no blog, como aliás, em toda a comunicação social e outros blogs de opinião. E não é para menos. Vamos por partes.

Todos parecem apostar numa saída da Grécia da zona euro. Os "grandes" parecem estar fartos e intolerantes. E até compreendo, colocam tanto dinheiro a mexer para comprar soberania em vez de dívida, e vem alguém dizer basta... não pode ser. Estou, como é óbvio, mas convém frisar, a ser irónico, e estou até a admirar a resistência de cumprimento de palavra para com os seus eleitores de Tsipras. Mas acontece que é o projeto europeu que está em causa, logo, Portugal também está em cheque. E o principal fator pelo qual Portugal está em cheque, é que não somos vistos como os bons alunos, nem muito menos os meninos bonitos que foram resgatados e se portaram bem, como faz querer passar este Governo. 
Não, porque se assim fosse, o trabalho de casa estaria já feito, e não era necessário ainda estarem, já depois do programa de assistência financeira acabar, imporem mais austeridade, nem sequer necessário seria opinarem quanto às nossas políticas macroeconómicas. O que lhes interessaria, seria apenas e só, receber o seu dinheiro de volta. 
Mas não, estão cegos de poder alheio, querem a soberania dos outros. Querem mandar em todos!
Seja como for, o desenrolar da história será interessante, até porque se a exceção de tirar a Grécio do eurogrupo, tirar Portugal já não será exceção, mas sim um procedimento normal e calendarizado como "next",

Quanto às presidenciais, existem fortes rumores de que Guterres estará fora da corrida, fazendo com que o rumor de que António Vitorino seja o candidato do PS ganhe força. Do outro lado, Santana adiou a decisão de candidatar ou não para outubro e existem rumores de que Marcelo ganhou força na corrida. Pois, realmente são demasiados rumores, o melhor será mesmo preocupar-mo-nos com o essencial, apresentar políticas para os problemas concretos. E quanto a eleições, temos uma legislativas pela frente em que será necessário tirar a direita do Governo e dar condições ao Partido Socialista de António Costa de governar. Aí, e só aí, o assunto presidenciais deverá vir para cima da mesa, até porque, quem vencer as legislativas, é que irá conduzir e marcar ritmo nas presidenciais.
A escolha dos candidatos para janeiro próximo, não deverá ser carta na manga nem tema de debate para setembro/outubro.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

10 anos de parceria com a China

Por estes dias fazem 10 anos desde a celebração da parceria estratégica estabelecida entre Portugal e China. E é sobre isso que vou hoje deixar aqui uma breve reflexão.

Quem me conhece, ou acompanha o PNP, sabe que sou ainda jovem, tenho apenas 23 anos, o que faz com que aquando da celebração da parceria tivesse apenas 13, coincidindo com a idade que comecei a ver, perceber e interessar pelo que se passava a minha volta.
Ou seja, desde que me lembro de ser mais interventivo, mesmo comigo mesmo, a China está presente na nossa vida.

E realmente, desde que me lembro de andar com dinheiro no bolso, lembro-me de existirem lojas dos chineses, que tanto falamos e tanto na moda estiveram no final dos anos 2000.
A par disso, morava numa zona muito próxima à conhecida China Town de Vila do Conde - Mindelo, o que faz com que a presença dos chineses fosse ainda mais marcante na minha vida. Aliás, enquanto escrevo, estou-me a recordar de que, precisamente em 2004, tinha um colega chinês na minha turma... longínquos anos.

Mas não é para falar de mim e do meu passado que estou a escrever, mas sim para fazer uma pequena reflexão macro da presença dos chineses em Portugal.
Nestas relações bilaterais estabelecidas, não consigo, muito honestamente, identificar quem ficou ou está a beneficiar mais ou menos. Mas a verdade, é que Portugal é hoje um país muito mais globalizado do que era à 10 anos, tem uma concorrência no mercado, principalmente nos têxteis muito mais forte. há até, quem defenda que a vinda dos chineses para Portugal prejudicou a nossa economia têxtil, principalmente do norte e centro do país, mas eu acho que, a globalização e a concorrência são boas para qualquer economia, e apenas por um facto, torna os produtos mais acessíveis e aumenta a oferta para o cliente, e isso, por si só, é muito bom para a economia.

Por outro lado, houve uma certa criminalidade e uma desconfiança no comércio e restauração que foram desenvolvidas pelo cliente, muito devido aos rumores e episódios que se passavam (e passam) em estabelecimentos chineses em Portugal, e isso não é bom para nós.

Por fim, pensar apenas que dos chineses que conheço, pelo menos 75% se passeiam de Audi, e a percentagem de vistos gold, que necessitam de investimentos avultados na imobiliária, pertencem quase todos a chineses também. Isto para dizer que existe, dinheiro a rolar no nosso país, e não é pouco, por via desta comunidade.
Contudo, e porque há sempre o revés da medalha, a origem do dinheiro e a forma como este é conseguido, pela comunidade chinesa em Portugal, levanta sérias dúvidas, já para não falar que conseguem colocar produtos baratos no nosso mercado através da exploração infantil ou de, ainda à bem pouco tempo, o não pagamento de um salário mínimo! E isto, é algo que deveria ser repudiado e proibido pela UE. Mas enfim...

Em suma, e como tudo na vida, existem prós e contras, mas para a história, fica que nestes 10 anos, pelo menos a EDP já foi privatizada pelo Estado português e nacionalizado pelo Estado chinês.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Da Grécia até Portugal, passando por Merkel e... Vital.

Pensei que quinta-feira teria sido o artigo que marcaria o arrasto das eleições da Grécia, mas enganei-me e ao que parece, é para continuar!
Hoje iria escrever sobre a nova retórica, nova que já estamos fartos de ouvir e era óbvia, mas deixarei apenas uma nota.

Finalmente, a Alemanha ganha medo. Aquelas teorias, e estou-me a recordar do socialista Pedro Nuno Santos quando, num jantar entre militantes em Castelo de Paiva, disse "... ou os alemães se põe finos, ou não pagamos!" Pode-se recordar este episódio aqui, neste artigo no negócios.

Pelos vistos, basta mesmo a ameaça, a capacidade de resistência alemã não é assim tão grande. É aliás, bem pequenina. Faz hoje uma semana que é dia seguinte à vitória do Syriza e que este entrou em coligação com os independentes gregos, da direita. E numa semana apenas, temos já Merkel, a toda poderosa recusa-se a reunir a sós com Tsipras, e as instituições europeias a repensar no modelo de assistências e a equacionar a dissolução da troika. A bazuca de Dragi não está a ser suficiente para "calar" os gregos e a procissão ainda agora vai no adro!

Paralelamente, e remetendo toda esta azafama para o contexto nacional, temos toda a esquerda a vangloriar-se com a vitória da extrema esquerda. Eu também fico muito contente com o facto de se notarem os primeiros passos para o fim da linha de austeridade na Europa, e se os gregos encontraram no Syriza forma de o fazer, os meus parabéns e saliento que até este momento, acabam por ser mais felizardos do que nós portugueses, que apenas vemos melhorias económicas nas manchetes dos jornais. E uma vez que temos vindo a assistir a uma radicalização e extremização no que concerne a escolhas do eleitor, antes uma colagem à esquerda do que à direita, como em França se teme com a possível ascendência do partido de Marine Le Pen.
Agora, também não posso esconder as minhas reservas quanto aos efeitos dessa postura de rutura para com a Europa. Isso terá fortes repercussões nos restantes estados-membro, e inevitavelmente em Portugal. 
Mas como dizia, no contexto nacional, vemos Vital Moreira a criticar o PS e a chamar a ação deste de oportunismo por tentar congratular e retirar algum partido da vitória do Syriza, por entender que este partido levará a Grécia à bancarrota e para fora da zona do euro. Devo desde já dizer que não concordo em nada com esta tese. Aliás, escrevi já aqui no PNP que Tsipras tem agora uma excelente oportunidade para mostrar aos demais companheiros europeus como é possível governar sendo-se esquerda e em crise sem aplicar austeridade. Resta, no entanto, não se viver uma desilusão à Hollande...
De pé atrás, observarei com atenção o que se passará. Acima de tudo, com expectativa!

Para finalizar e não me alongar demasiado, temos o Governo a adotar o discurso de que este ano será o último a verificar-se o défice acima dos 3%. Seria bom sim, mas todos conseguimos ver que é puro eleitoralismo, mas mais do que isso, e está apenas nas entrelinhas, é a preparação do discurso: "Lembram-se? Quando nós lá estávamos dissemos que o défice ia baixar de 3%, agora com este Governo (na altura António Costa) continuamos além do limite imposto pelo tratado europeu. Atenção que, com esta última afirmação, parto do principio, tal como este Governo, de que nas próximas legislativas será o PS a vencer.
Dali, apenas vem mais do mesmo...