quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Dívida e mais dívida

Não sei se se têm apercebido, mas ao longo do último ano, o Governo português tem colocado muitos milhares de milhões de euros no mercado em forma de dívida.
Até aqui, tudo mais ou menos normal, vendo como os Estados estão todos a atuar, até nem me parece descabido, mas acontece que destas "idas ao mercado", podemos tirar muitas conclusões, e eu vou aqui explicar algumas, na minha opinião, claro está.

A primeira que me salta à vista é que, Portugal está, na verdade, a individar-se cada vez mais, ou seja, os 78 mil milhões da troika, à muito que não são já suficientes para relançar a nossa economia, nem os 25 mil milhões provenientes nos próximos anos do Portugal 2020 vão ser suficientes, e também, não somos assim tão bons alunos como nos fazem crer! Se assim fosse, para quê ir ao mercado com tanta regularidade e em montantes tão avultados? Só esta semana, mais 1250 milhões de euros. Não parecendo, é muito dinheiro...

Mas uma outra nota que aqui quero deixar, e que está nas entrelinhas, é a forma como têm comunicado o endividamento que causam. Parece que ir ao mercado encontrar financiamento e endividar os contribuintes por mais uns valentes anos, é uma operação de charme, e é a ver quem consegue bater recordes de menos juro a pagar. A forma como nos vendem a informação, é a de que é óptimo Portugal ter conseguido encontrar 1250 milhões de euros com a menor taxa de juro dos últimos 10 anos. Mas não nos dizem que estamos ainda mais endividados e que as gerações futuras estão cada vez mais condicionadas. 
Como disse no início, ir ao mercado até que é normal hoje em dia, e assim tem de ser muitas vezes, mas depois do resgate, e de nos dizerem que estamos com excelentes crescimentos, turismo a faturar muito, exportações a aumentar a passo alargado, e depois, ainda assim, novos endividamentos. 

Chego-me a questionar, muitas vezes, da legitimidade dos nossos governantes para o fazerem. Vinha em algum programa eleitoral, ou constava do programa de Governo, ainda em 2015 recorrerem ao mercado desta forma?

Para finalizar este artigo, e para que não fiquem mal entendidos por esclarecer, eu percebo que a forma de ver o copo, seja a de meio cheio e não meio vazio, mas é tal e qual como nos impostos verdes, realmente é muito bom as preocupações com o ambiente, mas o timming nem sempre é o acertado. Em relação ao juro, é óbvio que eu prefiro que seja o mais baixo dos últimos 10 anos, e não o mais alto, mas preferia que se soubesse governar com o que se tem, ou com o que é razoável endividar. Apenas e só por uma causa, existem cada vez mais pessoas a passar dificuldades e não honrar os seus compromissos, por causa do que perderem e lhes foi retirado com as medidas de austeridade impostas, sabe-se lá por quem, nem tão pouco o seu porquê...

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