quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Qual seria o sonho hoje?



Ele teve um sonho, e foi à 50 anos atrás.

Martin Luther King é, sem dúvida alguma, uma das pessoas que mais influenciou e ainda influencia o mundo. Nomeadamente no que diz respeito a política e direitos humanos. Mas dispensa apresentações, principalmente hoje, que toda a gente fala nele e refere-se ao seu discurso, colocando mesmo à disposição de cada um o vídeo do dito discurso em várias páginas da web. Mas eu vou optar por outro ponto de vista, inspirado no seu discurso também, mas transportando-o para a actualidade.

Falando do nosso continente, não será que a Comissão Europeia deveria também ter o sonho, tal como o prémio Nobel da paz, de ver o seu povo unido? Não seria um bonito sonho, neste caso de Durão Barroso, ver a Europa unida entre norte e sul? Entre centro e periferia? Entre os que têm mais dinheiro e os que estão com mais dificuldades? Hoje, seria um óptimo dia da Europa mudar de estratégia. É sem dúvida, a melhor forma de homenagear Martin.

No nosso país, o sonho que eu tenho é o de ver Portugal como um todo, isto é, Lisboa, Porto, e os restantes também, e não ficando por estes dois distritos. Entre litoral e interior, entre idosos e os mais novos, mas principalmente, entre governantes e eleitores, que tem sido a maior divisão actualmente.

A propósito, qual será o sonho de Passos Coelho? Fica a pergunta no ar para reflexão.

Portugal e a China



Segundo alguns relatos que me fazem chegar, vindos da China, Portugal tem este mês uma grande parecença! Não estamos a falar do crescimento económico (infelizmente), mas sim da cor do céu. Por motivos diferentes claro.

No país oriental, o motivo é a industrialização poluída, desenfreada, que pretende apenas competitividade através de mão-de-obra barata, indústria não amiga do ambiente e também pela desvalorização da moeda.

Em Portugal, o motivo é bem diferente, mas não é melhor também! Os fogos que este mês estão a tirar a vida aos bombeiros, a destruir meios e queimar hectares que tanta falta nos fazem, são maioritariamente culpa de fogos postos ou de não manutenção das nossas áreas florestais. A juntar a estes dois condimentos, podemos ainda juntar as condições climatéricas. Mas o que está a marcar o ano, é mesmo a redução orçamental que fez com que a extinção do GIPS fosse hoje uma realidade.


Seja como for, para milhões de pessoas no mundo, neste momento o céu não é azul, como aparece nos desenhos animados, fotografias, desenhos de criança, e mesmo nos nossos sonhos. E em ambos os casos, a culpa é principalmente humana. Tudo isto (quer na China, quer em Portugal) em prol do quê? Não faz sentido!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Destinos diferentes



À relativamente pouco tempo, qualquer coisa como um ano, os dois principais sindicatos ( CGTP e UGT) mudaram de líderes. Carvalho da Silva, que era ligado ao PCP e João Proença, que é ligado ao PS tomaram destinos diferentes depois das respectivas lideranças sindicais.

O primeiro, que já à algum tempo é apontado como candidato da esquerda às presidenciais pós-Cavaco decidiu, em silêncio abandonar a militância do PCP por ter "uma ligação muito ténue" com o partido. A verdade, é que a ideia de ser o candidato a Belém ganhou mais força depois do congresso das alternativas que uniu a esquerda, nomeadamente membros ligados ao PS e ao BE. Assim, com os que gostam dele dentro do PCP, o BE e o PS a pensarem nele para uma "candidatura forte", Carvalho da Silva poderá muito bem vencer e ser o próximo Presidente da República.

Já João Proença, que foi líder do sindicato dos socialistas (como alguns lhe chamam), depois do seu mandato integrou o secretariado nacional do Partido Socialista e, na passada semana soube-se que este vai para o AICEP trabalhar com o presidente.

Resumindo e concluindo, os dois líderes tomaram destinos diferentes, mas ambos promissores e prestigiados. O que quererá isto dizer? Que todos aqueles que ocupam uma vez na vida lugares de destaque em organizações públicas, ficam nesse "ramo" para sempre?

Ser líder sindical, é defender os interesses dos trabalhadores, ou um trampolim político? Acho que são boas questões para ficar-mos atentos nos próximos anos.

sábado, 24 de agosto de 2013

"The iron lady"



Ter visto ontem o filme “The iron lady” foi uma autêntica lição.

Primeiro, que uma postura visionária pode vir de quem menos se espera, para a época, seria impensável que uma mulher governasse um país.
Em segundo, a determinação pode por vezes, senão sempre, ser o factor chave para o sucesso, principalmente na política.
Terceiro, e em último lugar, se liderarmos apenas com uma postura de mandar, sem ouvir os outros, principalmente aqueles que nos rodeiam, aqueles com que atingimos o sucesso, os nosso parceiros, acabamos por olhar a nossa volta e reparar que estamos sozinhos, mais dia menos dia. (Fez-me lembrar o ditado popular: se queres ir rápido, vai sozinho, se queres ir longe, vai acompanhado)

Estes, são sem dúvida, os pontos que mais me sensibilizaram no filme enquanto lições a reter. Porém, também é de notar que ficou patente o quotidiano daqueles que se dedicam à causa pública. O tempo que têm para a sua família, para os seus amigos, ou mesmo até para si próprio é assim reduzido. Já para não falar do facto que se está constantemente sob escrutínio público e a ser-se criticado e julgado vezes sem conta. É por isso a meu ver, importante dar valor a aqueles que dedicam o seu tempo a trabalhar para deixar, aquilo que acreditam, um mundo melhor. E aqui, não podemos olhar a ideologias (esquerda ou direita), este valor a que me refiro é mesmo para todo e qualquer cidadão que a tal se sujeite.

Para finalizar, e pelo momento que vivemos no nosso país, revi no filme o nosso actual primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que quer no seu modelo de governação, quer pelo seu carácter, ou mesmo pelos contratempos dentro do seio governamental, faz-se parecer com o que estava retratado no ecrã ontem.


Se ainda não viu o filme, aqui fica a dica, um bom filme para apreciar.

Autárquicas II : formas de ver um autarca



O papel de um autarca, a meu ver, pode ser visto de duas formas, a primeira, como um gestor de um território, a outra é como uma “pessoa da terra”. Passo a explicar.

No primeiro caso, quando se vê um autarca (vamos assumir um presidente de câmara), como um gestor, o que é essencialmente pretendido é que este seja na verdade nada mais nada menos que um mero gestor. Que com determinados recursos desenvolva acções para determinado território. Neste caso, um gestor que pode não ter nada a ver com o território em específico, mas sim tenha um bom modelo de gestão debaixo do braço. Também neste caso, e assumindo que um autarca é um gestor, podemos então admitir que possa cumprir mandatos em qualquer território nacional, sendo que este está vinculado a um modelo gestionário e não tão especificamente às necessidades de determinada população.
Já o outro ponto de vista em relação a um autarca é a de que deve ser um “homem da terra”, isto é, que deve vir das origens deste território em específico, que ali resida há pelo menos tempo suficiente para se aperceber das necessidades daquela comunidade, que esteja atento às pessoas já há algum tempo, que frequente os mesmos cafés do que o eleitorado, que seja assim, mais acessível se quisermos dizer.

Na verdade, no meu entender, o que deve realmente ser um autarca, é uma pessoa que saiba lidar com os meios públicos, que seja apaixonada pela causa pública, que pretenda nada mais do que o desenvolvimento progressivo de um território e que satisfaça as necessidades de determinada comunidade. Este sim, deve ser o perfil de um autarca. Quanto à sua origem, se é neste caso daquele concelho ou de outro (porventura vizinho) acaba por não ser assim tão relevante, se e só se estiver munido de uma equipa que consiga estar próximo das pessoas, que as consiga ouvir e assim responder aos seus anseios. Porém, cada localidade a sua necessidade, e como deve ser de calcular, não existirá um modelo que seja aplicável a todo o território nacional, e é aqui que uma boa equipa faz a diferença.

Senão reparemos, as autarquias são uma forma de descentralização, ou seja, são o primeiro contacto do cidadão com o Estado. Seria bom para a população, desperdiçarem-se bons autarcas (gestores) por causa de não ser de determinado território? Não me parece que seja muito sensato. Hoje em dia, não precisamos de recuar muitos anos (nenhuns até) para detectarmos casos em que “homens da terra” fazem um trabalho menos bom e que “pessoas vindas de fora” fazem bom trabalho em prol de uma comunidade.


Esta distinção, que parece não ter grande relevância, tem toda a importância na interpretação da lei de limitação de mandatos, ou melhor, na sua elaboração. Se o legislador considerar que um autarca é gestor, a limitação deve ser ao município e permitir assim que este se candidate a outras autarquias, se a interpretação ao cargo for que deve ser uma “pessoa da terra”, aí a limitação deveria ser quanto ao território, pondo um fim (consecutivo) aos mandatos de um autarca.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Constitucionalidades



Pedro Passos Coelho tem, ao longo destes dois últimos anos, fazer lembrar a sua antecessora no partido, Ferreira Leite, quando disse que seria bom suspender a democracia. o Primeiro-Ministro nunca disse tal (não faltará muito), mas tem tentado suspender a constituição, mas sem que ninguém dê por tal disparate.

Senão vejamos, logo no início, falou em rever a constituição, depois já fez dois orçamentos inconstitucionais, está constantemente a promover o trabalho mais barato, está sempre a tentar despedir pessoas, enfim, toda uma panóplia de situações que só envergonham quem o elegeu.

A culpa a meu ver, não é só dele mas também, e principalmente, de quem ao país prometeu cumprir e fazer cumprir a constituição, falo claro do Presidente da República, o tal morador de Belém.

Até aqui, falei em factos que não se podem negar, mas o que eu acho que é realmente triste em democracia, é vermos uns órgãos de soberania tentar pressionar outros. E neste campo, o líder do PSD tem sido campeão isolado, tem todos os anos pressionado o Tribunal Constitucional dizendo que uma decisão não favorável ao que o Governo pretende, custará caro ao país e aos portugueses. Caro PM, não seria mais eficaz e digno um simples: "Acredito que o TC decidirá o melhor para o país"? Eu acho que sim.

Resumindo e concluindo, o PSD, de uma forma ou de outra, tem tido sérios problemas em se enquadrar neste regime. E isto, parece-me claro.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Autárquicas 13' I



A saga de crónicas sobre estas autárquicas começa com a vergonha judicial portuguesa. Esta imagem ilustra isso mesmo.

Este ano é ano de eleições autárquicas, como já devem ter reparado. Mas este ano, é sem duvida diferente do que o habitual. Não apenas pela nova lei (confusa) que limita os mandatos, mas porque temos visto que os partidos estão realmente desorganizados.

É em primeiro lugar, vergonhoso que a pouco mais de um mês, e já depois de terem sido entregues em tribunal as candidaturas, ainda estejam alguns potenciais candidatos a espera de saber se são realmente candidatos ou não. No dia de hoje, é noticia em todos os jornais as decisões diferentes entre tribunais em relação a algumas candidaturas. Uns aceitam candidaturas, mas em condições iguais, noutras comarcas, outras candidaturas não são aceites. Isto é democrático? É igualitário? Onde está a imparcialidade? Enfim...

Não temos visto nenhum partido a atirar pedras uns aos outros por causa deste tema, e a justificação é muito simples, é que estão todos encurralados.

E já que falo nos partidos, vemos internamente os partidos a desmoronarem-se. No Porto, o PSD apoia um candidato que é completamente contrário ao que tem apoiado até agora, trocando Rui Rio por Menezes. Mostra que só querem votos e que não têm uma visão clara daquilo que acham melhor para aquele território.
Vemos em Gaia, como em Matosinhos, mais do que um candidato de cada partido, e falo do PSD e PS. Aqui fica claro que quem anda por lá, apenas querem o poder, e se os partidos não os apoiam e preferem anteriores "amigos", eles vão com as próprias pernas.

Podendo não corresponder inteiramente à verdade, a ideia que fica para o cidadão comum, é a de que são sempre os mesmos no poder, e que só querem saber de estarem a viver a custa do Estado, do seu próprio dinheiro. A obrigação de todos estes candidatos, é mostrar que não é assim. Mas também não o vão conseguir com este jogos de cadeiras ao qual temos vindo a assistir.

NOTA: em breve escreverei sobre o que acho que deve ser um presidente de câmara, qual o seu papel ou como pode este ser visto.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O ponto de viragem



Hoje acordei com uma noticia que, aparentemente é muito boa. A economia portuguesa deixou de estar em recessão no passado trimestre, prevendo-se um crescimento entre os 0.3 e os 0.6%. Os dados oficiais serão ainda divulgados na quarta-feira.

Agora, porque é que digo que esta noticia pode ser apenas aparentemente boa, e não realmente boa? É simples, é que a crise já nos tem tirado muito, e quando falo nós, falo ao povo em concreto, ao contribuinte comum. E se nos próximos trimestres a economia recuar, de nada vale este pequeno grande passo. É certo que muitos sacrifícios têm sido pedidos aos portugueses e que esta noticia é, claramente, o espelho de isso mesmo. E seja qual for o Governo em funções, esta é sempre uma boa noticia e pode, no nosso caso, significar que é o principio do fim da crise tal como já foi anunciado à um ano atrás.

Mas a verdadeira questão é em que é que isso influência a vida dos portugueses? Pouco ou nada a curto prazo, mas este é o momento em que o Governo tem de dar sinais de confiança aos portugueses e começar a devolver aquilo que lhes tem sido tirado. Não para que seja imposta uma política de intervencionismo do Estado, mas principalmente por duas coisas. A primeira, para que não fiquemos com um Estado mínimo  que apenas cumpre as funções gerais de soberania, o outro motivo passa por entregar aos contribuintes meios para que possam voltar a consumir, dando-lhes poder de compra.

Tal como tenho vindo a defender ultimamente, o estado de um país não se vê apenas pelo PIB, défice e dívida, mas sim pelo desenvolvimento que os cidadãos têm e o proveito que é feito com a riqueza gerada. De nada vale que a economia cresça, se isso não se reflectir no quotidiano. É que o povo não pode ser apenas chamado a pagar, e depois na hora de receber, ninguém se lembrar dele.

Não estou a pedir que seja entregue já nada em concreto aos portugueses, mas peço que pelo menos não tirem mais nada. Era importante começar por aqui. Seja como for, esta é aparentemente uma boa noticia.