segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Orçamento malandro

Muito já se falou deste orçamento de Estado apresentado por esta coligação que sabe, ser o último que apresenta.

Aliás, o mesmo se baseia apenas e só nesse facto, aliado aos de o Primeiro-Ministro se estar a "lixar para as eleições". 
Ora, como Passos Coelho se está a lixar para as eleições, e como sabe que as vai, tudo indica, perder, não faz um último OE eleitoralista. Ora, isso é bom certo? Nem por isso. Este Governo consegue mostrar que o que os portugueses se queixam em relação a Governos anteriores, quando os mesmo apresentam orçamentos eleitoralistas, não era bem isto que queriam dizer. É que pelo facto de este PM se estar a lixar para as eleições, está-se também a lixar para os portugueses. Tal como diz hoje na sua crónica no negócios, Helena Garrido, este orçamento tira mais do que o que dá.

Esta fiscalidade verde, é muito bonita, se não for aplicada única e exclusivamente para cobrar mais receita... Eu não contesto os 10 cêntimos por saco plástico, nem o imposto sobre o álcool muito menos o do tabaco, agora, na gasolina... não concordo tanto, uma vez que irá subir o preço da distribuição e recairá no consumidor, claro.

E por falar em consumidor, como é que o Governo consegue não fazer nenhuma mudança estrutural na nossa economia, sem um crescimento do PIB significativo, e ainda assim, com apenas as migalhas que tem dado, subir o consumo interno e baixar a importação. Curioso não é? Pois bem, a explicação está em si mesma, nas contas, bastante optimistas deste Governo.

Para finalizar, este orçamento não tem em conta o que se passa lá fora, muito menos nos nossos mercados de exportação, pelo que, obviamente, levará a dois ou três orçamentos rectificativos e também indexa a baixa da carga fiscal em 2016 consoante as contas de 2015. Ora, num documento como o orçamento do Estado, em que é suposto prever apenas um ano de exercício, e não condicionar futuros orçamentos, temos um Governo que está a limitar nas acções o próximo executivo. Não me parece ético...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

PS e Seleção no mesmo barco

O Partido Socialista e a selecção nacional andam, por esta altura, no mesmo barco. Estavam ambos óptimos para virem até Braga, depois do cenário que se verificou ontem...

Adiante.

Parece-me óbvio o motivo pelo qual o PS e a selecção estão, por ora, no mesmo barco. Estão as duas organizações em reconciliação com os próprios elementos que as compões. O PS porque vem de uma disputa eleitoral interna muito intensa, mas muito gratificante, e a selecção que trocou o seu seleccionador e é uma força mobilizadora para com todos os jogadores nacionais.

Na selecção, Fernando Santos tinha de fazer uma convocatória como a que fez, independentemente dos resultados que se obtenham. Tinha de ir buscar jogadores aos 3 grandes, tinha de dar oportunidades aos jogadores mais novos e assim começar a renovar o leque de escolhas, e precisava também de ir buscar os jogadores que entretanto tinham dito "não" ao anterior ou anteriores seleccionadores.
Assim, demonstra ter capacidade de agregação de vontades e predisposições para alinhar com as cores de Portugal.
Esta é, aliás, a maior diferenciação que qualquer organização pode ter sobre as demais, principalmente sobre os principais concorrentes.

Percebendo perfeitamente ler estes sinais do tempo, temos António Costa que soube esperar pelo seu momento e lançar-se à liderança do Partido Socialista que vinha tendo uma morte silenciosa, que começou no 2 mandato do anterior Primeiro-Ministro.
O resultado das europeias demonstrou-se factual para que o autarca de Lisboa mostrasse a sua vontade de dirigir o partido e o país. Soube ler e analisar a situação. Foi premiado com 70% dos votos de uma eleição histórica e inédita na política portuguesa.
Para além de saber utilizar a força da agregação, que se está a impor à força do voto, devido aos próprios eleitores, Costa deu já sinais de abertura à esquerda do PS, nomeadamente ao LIVRE e também a movimentos de pessoas que querem fazer algo de útil pela sociedade. Tem também agendada para amanhã uma audição com o Sr. Presidente da República. Demonstrando assim a sua forte convicção e abertura de se expor e ouvir os outros. 

Sejam qual forem os resultados amanhã (jogo com a França e reunião com Cavaco Silva), Fernando Santos e António Costa estão ambos a saberem ler os sinais do tempo. Colherão certamente, os frutos que esperam colher.

domingo, 5 de outubro de 2014

3 notas deste domingo... recheado.

Não vou neste artigo, escrever sobre as eleições no Brasil.
Mas este, é um domingo preenchido! E agradável, para já.
5 de Outubro com bandeira hasteada correctamente, António Costa com um bom discurso, Cavaco Silva não se sentiu mal como no 10 de Junho, depois António Costa ainda faz um discurso muito bom no congresso do Livre à mesma hora em que sabíamos que Marinho e Pinto irá fazer um Strip Tease dos seus rendimentos como Eurodeputado.

Posso ainda relembrar que também hoje, Hamilton venceu o GP do Japão, o Manchester United venceu com dois golos, um de Di Maria e outro de Falcão, o Chelsea de José Mourinho também levou a melhor frente ao Arsenal num derby londrino. Ainda o Real Madrid ganhou hoje e para terminar o dia, a esta hora, o FC Porto está a 10 minutos de terminar o jogo frente ao Braga, e vai vencendo por 2-1. 

Um domingo em cheio portanto.

Mas como sabem, o PNP não é para mim, um diário que as adolescentes escrevem. É mais usual partilhar opiniões sobre o que se passa na vida política, e esse é o objectivo deste artigo também.

3 notas que não gostaria de deixar passar.

O primeiro, que enquanto ouvia Cavaco Silva falar, pensei, mas então, o actual Presidente da República não foi Primeiro-Ministro durante 10? Posteriormente, esteve quase outros tantos na sombra, a deixar que as suas medidas das duas maiorias absolutas que conquistou, fizessem efeito e em 2006 é eleito Presidente da República? Será que estamos a falar da mesma pessoa? É que não parecia. A forma como este criticou as instituições, sendo que ele próprio, enquanto figura de Estado, é uma das instituições, e das mais importantes, leva a crer que não faz nada para melhorar a situação. E a verdade é que não faz mesmo!
Como dizia ontem o fundador do PDR, e ex-bastonário da Ordem dos Advogados, se fosse com o anterior Governo, o que já não teria feito... mas adiante.

Por falar no ex-bastonário, hoje em Coimbra, deu-se a fundação do Partido Democrático Republicano. Pessoalmente, tenho algum receio do que pode acontecer com estes tipos de partidos populistas, qua agora começam a surgir e dividem o voto. O meu medo não é que o PS deixe de ser hipótese para governar, como aconteceu com o PASOK na Grécia! O meu medo é que comecemos a ser governados por pessoas que são populistas por determinados momentos ou por determinadas políticas, acabando por chegar ao poder, sem qualquer preparação para tal. Quanto ao PS governar ou não, depende apenas de si, ser ou não alternativa. Marinho e Pinto que levou o MPT às costas, cria agora um partido que promete vir a criar sensação. Ora não fosse a cara do mesmo, quem é.
Para confirmar aquilo que acabei de dizer, Marinho e Pinto pegou na expressão de Passos Coelho sobre revelar ou não as suas contas bancárias, para impressionar o eleitora. Mas espero que as pessoas percebam o que está por trás dessa atitude, e saibam que é populismo, puro e duro.

Por fim, tivemos um António Costa com 2 bons discursos hoje. Primeiro como autarca e anfitrião das celebrações do 5 de Outubro, onde basicamente, afirmou que quer ver em Portugal, aquilo que o próprio levou a cabo em Lisboa. Daí que prometeu repor os feriados de 5 de Outubro e o 1º de Dezembro. À tarde, tivemos já o mobilizador de Portugal, no congresso do Livre, onde afirmou que não se deve andar às turras dentro da esquerda, mas sim criar condições de agregação e compromissos de alianças e apoios. Com esta abertura de Costa, e caso Rui Tavares aceite a disponibilidade, o Bloco pode, perfeitamente, ficar atrás do Livre nas legislativas do próximo ano. A salvação do BE pode mesmo ser Pedro Filipe Soares, caso este tenha uma moção diferente do que o PCP defende e venha a vencer. Caso isso aconteça, prevejo com alguma facilidade uma aliança pós-eleitoral, entre PS, Livre e Bloco. 

sábado, 4 de outubro de 2014

Certidão de óbito?

Dá a ideia de que o Bloco de Esquerda, pela moção de Catarina Martins e João Semedo, acabaram por assinar uma certidão de óbito.

Ora, depois do que Portugal viveu nos últimos anos, especialmente os últimos 5, dá ideia de que o BE não aprendeu nada, e cada vez mais quer perder peso político. Todas as suas rejeições, especialmente com a Europa.

Que o Bloco esteja contra a austeridade, é certo e sabido, e aliás, partilhado por muitos, inclusive por mim. Mas eu não sou a favor da saída da União Europeia ou do Euro sequer. O que mais surpreende, é que após o anterior líder do partido, que o era na altura das negociações com a troika, ter afirmado estar arrependido de não se ter envolvido nestas negociações, e depois de o Bloco ter perdido dirigentes como Ana Drago ou Rui Tavares, por descontentamento pelas posições adoptadas, continuam numa linha de radicalização. O Bloco é, portanto, um partido comunista disfarçado. Digo disfarçado porque, se o assumissem, fariam um acordo com o PCP, ou deixariam de ser partido para se filiarem neste partido. De ora avante, caso seja esta a moção vencedora de entre 5 que vão a congresso, já sabemos com o que contamos, um bloco indisponível para tudo, excepto para coligar e alinhar com o PCP. E não está errado, mas estão a prejudicar a esquerda, uma vez que contamos actualmente com dois partidos, BE e PCP, a defenderem e agirem de forma exactamente igual. E isso só beneficia a direita, e não melhora, em nada, a possibilidade da esquerda Governar.

Porém, ao mesmo tempo, tínhamos o populista Marinho e Pinto a falar na TVI 24 e a falar da fundação do Partido que é fundador. À pergunta: com que partido não se coligará, o mesmo responde: o CDS. 

Esta, deveria ter sido a postura dos actuais dirigentes do Bloco. Admito que excluíssem também o PSD. Mas não seria de esperar, esta radicalização total, que é própria do PCP! 

Aguardo, com expectativa, o que defenderá Pedro Filipe Soares.