sábado, 30 de janeiro de 2016

Eleições e Cavaco

Falo neste artigo de 2 temas que nos acompanharam bastante no último ano. Eleições, porque desde logo na Grécia, como depois em Inglaterra, passando por Portugal nas legislativas e pré-campanha para as presidenciais e ainda em Espanha, foram muitas as vezes que se falou de eleições. 
Cavaco, bem, acho que me posso escusar de comentar, porém não resisto a relembrar que foi um dos protagonistas do ano político, entre outros, por demorar a marcar as eleições, e depois, por não querer dar posse à esquerda.

Mas, neste artigo, falarei do resultado das eleições presidenciais, em breves notas, e ainda do veto de Cavaco Silva ás leis de adoção e aborto, que passaram no parlamento, mas não no crivo presidencial.

Acerca das eleições, começo por, naturalmente, parabenizar Marcelo Rebelo de Sousa, que conseguiu uma boa vitória à primeira volta. Foram umas eleições que, a meu ver, geraram expectativa até à última hora de haver uma segunda volta, porém, 30 anos depois desse feito único, não se refez a história.
Contudo, quando olhamos aos resultados, apesar dos 52% do vencedor, sobejamente conhecido pela sua atividade ao longo de 10 anos de comentador político, podemos olhar para a distribuição dos restantes 48%. E não vou falar dos quase 23% de Sampaio da Nóvoa, mas antes destacar que apenas 3 candidatos passou dos 5%, marca essa que permite o acesso a subvenções estatais.
Outro facto relevante, é que Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, obteve uma diferença inferior a 1% quando comparado com a candidata Maria de Belém.
Para terminar estas breves notas, dar conta que o terceiro classificado teve o dobro dos votos que o quarto classificado (Marisa Matias - Maria de Belém), o segundo o dobro dos do terceiro (Sampaio da Nóvoa - Marisa Matias) e o primeiro o dobro que o segundo (Marcelo - Sampaio).

Estas notas que fui retirando de domingo, demonstram a força que tinha a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, perante os outros candidatos e é, portanto, o legitimo vencedor, assim como a diferença substancial entre os primeiros 4 classificados, sendo que os resultados de Marisa Matias e de Maria de Belém foram surpreendentes, primeiro pela positiva e a segunda pela negativa.

Quanto aos vetos de Cavaco, dizer apenas o seguinte. Temos um Presidente retrógrado, e que não permitiu o avanço social do nosso país. Espero que o novo Presidente eleito seja substancialmente diferente. Espero.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Mais achas para a fogueira

Eu estava a tentar evitar escrever sobre este assunto, mas é impossível!

O que se tem sabido nos últimos dias, acerca das subvenções vitalícias, é nada mais nada menos, vergonhoso. São, na verdade, achas para a fogueira daqueles que criticam a política por causa dos políticos! Quando tantos sacrifícios são pedidos aos portugueses, quando não são dadas oportunidades a jovens, quando existem em Portugal pessoas a não terem dinheiro para eletrecidade e água (bens básicos no nosso quotidiano), pessoas com fome que não têm dinheiro para refeições quentes, crianças que a única refeição quente que fazem é na escola, ... Ao mesmo tempo que tudo isto se passa, aos olhos de todos, temos 30 deputados que se preocuparam em alegar a inconstitucionalidade do fim das subvenções! Dá para acreditar?

É certo que  desempenho de cargos públicos requer uma forte limitação daquilo que poderá ser a atividade profissional de um indivíduo, mas principalmente o peso que trará à sua vida pessoal. Muitos vêm como missão, outros utilizam para proveito próprio, mas é certo que assumir essas responsabilidades públicas é uma opção.

Eu não estou de acordo com o retirar de direitos outrora adquiridos, mas também não posso subscrever que sejam repostas as subvenções, com retroativos, quando muitos foram os portugueses afetados pelos cortes salariais e com a criação de novos impostos.

Acresce a esta vergonha, o sigilo que houve.
Tal como o título de um livro de Mário Soares, "Um político assume-se", e não o pode fazer, pelo menos não devia, só quando é para medidas populistas. Os 30 deputados que o fizeram deveriam tê-lo assumido, publicamente, que não concordavam e que iriam recorrer para o Tribunal Constitucional.

Mais acresce quando, depois do acórdão ter mantido o anonimato, a SIC publicar o nome desses deputados, dos quais 21 do PS e 9 do PSD. Segredo de justiça? 
Dos 21 do PS, uma das deputadas é Maria de Belém. De relembrar que, aquando do orçamento de Estado de 2012, que ajudou bastante aquele diagnóstico supra descrito, se escusou de o fazer.
Para finalizar, se juntarmos estes dois casos que envolvem a candidata a PR, ao falecimento de um dos seus principais (senão principal) apoiante na campanha e ainda a participação que teve no BES Saúde, junto-me a Miguel Guedes, que hoje assina no Jornal de Notícias um excelente artigo, em que sentencia que a campanha de Maria de Belém morreu.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Não percebo o que é que o Costa está ali a fazer.

Quando a minha mãe me disse, em tom de pergunta e indignação, que não percebi o que o Costa está ali a fazer, admito que me deram uns arrepios, associando eu Costa ao António Costa, atual Primeiro-Ministro.
Mas não, ela referia-se a Carlos Costa, atual governador do Banco de Portugal.

Para lhe tentar responder, sim, porque não é fácil justificar a sua função e relevância atualmente, eu vendi-lhe o peixe que nos venderam à uns tempos, ou seja, que ele foi indicado pelo anterior Governo para continuar no cargo com a intenção de acompanhar o processo de venda do Novo Banco.
Relembro que, aquando a intervenção estatal do Governo Sócrates no BPN, muitas foram as vozes que criticavam o então governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio pela inação enquanto supervisor. O que dizer então de Carlos Costa?

Com o mais recente episódio do Banif, e nomeadamente com a intervenção pública de Costa, o PM, parece-me claro que Costa, o governado do BdP tem a sua relevância reduzida a muito pouco, para não dizer nula.

Mais se agrava esta situação, a permanência de Carlos Costa, quando o ex-Secretário de Estado Sérgio Monteiro é contratado (oficialmente a 18 de Dezembro) para proceder à venda do Novo Banco com um salário a rondar os 25 mil euros mensais (50 vezes o salário mínimo), acerca dos detalhes deste contrato, recomendo o artigo de opinião de Mariana Mortágua hoje no Jornal de Notícias.

Para terminar, não é estranho que, numa altura em que se fala tanto da promiscuidade entre negócios e política, estes casos surjam mesmo debaixo dos nossos olhos?
O povo interessa-se mais com estes casos do que com os valores da dívida pública e do défice. Porque estes casos são vistos como os parasitas da sociedade, e o défice e dívida não põem comida na mesa.