segunda-feira, 29 de junho de 2015

Quando se vira o bico ao prego

São já muitas as vozes que se fazem ouvir contra a postura do Governo grego.
Receio que também na Grécia sejam já algumas as pessoas descontentes com o próprio Governo, ao invés de estarem insatisfeitas com as instituições europeias.

A verdade, é que por estes dias, a vida na Grécia não está nada nada fácil. Bancos que não abrem as portas, multibancos que só permitem levantar 60€ por dia, ... mas acima de tudo, incerteza completa.

No entanto, nem tudo é mau. Hoje, os gregos têm um Governos que os representa, a ele e aos seus interesses, e não um Governo que de verga perante "os poderosos".
Muitas vezes é dado o exemplo de Portugal e Irlanda como casos de sucesso, como se fossem farinha do mesmo saco. Mas não, a Irlanda, para quem já se esqueceu, recusou um segundo resgate que iria impor novas medidas de austeridade, e respondeu com medidas de estimulo à economia, negando mais dinheiro europeu. Já Portugal também negou mais dinheiro europeu, mas porque não precisava. Pois temos os cofres cheios e podemos aplicar na mesma a austeridade severa sem dó nem piedade.

Infelizmente, sou enquanto cidadão europeu e enquanto português, representado por um Governo que tem sido, ao que parece, dos mais inflexíveis para com os gregos, e em relação a isto, cito apenas o ditado popular: "Não peças a quem já pediu",

Porém, orgulho-me de ainda ver um Governo, isolado é certo, que no seio europeu, ainda sabe aquilo que é o projeto europeu.
E quando se vira o bico ao prego? Como é?
Pois, esta é a questão que estamos a ver ser resolvida.
As instituições europeias pensavam que Varoufakis iria estender a passadeira vermelha. Que Tsipras seria um demagogo barato e que iria ceder facilmente. Pois bem, eis a resposta do país pai da democracia: referendo.
Quando a resposta é mais democracia, a solução é sempre melhor. Seja ela qual for, será a do povo. 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Cavaco e a juventude.

Foi com enorme espanto, e até revolta, que ontem ouvi na Rádio Renascença, que Cavaco Silva tinha sido nomeado embaixador da juventude pela organização Ibero-Americana.

Sim, estou a falar de Cavaco Silva, o nosso Presidente da República.

A minha pergunta é: Como é que é possível?
Como é que é possível Cavaco Silva, que é Presidente da República de um país, em que o Primeiro-Ministro convida os jovens a saírem, é nomeado embaixador da juventude?
Como é que é possível Cavaco Silva, que diz a todo o país (jovens incluídos, claro está) que a sua reforma não chega, quando se vem a descobrir que a mesma é de 10.000€, num país em que a taxa de desemprego jovem é superior a 30%?

Existem muitas coisas que me revoltam, e que, nitidamente, parecem favores.
É só isto que tenho a dizer.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Estados Desunidos da Europa

É um tema que, parece não querer sair do nosso quotidiano, mas que mais dia menos dia, terá de ser resolvido. Esse dia parece estar muito próximo (outra vez) e espero que a resolução seja no mínimo, satisfatória!

Falo da Grécia, claro está.

Ao que parece, decorre ainda uma cimeira, mais uma importantíssima cimeira, em prol de ver resolvida a questão da continuidade ou não da Grécia na zona euro.
Eu não estou sentado na mesa das negociações, claro está, mas a verdade é que me parece que os gregos têm feito um esforço, por sinal enorme, para cumprir todas as suas obrigações para com os credores internacionais.
Até agora, ainda não ouvimos ninguém com responsabilidades no Governo grego a dizer que querem abandonar o projeto europeu, tal como têm seguido nos últimos anos, desde a integração na UE, como na zona euro.
Acontece que, a inflexibilidade dos credores internacionais, nomeadamente do FMI, BCE e maiores países europeus, como a Alemanha, que tem muito dinheiro investido naquele que é o país mais aflito para ver a sua continuidade com normalidade.

A verdade é que temos assistido a um impasse, que dura já à 5 meses, em negociações sem fim, com dias decisivos uns atrás dos outros... enfim, bem ao jeito europeu. Lembram-se dos anos 2011 e 2012? Quantas cimeiras houveram? Quantas conclusões foram retiradas? (já que o mantra é austeridade e poupar, estas reuniões inconclusivas, que nascem já mortas, poderiam ser, por vezes, repensadas).

Admito ser um leigo, mas a verdade é que a imagem que passa, é que estão a tentar levar os gregos ao limite, de tal modo que eles (Varoufakis e Tsipras) cedam ao que Merkle pretende (sim, Hollande já não aparece no primeiro plano, e nem é tido nem achado).

A minha vontade é que se chegue a um acordo, que defina aquele que pode ser o caminho entre o romper com a austeridade e o da saída do euro.
Aquele caminho que, porém, é indicado para o Partido Socialista.

Sim, existe uma ligação direta entre o que se passa na Grécia e poderá passar em Portugal, que pela via das urnas, em que poderemos estar a escassos meses de eleger um Governo que quer caminhar nesse preciso caminho entre a austeridade e a saída do euro, quer seja também pela via da adoção de uma postura mais ou menos integradora.

Aquilo que eu aprendi, quer na escola, quer através do passar dos anos, é que o projeto europeu é um projeto de integração. Na sua génese, está a reconstrução no pós segunda guerra. Ora, o que temos assistido, não só não premeia a integração, como tem fortes apontamento de desconstrução e desintegração.
Se eu estivesse naquela mesa, a minha postura seria, sem sombra de dúvidas, a de ouvir aquilo que os gregos propunham, estudar a sua credibilidade e dar-lhes a oportunidade de colocarem em marcha o seu plano. Sim, porque esta foi a vontade do povo, que através das urnas, escolheu um caminho muito claro. E caso obriguem o Governo grego a não o seguir, só vejo duas saídas. Ou teremos mais uma vez um crise política com eleições, ou teremos um país a sair da zona euro, e assim, iniciar o projeto de desintegração, que poderá ser designado de Estados Desunidos da Europa.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Está nas nossas mãos!

Quero começar por pedir desculpa pelo facto de, na passada semana não ter escrito para o PNP e mesmo esta semana, ou seja, são 3 artigos em falta. Quando assumi o compromisso de escrever todas as segundas e quintas, não imaginei que me poderia acontecer o que aconteceu.
Que, aliás, não foi nada de grave. Apenas uma experiência que tentarei relatar aqui, num artigo que, se for bem percebido (e isso começa por ser bem escrito), será o bastante para perceberem que valeu a pena este tempo de espera.

O que se passou foi que, com muito pouco tempo de antecedência, soube que iria para a Moldávia 10 dias fazer voluntariado europeu, para debater a gestão de resíduos, que, neste país, é muito redutor.

Poderei escrever este artigo, partindo de diversos pontos de vista e adotanto diversas posturas quanto à escrita do mesmo, no entanto, tentarei apenas expressar, da forma mais simples e concisa, aquilo que vivi.

Foi realmente surpreendente para mim.
Uma pessoa como eu, que se bate por espalhar toda esta tendência empreendedora que hoje em dia faz tantos de nós sonhar, vivi e senti na pele aquilo que é estar fora da zona de conforto.
Quando parti, já sabia que iria acontecer, mas nunca me passou pela cabeça que fosse de uma forma tão extrema, e vocês vão já ficar a perceber o porquê...

Tudo começa numa mesa de esplanada, quando um amigo meu faz uma chamada. No final, trocamos as seguintes palavras:
- Vais à Modávia;
- Ai sim? Quando?
- Dia 6.
- 6 De quê?
- Para a semana. 6 De junho. Só precisas de passaporte, ainda tens tempo de o tirar com a taxa de urgência.

Pois bem, no início nem sabia para o que era, nem o que iria fazer. Aliás, no início nem pensei que iria de facto. Acontece que, tirado o passaporte, feita a mala, lá fui eu, não no dia 6 mas no dia 5, rumo a Lisboa para embarcar.
Mas o melhor de tudo, é que não rumei à Moldávia, mas antes a uma mudança, mais uma, na minha vida! Agora sim, posso dizer que sei o que é reduzir as necessidades. Agora sim, tenho alguma moral para falar e para dizer que a nossa vida começa quando saímos da nossa zona de conforto.

Quem me conhece, sabe que no fundo da minha lista de prioridades de viagens estava a zona do leste. Quem me conhece, sabe também que assuntos como a gestão dos resíduos não são a minha especialidade, e que tinha até alguma falta de sensibilidade para este tema em concreto. Pois, falei no passo. Hoje, estou completamente mudado. E não estou a brincar.

Fomos 4 portugueses, que, apesar de sermos todos da mesma freguesia, diferença de idades não superior a 3 anos, e termo-nos cruzado, por vezes, na nossa infância, não nos conhecíamos. Foi preciso deslocarmo-nos quase 4000 km para tal acontecer. E que bom que foi.

Mas houve, para além destas, outras 2 grandes lições que eu retirei desta viagem. E uma certeza também.
A primeira é que é possível viver sem internet! Ok, não é a mesma coisa, claro que não, mas não morreu ninguém, o tempo não parou, fomos e viemos e tudo igual. Esta foi aliás, uma das principais adversidades que eu encarei, para além da barreira linguística, o facto de estar tanto tempo sem aceder à net, fez-me ver que esta é importante, mas não assim tanto. E mais, aprende-se mais com as pessoas, do que na internet. Ouvir as pessoas, sentar numa mesa, conversar e partilhar experiências cara-a-cara é, ainda e sempre será, a melhor das formas de aprender. Todos os dias acedo à internet, e todos os dias aprendo algo, que "no dia a seguir" me esqueço, ou pelo menos, tenho de voltar a ver para recordar. Esta viagem e o que aprendi, não esquecerei nunca.
A outra lição é que, de facto, as questões ambientais são realmente importantes. E a minha geração é natural que não tenha esta noção assim tão clara, mas quando vamos para um país, em pleno ano de 2015, em que ainda não tem implementado um sistema de separação, recolha e tratamento do lixo, tal como o conhecemos, é notório o quão este é importante. Eu cresci a ouvir, desde pequeno, a importância de separar o lixo, sempre soube as cores dos contentores onde colocar o papel, plástico e vidro, mas ir a um país onde ainda não existem este tipo de contentores, faz-nos pensar que o caminho a percorrer é longo. Muito longo. Mas atenção, é trilhável.
A certeza que esta viagem me trouxe, é que no futuro, mais próximo ou não, outras viagens surgirão. É, como disse anteriormente, a melhor forma de aprender, a melhor e mais bonita forma de aprender, devo acrescentar. Então se o fizermos, e com a perspetiva de seguir um caminho, perfeito. Na ultima frase do artigo, poderás ver qual é o meu caminho.

Não me querendo alongar demasiado, e sabendo que o artigo já vai longo, quero apenas reforçar que a discussão, num fórum como o que estive presente, sobre questões ambientais, nomeadamente a gestão de resíduos não é uma questão menor. 
Antes de saber que iria à Moldávia, estas questões passavam-me, de certa forma, um pouco ao lado, devo confessar. Mas hoje, serei muito crítico, começando por mim mesmo, naquilo que é esforçar-me e apelar, assim como alertar para a necessidade de cada um de nós ter a sua responsabilidade e o seu dever de trabalhar no sentido de limpar o lugar onde todos vivemos. Todos, e hoje tenho a certeza disto, devemos fazer a diferença. E o motivo, para além dos demais, e óbvios, é que temos esse poder. Então, se temos esse poder, vamos fazê-lo, não vamos deixar por fazer. Vamos construir algo melhor, mesmo que não seja para nós, mas sim para os seguintes, as próximas gerações.
Todos podemos deixar cair a premissa de quem vier a seguir que feche a porta. Por isso, eu vou fazer, hoje mais do que nunca, a minha parte. Se todos e cada um de nós fizer a sua, estaremos a caminhar na direção certa.

Como poderão constatar, estou com uma outra visão. Não descobri a pólvora, não. Mas a cada dia que passa, descubro o porquê de acordar todos os dias, de querer melhorar, não só a mim, mas o que me rodeia, e principalmente, os que me rodeiam.
Porém, não poderei, nem eu nem ninguém, ficar pelas palavras e cair na demagogia barata. Nós não somos aquilo que dizemos, mas sim aquilo que fazemos. Por isso:
"Deixa o mundo um pouco melhor do que o que encontraste." - Baden Powell

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Ofuscado

Este será o artigo mais curto do PNP.

Ontem, a coligação PSD/CDS apresentou as linhas orientadoras daquilo que será o seu programa de Governo...
Ao mesmo tempo (poucas horas depois), noticiava-se a ida de Jorge Jesus para o Sporting, proveniente da Luz...

Será assim tão fraco e vazio aquilo que a coligação tem para nos mostrar que, rumores de transferência de um clube para o outro de um treinador ofusque completamente?

Era só esta questão que eu queria deixar no ar.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Sejamos todos crianças

Como todos sabem, hoje é dia mundial da criança.
E com a evolução recente da sociedade, uma pergunta, clara, se coloca. Que futuro terão as crianças de hoje?
Se é verdade que as crianças de hoje, são os adultos de amanhã, é certo também que o futuro reserva demasiadas incertezas para traçar qualquer plano futuro. Qualquer que seja o prognóstico que se faça, será certamente, falhado no seu todo.

Seria pertinente tentar definir o que é criança, mas mesmo isso se torna impossível uma vez que todos somos crianças. Apenas a diferença é sermos mais ou menos lúcidos. Pelos 23 anos que tenho, acriançados é certo, creio que cada vez que evolui-mos (necessariamente) e que descobrimos o que se passa à nossa volta, a criança que existe em nós tende a desvanecer, resumindo-se a laivos rasgos de comportamentos pontuais e nostálgicos.

Mas, concentre-mo-nos nas crianças de hoje.
Aquelas que, algures, não têm acesso a bens básicos de sobrevivência.
Aquelas que, algures, não têm acesso à educação.
Aquelas que, algures, morrem por falta de cuidados de saúde.
Aquelas que, algures, não conseguem ver o mundo além da miséria que os rodeia.
Aquelas que, algures, sonham com um futuro melhor.

O que será destas crianças, hoje, mas principalmente amanhã?
Como poderão estas crianças ter um futuro próspero? Como se poderão elas preparar para o sucesso que anseiam? Como poderão elas alcançar os seus sonhos?

Não estamos, aparentemente, com uma guerra (quem sabe a terceira guerra mundial à vista)?
Não estamos, cada vez mais, num mundo de egoísmo e ganância?
Não estaremos nós, a voltar ao mundo que se exploram crianças (se é que alguma vez o deixamos)?

Nos últimos tempos, principalmente meses, tenho refletido bastante sobre aquilo que são os objetivos de uma pessoa, que têm de passar, obrigatoriamente pela sua essência. 
Essência essa que, na minha ignorância acredito, é aquilo que somos quando nos encontramos nos "tempos de criança". Estes são, (até hoje que tenho 23 anos, mas pelos testemunhos que tenho recebido e procurado), os melhores tempos da nossa existência (sendo certo que não falei com ninguém que por esta vida tivesse já passado).
É na nossa meninice que, sem preocupações, limites ou obstáculos, sonhamos, acreditamos e lutamos. 
É na nossa meninice que queremos virar o mundo, e que sabemos que somos capazes de o fazer.

A consciencialização da realidade, porém, tira-nos esta magia própria daquela idade.

Num nítido esforço que tenho feito para voltar a essas origens que acima referi, deixo aqui um desafio.
Sejamos todos crianças.