quinta-feira, 18 de junho de 2015

Está nas nossas mãos!

Quero começar por pedir desculpa pelo facto de, na passada semana não ter escrito para o PNP e mesmo esta semana, ou seja, são 3 artigos em falta. Quando assumi o compromisso de escrever todas as segundas e quintas, não imaginei que me poderia acontecer o que aconteceu.
Que, aliás, não foi nada de grave. Apenas uma experiência que tentarei relatar aqui, num artigo que, se for bem percebido (e isso começa por ser bem escrito), será o bastante para perceberem que valeu a pena este tempo de espera.

O que se passou foi que, com muito pouco tempo de antecedência, soube que iria para a Moldávia 10 dias fazer voluntariado europeu, para debater a gestão de resíduos, que, neste país, é muito redutor.

Poderei escrever este artigo, partindo de diversos pontos de vista e adotanto diversas posturas quanto à escrita do mesmo, no entanto, tentarei apenas expressar, da forma mais simples e concisa, aquilo que vivi.

Foi realmente surpreendente para mim.
Uma pessoa como eu, que se bate por espalhar toda esta tendência empreendedora que hoje em dia faz tantos de nós sonhar, vivi e senti na pele aquilo que é estar fora da zona de conforto.
Quando parti, já sabia que iria acontecer, mas nunca me passou pela cabeça que fosse de uma forma tão extrema, e vocês vão já ficar a perceber o porquê...

Tudo começa numa mesa de esplanada, quando um amigo meu faz uma chamada. No final, trocamos as seguintes palavras:
- Vais à Modávia;
- Ai sim? Quando?
- Dia 6.
- 6 De quê?
- Para a semana. 6 De junho. Só precisas de passaporte, ainda tens tempo de o tirar com a taxa de urgência.

Pois bem, no início nem sabia para o que era, nem o que iria fazer. Aliás, no início nem pensei que iria de facto. Acontece que, tirado o passaporte, feita a mala, lá fui eu, não no dia 6 mas no dia 5, rumo a Lisboa para embarcar.
Mas o melhor de tudo, é que não rumei à Moldávia, mas antes a uma mudança, mais uma, na minha vida! Agora sim, posso dizer que sei o que é reduzir as necessidades. Agora sim, tenho alguma moral para falar e para dizer que a nossa vida começa quando saímos da nossa zona de conforto.

Quem me conhece, sabe que no fundo da minha lista de prioridades de viagens estava a zona do leste. Quem me conhece, sabe também que assuntos como a gestão dos resíduos não são a minha especialidade, e que tinha até alguma falta de sensibilidade para este tema em concreto. Pois, falei no passo. Hoje, estou completamente mudado. E não estou a brincar.

Fomos 4 portugueses, que, apesar de sermos todos da mesma freguesia, diferença de idades não superior a 3 anos, e termo-nos cruzado, por vezes, na nossa infância, não nos conhecíamos. Foi preciso deslocarmo-nos quase 4000 km para tal acontecer. E que bom que foi.

Mas houve, para além destas, outras 2 grandes lições que eu retirei desta viagem. E uma certeza também.
A primeira é que é possível viver sem internet! Ok, não é a mesma coisa, claro que não, mas não morreu ninguém, o tempo não parou, fomos e viemos e tudo igual. Esta foi aliás, uma das principais adversidades que eu encarei, para além da barreira linguística, o facto de estar tanto tempo sem aceder à net, fez-me ver que esta é importante, mas não assim tanto. E mais, aprende-se mais com as pessoas, do que na internet. Ouvir as pessoas, sentar numa mesa, conversar e partilhar experiências cara-a-cara é, ainda e sempre será, a melhor das formas de aprender. Todos os dias acedo à internet, e todos os dias aprendo algo, que "no dia a seguir" me esqueço, ou pelo menos, tenho de voltar a ver para recordar. Esta viagem e o que aprendi, não esquecerei nunca.
A outra lição é que, de facto, as questões ambientais são realmente importantes. E a minha geração é natural que não tenha esta noção assim tão clara, mas quando vamos para um país, em pleno ano de 2015, em que ainda não tem implementado um sistema de separação, recolha e tratamento do lixo, tal como o conhecemos, é notório o quão este é importante. Eu cresci a ouvir, desde pequeno, a importância de separar o lixo, sempre soube as cores dos contentores onde colocar o papel, plástico e vidro, mas ir a um país onde ainda não existem este tipo de contentores, faz-nos pensar que o caminho a percorrer é longo. Muito longo. Mas atenção, é trilhável.
A certeza que esta viagem me trouxe, é que no futuro, mais próximo ou não, outras viagens surgirão. É, como disse anteriormente, a melhor forma de aprender, a melhor e mais bonita forma de aprender, devo acrescentar. Então se o fizermos, e com a perspetiva de seguir um caminho, perfeito. Na ultima frase do artigo, poderás ver qual é o meu caminho.

Não me querendo alongar demasiado, e sabendo que o artigo já vai longo, quero apenas reforçar que a discussão, num fórum como o que estive presente, sobre questões ambientais, nomeadamente a gestão de resíduos não é uma questão menor. 
Antes de saber que iria à Moldávia, estas questões passavam-me, de certa forma, um pouco ao lado, devo confessar. Mas hoje, serei muito crítico, começando por mim mesmo, naquilo que é esforçar-me e apelar, assim como alertar para a necessidade de cada um de nós ter a sua responsabilidade e o seu dever de trabalhar no sentido de limpar o lugar onde todos vivemos. Todos, e hoje tenho a certeza disto, devemos fazer a diferença. E o motivo, para além dos demais, e óbvios, é que temos esse poder. Então, se temos esse poder, vamos fazê-lo, não vamos deixar por fazer. Vamos construir algo melhor, mesmo que não seja para nós, mas sim para os seguintes, as próximas gerações.
Todos podemos deixar cair a premissa de quem vier a seguir que feche a porta. Por isso, eu vou fazer, hoje mais do que nunca, a minha parte. Se todos e cada um de nós fizer a sua, estaremos a caminhar na direção certa.

Como poderão constatar, estou com uma outra visão. Não descobri a pólvora, não. Mas a cada dia que passa, descubro o porquê de acordar todos os dias, de querer melhorar, não só a mim, mas o que me rodeia, e principalmente, os que me rodeiam.
Porém, não poderei, nem eu nem ninguém, ficar pelas palavras e cair na demagogia barata. Nós não somos aquilo que dizemos, mas sim aquilo que fazemos. Por isso:
"Deixa o mundo um pouco melhor do que o que encontraste." - Baden Powell

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