quinta-feira, 30 de abril de 2015

PS marca a agenda

Bem, parece que o Governo já não governa. Aliás, já não desgoverna!

Uma vez mais, e é inevitável fazê-lo até às legislativas, tenho de criticar o nosso excelentíssimo Presidente da República. Este compasso de espera até Setembro/Outubro era completamente desnecessário, mas enfim, assim o quis. Mas a fatura maior vai ser o próprio a pagar.
Com este compasso de espera, teremos como centro do debate, quem é e quem deixa de ser o candidato a PR. Até agora, todos, e principalmente os do Governo, tenham dito que seria um assunto para depois de Outubro, mas acontece que já todos sabem e andam a discutir quem será o seu candidato a Belém. Assim, surgem candidatos e potenciais candidatos, que inevitavelmente, criticam Cavaco Silva. Em suma, teremos 5 + 5, isto é, 10 meses em que o próprio vai ser criticado em formato campanha. Até nisso, foi pouco inteligente.

Não obstante da corrida a Belém, temos a corrida a São Bento, e que desta vez é diferente!
O maior partido da oposição decidiu, uma vez mais, inovar em democracia, e decidiu encomendar um estudo macroeconómico. Que, e isto é que é de notar, gera consenso! Exatamente, as medidas são tão boas, tão favoráveis que quem está no Governo, sugeriu que fossem submetidas à UTAO ou ao CFP, pela mão do PS, mas depois destes terem visto os estatutos desses organismos, verificou que não têm competência para fazer tal análise, e então, a resposta de Marco António Costa foi, ora essa, vai e vai mesmo ser submetido a análise que eu vou lá entregar.
Tudo bem, mas apenas demonstra uma coisa, muito clara por sinal. O PSD e o CDS ficaram tão à nora, que a forma de debater, é levar a análise de terceiros. Pois demonstraram ter total incapacidade de debater as propostas.
Ah não, espera lá Pedro (eu), eles apresentaram uma série de perguntas... pois bem, ao que parece, quase todas estavam respondidas na apresentação do documento. E onde estava o PSD a essa hora? A criticar o que estava a ser apresentado em direto! Não é espetacular?

Bem, mas nem só do estudo se faz agenda política em Portugal. Não. A corrida a Belém faz também o PSD/CDS, que ainda dia 24 de abril não tinham dito se iam juntos ou não às legislativas, a esta hora, já sabem que vão também juntos às presidenciais e estão já a escolher candidato. Só é pena que é seja numa postura de reação, e não de intervenção... mas enfim. A oeste, nada de novo!

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Coligação, agradecimento a Cavaco e ainda... Abril

Os últimos dias, politicamente, foram bastante recheados.
Tivemos a resposta do PSD e CDS ao salto para a ribalta do PS. A resposta às propostas apresentadas pelo maior partido oposição, não foi uma visão ou um contraponto a cada uma das propostas, mas sim a confirmação de que a atual maioria vai a votos de mãos dadas. O que revela uma das duas coisas, ou existe falta de conteúdo, ou o PS conseguiu surpreender a maioria e houve a necessidade de atrair novamente os holofotes...
Era óbvio que iam conseguir coligar, quer fosse antes ou depois das eleições. E muito honestamente, gostei de ver que o fizeram antecipadamente. Assim, as responsabilidades destas políticas serão completamente partilhadas e os portugueses terão a oportunidade de julgar, na urna, toda a linha governativa. Não haverá naqueles dois partidos o colher de louros (não sei quais, mas não haverá na mesma), ou o discurso populista de "iam fazer, mas não deixaram", ou "mesmo ameaçados, ficamos e avançamos com as nossas propostas". Não! O Governo vai a votos como um todo, e os portugueses terão a verdadeira arma na mão, quando puderem colocar a cruz.

Ora, mas nem tudo é assim tão bom. Ou melhor, até é bom, mas podia ser melhor. Claro.
Vejamos, neste momento sabemos quem vai a votos, em que condições e o que vamos votar. Temos os partidos que formam Governo a quererem ser julgados pelo seu trabalho. Temos já um PEC por estes apresentado, que prevê os próximos 4 anos, que é no fundo a coerência dos últimos 4. A continuidade da austeridade é para levar a cabo. Depois, do maior partido da oposição, aquele que poderá tirar a direita do poder, aquele que representa a verdadeira alternativa, temos já algumas propostas. Estas são bastante esclarecedoras da política que será seguida. Para uma análise mais aprofundada, poderemos ver o que Tony Blair levou a cabo com a sua "terceira via", como nos deu conta, Manuel Carvalho no seu artigo ontem no Público.
Temos portanto, as cartas todas em cima da mesa. O que me leva a afirmar que poderíamos, facilmente, ir às urnas daqui a um mês. Mas, olhando agora para o calendário, daqui a um mês calha... exatamente, final da primavera início do verão. Já houvimos falar disto não já?
Resta-nos por isso, agradecer a Cavaco Silva pelo compasso de espera que teremos até final do verão início do outono.

Para finalizar, e mesmo em nota de despedida, obviamente que o facto de estarmos a viver esta época festiva das comemorações do 25 de abril não passariam em claro no PNP. Como tanto, e bom atenção, se tem escrito por esta internet fora, apenas deixo a frase que consta na imagem deste artigo. Abril é poder ficar!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Acabou o diz que disse

Muito já se tem escrito sobre cada uma das propostas, sendo que acredito que muito poucos foram os que leram o documento na integra. Falo claro, do estudo que 12 economias elaboraram que servirá de base, para que o PS faça o seu programa de Governo.

Ainda a apresentação estava a ser feita, e já haviam conclusões a tirar de um documento com cerca de 100 páginas. Fico surpreendido por ver a quantidade de speed readers que Portugal tem...

Depois de apresentado este documento, e onde constam medidas que o PS poderá levar a cabo, caso seja Governo, tudo será diferente daqui até ao dia das eleições. A rutura entre PS e maioria está agora muito clara. Está tão clara, que os únicos partidos a reagir ao documento, foi o PSD e o CDS. Os da esquerda, LIVRE PCP e BE preferiram não se expressar. Caso o fizessem, creio que teriam séria dificuldades em criticar.
A partir de agora, já não há desculpas. Já há resultados de 4 anos de governação, com algumas propostas dessa mesma coligação para os próximos 4 anos, e já há também algumas propostas do maior partido da oposição... Já não se vai discutir mais o diz que disse. 

O PS foi, uma vez mais, inovador na democracia. Não me refiro apenas ao tempo em que foi o grande impulsionador da democracia em Portugal, mas apenas e só destes últimos 12 meses. Desde que António Costa se mostrou disponível para liderar o PS, aliás, para ser o candidato a Primeiro-Ministro pelo PS, vimos já de forma inédita eleições primárias num partido, a abertura a simpatizantes, a abertura ao cidadão para apresentarem propostas a incluir no programa apresentado pelo PS e agora vemos ser apresentado um estudo macroeconómico, com simulação de medidas, para que se evite os vídeos virais que por aí andam, em que Passos Coelho antes das eleições dizia fazer uma coisa, e no cargo de PM, fez exatamente o oposto.
Não, o PS é diferente, e como disse o secretário-geral na festa da democracia, no passado domingo: "Palavra dada é palavra honrada".

Esta é uma nova realidade para a nossa democracia, este, é o caminho de aproximação do eleitorado ao eleitor.

Gostaria de terminar a deixar um desafio aos canais de televisão e jornais, principalmente aos mais sensacionalistas, que façam uma sondagem verdadeira. Creio que a descolagem de que se tem falado está aí ao virar da esquina...

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Os que arriscam pelos desprezados

Esta semana é inevitável se falar no que se tem passado no mediterrâneo.
Estes últimos dias têm sido um cemitério autêntico, aquele mar, de ninguém, tanto significa esperança como desespero. Falta coragem para acabar com esta situação.

Nos últimos anos tem-se agravado, e nada de significante tem sido feito. A responsabilidade cabe a quem? Esta é uma pergunta pertinente, e mesmo não tendo uma resposta clara, a Europa deveria fazer algo. Afinal de contas, estas pessoas arriscam a vida a tentar entrar no velho continente. Muitos são os que ficam pelo caminho.

Os motivos que os movem são vários. Os principais, ao que parece, é a ambição de uma vida melhor, a fuga ao regime ditatorial e ainda trágico humano. Este último acaba por ser o aproveitamento de alguns, do desespero dos outros.
No norte de África, onde após a primavera árabe ainda reina a instabilidade, política e social, tem sido o palco principal do Estado Islâmico, o que agrava ainda mais toda a situação já por si degradante,
É importante não esquecer que estamos a falar de uma das zonas, senão a mais precária de todas no mapa mundo.
E é igualmente importante lembrar que é de pessoas que estamos a falar, pessoas que têm desejos e ambições, sonhos e que querem lutar por algo mais digno, por direitos.

Pois bem, e escolhem que refugio? Aquele que muitos desprezam...
Escolhem precisamente aqueles que são vistos, na Europa, como os patinhos feios, aqueles que não cumprem com os altos requisitos financeiros, aqueles que estão longe da perfeição produtiva.

Toda esta situação, em que vemos vezes a fio pessoas arriscar a vida para entrar na Europa, deve ser um motivo para que os que cá estão, para nós, valorizarmos a família a que pertencemos. Mas devemos ir mais longe, e não pensar que essa mesma família não pode ter novos elementos. Não! Devemos viver com o espírito aberto e agregador.
Temos de, urgentemente, pressionar todas as instituições e meios possíveis para fazer algo, algo que resolva o problema, e erradique com a clandestinidade. Só assim podemos salvar vidas, e entregar dignidade aqueles que conseguem passar o martírio de muitos, que conseguem passar o cemitério de água, carregada de cadáveres.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

A descolagem está a tardar... mas vai chegar.

Hoje ficamos a saber, uma vez mais, que o PS ainda não descolou nas sondagens.
Ora, há várias formas de interpretar tal situação, entre elas, a de dramatizar, outra poderá ser a de tentar perceber porquê e ainda uma outra, a de desvalorizar.
A minha favorita é tentar perceber o porquê. Até porque qualquer uma delas me parece exagero.

Dramatizar é puxar demasiado a brasa à sardinha daqueles que achavam desnecessária a atitude de Costa se disponibilizar à liderança do PS. Eu, como sabem, apoiei e votei no António Costa, e olho com bastante agrado para a democratização que foi introduzida no PS por via dessas primárias. A mais não seja, e não tendo um custo nas intenções de voto, visto que se mantém mais ou menos igual à vitória nas europeias, o beneficio dessas eleições para o candidato a Primeiro-Ministro cobrem bem o custo de um ano praticamente iguais nas sondagens. E deveremos ter em conta que estamos a comparar as eleições europeias com as sondagens para as legislativas. Porque se bem me lembro, nessa mesma noite, a TVI lançou uma mega sondagem em que dava apenas por décimas a vantagem ao PS caso aquelas eleições fossem para as legislativas. Mas ainda assim...

Já desdramatizar não figura como favorita porque quando António Costa se disponibilizou para a liderança do partido, inevitavelmente, houve uma divisão no mesmo. E isso, tem um custo, obviamente. Outro aspeto é precisamente o facto de não se verificar aquilo que muitos esperariam, que fosse quase automático que o PS descola-se para a maioria absoluta nas intenções de voto, e que se verificasse e traduzisse a vitória que Costa obteve, expressiva, de 70%-30%.

Mas vamos tentar perceber o porquê...
Até agora, depois da vitória nas europeias, o PS entrou numa guerra interna, que durou meses, ou seja, faz com que não estejamos a falar de 11 meses, mas antes de uns 6 meses de liderança do ex-autarca. Depois, e após eleições primárias de Setembro, no fim de semana em que António Costa era eleito líder oficial do partido, o único homem que até agora deu uma maioria absoluta ao PS foi detido. Não obstante, ainda não foram apresentadas grandes ou substanciais propostas, ou pelo menos, ainda não se conseguiu clarificar os eleitores do que fará o PS, sendo que é algo que está a tardar em aparecer, mas que ao mesmo tempo, ainda estamos muito longe das eleições. Sim, porque na política, meio ano é uma eternidade.

Dados todos estes factores, creio que o PS tem todas as condições para, nas urnas, descolar para a maioria absoluta. A distância do PS para a maioria absoluta é menor do que para o PSD... e isso tem significado valor, quando ainda falta apresentar o programa, que pode mudar as regras do jogo a seu favor.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Foi um vazio, sem aditivo nem lubrificante

Não sei se souberam, ou se sim, se tiveram a oportunidade de ver, mas Henrique Neto, primeiro candidato conhecido às eleições presidenciais, foi esta terça-feira ao programa 5 para a meia noite, com o José Pedro Vasconcelos.
É certo que o programa é de humor, não se esperaria que fosse um debate político com ideias demasiado fundamentadas nem muito menos questões técnicas... mas assustou-me ver o vazio das palavras de Henrique Neto quanto à situação do país e dos portugueses.
Não teve, mesmo quando perguntado diretamente, uma ideia a desenvolver sobre o que espera vir a fazer como PR se for eleito. Não teve uma única frase em que se notasse a visão estratégica para o país. Não consegui retirar nada, rigorosamente nada, de substancial da entrevista que deu.
Mais, após o programa, o que fez mesmo mais sentido foi o que o próprio deu a entender logo no início da mesma, que foi convidado a ser candidato, que estava no sitio certo, à hora certa. Isto a mim não me convence, nem tão pouco me leva a sequer questionar o meu voto no próprio. Longe disso.
Fica aqui já escrito que, mesmo se o PS vier a apoiar Henrique Neto, com o meu voto não contará.

Mas, não falando de presidenciais, e colocando uma questão óbvia... Fomos todos enganados?
Falo das gasolineiras, que agora têm todas gasolinas iguais, supostamente sem aditivos ou lubrificantes. Ou seja, até aqui, repudiava-se as gasolinas de marca branca porque não continham estes elementos, mas agora, é igual em todas... Não faz lembrar o que se passou no BES? Eram papeis comerciais bons, mas de repente, valeram zero.
Estamos todos atados, fazem o que querem, literalmente.
Enquanto isso, o preço da gasolina continua diferente de posto para posto, mas pelos vistos, é a única diferença.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

De Guterres a Obama, a política é assim mesmo

Por incrível que pareça, os dois temas de hoje não são a dupla presidenciais e Grécia.
O que é raro este ano de 2015...

Porém, as presidenciais, não poderão deixar de ser tema, depois da entrevista de Guterres.
O outro tema, será política internacional. Mais de 50 anos depois, Cuba e EUA sentaram-se à mesa de negociações. 

Comecemos então pela não disponibilidade de Guterres a candidato a candidato. E eu pensei, ok, a ser candidato, é à presidência da república, e não ser candidato a candidato. Mas com o passar das horas, começo a convencer-me de que não está mesmo para aqui virado. Tal como Portas tá nem aí...
Guterres parece estar focado em cargos internacionais e cargos de ação em concreto, no terreno. Com os últimos anos da nossa história, creio que o ideal para uma pessoa assim é não ser Presidente da República.
No entanto, não deixo de declarar que seria Guterres o candidato que gostaria de ver no boletim, mas a não ser possível, teremos outros, certamente também competentes. É importante não deixar de relembrar que as candidaturas a Belém são de iniciativa própria, e não iniciativa partidária.

Outro tema que gostaria de trazer para este artigo, é o facto de Obama conseguir mais um enorme feito democrático... Sentar-se à mesa com Cuba. É a demonstração de que não há impossíveis e que a política é mesmo uma ferramenta de agregação, e uma plataforma de fazer coisas acontecerem, de preferência, que beneficiem as pessoas. Independentemente do que as separa.

Fica este artigo curto, onde se pôde ver que na política, mais do que em tudo, o que hoje é verdade amanhã é mentira e vice-versa. Não por falsidade dos intervenientes, mas pela capacidade de diálogo e os seus frutos.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

13 candidatos a Belém, 400 Milhões para o FMI

As presidenciais e a Grécia, parecem, definitivamente, ser os assuntos do ano... Pelo menos aqui no PNP.

Hoje, mais um candidato a Belém, Paulo de Morais.
Depois de Henrique Neto ter apresentado publicamente a candidatura, foi a vez de surgirem notícias de que Paulo de Morais vai também apresentar candidatura.
Não tive a oportunidade de o ouvir, quando se este foi à Universidade do Minho, mas muitos colegas meus marcaram presença, e gostaram bastante do agora candidato.
Proveniente das fileiras do PSD, e que se insurge contra a corrupção, tem tudo para ser um candidato a ter em conta na contagem dos votos.
E é também em si, uma boa notícia. Uma vez que, e tendo em conta que a lista de candidatos ou possíveis candidatos parece não ter fim, a possibilidade de segunda volta ganha forma.

O PS deveria estar bastante atento a todas as movimentações. Se quer na prática ter um Presidente, é bom que torça para que hajam bastantes candidaturas para que os votos se dividam.
Sim, porque Guterres parece ainda manter o tabu, e seria aquele que à priori, poderia resolver o problema logo no na primeira volta.
Não obstante, muitos militantes socialistas, principalmente dirigentes e figuras do secretariado, insurgem-se em apoios a diversas potenciais candidaturas, senão mesmo com candidaturas próprias.

Se é leitor habitual do PNP, perguntar-se-à: Mas então ele não defendia que a esquerda deveria organizar-se em torno de uma só candidatura para fazer frente à direita? Sim, defendia e defendo, mas uma vez que a lista de potenciais candidatos, todas com numerosos e importantes apoios, faz com que tenhamos chegado (e repare-se, 10 meses antes) a um ponto em que agora o que se tem de lutar é por uma solução bastante credível para a segunda volta.

Exagero da minha parte? Sim, certamente. Mas vejamos a lista de nomes que já foram atirados ao ar:

  1. António Guterres
  2. António Vitorino
  3. Sampaio da Nóvoa
  4. Paulo de Morais
  5. Rui Rio
  6. Jaime Gama
  7. Manuela Ferreira Leite
  8. Proença de Carvalho
  9. Henrique Neto
  10. Carlos César
  11. Santana Lopes
  12. Marcelo Rebelo de Sousa
  13. Maria de Belém

Entre esquerda e direita, são 13 os nomes acima referidos, que em qualquer blog, jornal ou declarações na TV já foram falados para as presidenciais. E certamente, me esqueci de alguém.

Para finalizar, a Grécia, no dia a seguir a eu escrever neste espaço que parece ter intenção de deixar a UE, pagou mais de 400 milhões de euros ao FMI. Assim, sempre dá para sossegar as hostes europeias. Mas depois de ter ido à Rússia para fazer frente à Europa, paga esta quantia ao FMI... trás água no bico, creio.
Atentemos aos próximos episódios.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Europa torta

Alexis Tsipras está a mostrar, desde que apareceu em primeiro plano, duas coisas extraordinariamente diferentes e meritórias, no entanto, um tanto ou nada repugnáveis! Confuso? Sim, mas vou explicar...

Desde que Tsipras entrou nas nossas vidas, temos assistido a uma vontade enorme de rutura para com a união europeia, uma postura que pode até, com facilidade, ser considerada irresponsável, e tem demonstrado que a suposta grande potencia união europeia, as próprias instituições europeias pouco ou nada valem em termos macro, no espectro político e na nossa geopolítica.

A Grécia, tal como Portugal, há muito tem tido problemas de diferentes ordens, essencialmente económicas. Com algumas crises políticas pelo meio, essencialmente na Grécia, mas o grande problema para os "poderosos" europeus é as nossas contas públicas. É natural, afinal de contas somos daquele grupo que fica lá para baixo, para o sul...
Mas para o povo grego, apareceu um D. Sebastião, que ia romper com tudo e fazer o que queria... Erro. Irresponsabilidade. A partir do momento em que estamos numa comunidade, temos de saber viver nela. Não temos de ser submissos, temos de ser credíveis, responsáveis e capazes. Apenas isto.
Mas a vontade de Tsipras em resolver os problemas "a bem" é tanta, que agora foi estender a mão ao maior adversário europeu de momento, à Russia. Dá para acreditar que a Grécia queira manter-se nesta união? Claro que não. Não o quer senão não iria agora fazer frente à Europa com uma possível troca de favores com os russos.

O que, pelo seu lado demonstra bem o quão insignificante as instituições europeias o são hoje em dia, no panorama político internacional e na geopolítica que vivemos. Elegemos à menos de um ano, um novo presidente para a comissão europeia... Alguém sabe o que ele tem a dizer? Nós (portugueses, espanhóis, ingleses, irlandeses, franceses, ...) nunca votamos para a chancelaria alemã, mas todos sabemos o que Merkel tem a dizer e que as suas decisões ou apenas opiniões a todos nos afeta. Isto é união? Isto é comunidade?

É, como tenho vindo a dar conta aqui no PNP, um pau de dois bicos esta tomada de posição grega, que muito meritório é por não se submeter (como nós o fazemos de forma vergonhosa) mas que muito repugnável pode ser pela não comunidade em que vivem ou querem viver...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Presidenciais e candidatos

É impossível não falar das eleições presidenciais, novamente, no artigo de hoje.

Sampaio da Nóvoa estará, ao que parece, prestes a assumir uma candidatura a Belém, com o possível apoio do PS.
Ora, eu tenho já dito, variadas vezes, que este deveria ser um assunto a ser definitivamente pensado, após as eleições legislativas. Acontece que porventura, terá de se pensar um pouco antes, dados os acontecimentos recentes.
Se a esquerda quer vencer, terá de se concentrar num candidato, no limite, em dois candidatos.
A primeira volta poderá ter muitos candidatos, isso não é problema algum, logo que não seja para entregar uma vitória logo na primeira volta à direita. O que poderá acontecer com relativa facilidade.

Também é sabido que eu tenho simpatia por uma possível candidatura do ex-reitor da Universidade de Lisboa, mas isso não quer dizer que prefira essa candidatura à de António Guterres. Mas o que creio que é grave, é ver o PS (através dos mais variados elementos) dispersarem em diferentes candidatos.

A possibilidade de Sampaio da Nóvoa se candidatar, é tudo menos consensual dentro do partido. E é fácil de perceber porquê, porque não vem da máquina partidária.

Por outro lado, a possibilidade de Guterres, que aquando das primárias parecia ser certa, e era até um dos únicos pontos comuns entre Costa e Seguro, parece estar cada vez mais distante. É certo que seria o candidato ideal, mas seria ou será se o próprio se candidatar. Para rejeitar completamente, já é tarde, mas deixar todo este tabú, também não o beneficia. E o facto de o PS já ter votos em Henrique Neto, possivelmente em Sampaio da Nóvoa, faz com que uma candidatura de Guterres seja ainda mais fragmentária.

Enfim, a verdade é que vemos muitos elementos do PS a disparar em diversas direções. Alguns parecem até ter posto de lado a hipótese mais consensual, a do ex-primeiro ministro. Esta sim, seria a verdadeira candidatura do PS, qualquer outra será vista como recurso.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Dois apontamentos da semana de Costa

Vejo muito artigos por ai e essencialmente comentários no facebook de pessoas que se referem a Antonio Costa por 2 aspectos essencialmente:
  1. Que fez Seguro sair da liderança do PS com 3 vitorias no bolso (europeias, autárquicas e Açores) para agora registar uma eleição e uma derrota, na madeira.
  2. O outro apontamento prende-se com o facto de agora estar a tempo inteiro como lider do PS, uma vez que deixou a CM Lisboa.

Em relação ao primeiro ponto, tenho a dizer que discordo totalmente. E necessário que se contextualize as coisas, e ninguém esperava que o PS vencesse aquelas eleições, nunca o fez na verdade. Nem com Sócrates, que foi quem conquistou a maior vitoria de sempre do Partido Socialista o fez. 
E é necessário aqui também deixar claro que não foi Costa quem tirou de lá Seguro, mas sim isso foi resultado de uma eleições primarias, em que mais de metade, eram simpatizantes, ou seja, quando Costa se dispôs não sabia sequer quantos iriam votar. 

A outra nota, já me identifico mais. Cada vez mais, os altos cargos, como alias acontece com quase todos, existe uma certa incompatibilidade. Não que faltasse legitimidade. Mas porque num partido, é necessário que o líder esteja sempre presente para que haja algum filtro, no mínimo, as tendências e posições que são assumidas por diferentes pessoas. Não que seja um incentivo ao não pluralismo, mas sim para que haja coerência de discursos. Ao fim ao cabo, uma estratégia. E isso é o que o PS precisa agora para rumar a maioria absoluta.