terça-feira, 5 de agosto de 2014

Guterres a unir, esquerda e PS

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Parece haver um consenso em torno de uma candidatura de Guterres a Belém, o que é revelador de algumas mudanças dentro do próprio PS.

Vou tentar elogiar, uma vez mais, a iniciativa de António Costa à liderança do partido, mas é certo que esta disponibilidade trouxe benefícios. Podemos ver a forma como no próximo dia 28 de Setembro se irá eleger o candidato socialista a Primeiro-Ministro. É algo inovador na política (não em proposta mas em acção) e que muito provavelmente, será aplicado pelos restantes partidos também.

Porém, evitar-se-à desde já, o episódio ocorrido nas europeias quanto ao candidato e à sua escolha. Como todos nos recordamos, até que Assis fosse oficialmente anunciado, levou o seu tempo. E também ainda não saiu das nossas memórias, creio, o triste convite em cima do joelho de Seguro para que Soares fizesse campanha no Chiado.
Toda esta pré-campanha e mobilização em torno de um outro António (depois de Seguro e Costa, Guterres é o terceiro), revela que já existe uma maior organização no Largo do Rato.

Mas existem ainda outras vantagens. O PS, e não interessa trazer para aqui novamente por "mão" de quem, foi capaz de apresentar um candidato que parece agradar a toda a esquerda. Nomeadamente, ao recente LIVRE (que me vai "obrigar" a escrever uma nova análise por me surpreender).

Por outro lado, este candidato apresenta alguns telhados de vidro, como por exemplo a postura na questão do aborto no referendo de 98 e também a sua proximidade ideológica à democracia-cristã.
O que pode até ser bom porque vai buscar votos à direita, visto que existem votantes do PSD e do CDS que preferem Guterres a Marcelo ou Rio.

Para terminar, apenas posso desejar que o PS se mantenha "fiel" a este candidato, independentemente do que se passar dia 28 de Setembro. É importante que se mantenha uma imagem credível e em que os portugueses podem contar.
A mim, Guterres é um candidato que me agrada. Mas estou curioso para saber o que vai dizer nos debates.

sábado, 2 de agosto de 2014

Carlos foi a moeda.

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Já todos devem saber, mas Carlos Moedas foi o escolhido de Passos Coelho para Comissário Europeu.
O que revela algumas coisas bastante interessantes, algumas até, depois de uma breve pesquisa na nossa imprensa, não dei conta de já estar escrito.

Mas comecemos pela escolha.
Juncker, o novo Presidente da Comissão Europeia, pediu que Portugal, ao contrário do habitual, escolhesse uma mulher. Passos Coelho tinha em cima da mesa, a Ministra das Finanças e Maria João Rodrigues (PS). Esta última, seria a escolha mais natural, pois pertence ao partido que venceu as europeias, tem confiança com Juncker e tem experiência europeia... Mas adiante.
1. Logo, já percebemos que Passos Coelho tem dificuldade em identificar aquilo que é uma mulher.

2. Passos Coelho parece também não ter percebido aquilo que são resultados eleitorais. Penso que não haverá grande dificuldade em perceber que se foi o PS a vencer as europeias, o comissário deveria também ser do PS, ou no mínimo, este ser chamado à decisão de escolher.

3. Mas a culpa, a meu ver, não recai apenas e só no nosso Primeiro-Ministro. António José Seguro, mais do que nunca, tem uma posição muito fragilizada, ao ponto de, já nem os louros da vitória nas europeias pode usar contra Costa. Senão vai dizer o que? Os portugueses votaram no partido que eu lidero, mas mesmo assim, nem tive a capacidade de me sentar a mesa com quem escolhe o comissário! Não me parece boa estratégia, muito sinceramente.

4. Outra conclusão a que podemos chegar, muito facilmente, é que no que depende da escolha de Portugal, a austeridade na Europa é para continuar. Ora se envia Carlos Moedas, que teve lado-a-lado com a troika desde a negociação até ao fim (e que ficou agora sem funções específicas), tendo até elogiado as políticas que nos puseram assim diversas vezes, só podemos retirar que a sua ida para Bruxelas é um incentivo à austeridade.

5. Mas não posso deixar de agradecer ao nosso Primeiro-Ministro, sim, porque nem tudo é mau... Desde que chegou e formou Governo, e depois de algumas políticas desenvolvidas, conseguiu afastar de Portugal e dos portugueses Álvaro do Santos Pereira, de quem os portugueses nem se lembram já, Vítor Gaspar, que aplicou um enorme aumento de impostos, e de quem os portugueses não têm muitas saudades, e agora Carlos Moedas, que foi um dos mentores e defensores deste programa, tal como foi imposto. Por isto, muito obrigado caro Pedro.

6. Por outro lado, e já que estou a elogiar Passos Coelho, aproveito para dizer que pode ser bom Carlos Moedas ir para Bruxelas, pelo facto de poder vir a ser também o rosto da renegociação, uma vez que a Europa precisa de mudar de políticas e este pode ser um elemento fundamental para o fazer.

Depois de tudo isto, e resumindo, Juncker pediu uma mulher e em troca dava uma pasta relevante ou um vice-presidência, Carlos foi a moeda.