quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Agitação no PS

A grande agitação do PS de hoje deve-se ao facto de este possuir de dois militantes com capacidades de liderar inegáveis... 

No entanto, visto por muitos, Seguro não tem tido um papel dominante na vida política, mesmo sendo principal opositor deste Governo. Seguro é de uma linha de opositores moderados, responsáveis e que tenta sempre o diálogo. Contudo, já o foi mais. É verdade que Passos Coelho pouco ou nada fez para "estimar" um opositor assim, mas a verdade também é que poucas outras alternativas teve até agora Seguro senão esta devido à herança que herdou e também ás limitações deste executivo!
Por outro lado, o autarca lisboeta tem já provas dadas de governação, quer a nível central como local, mas é ainda e pelos vistos pretende continuar a ser presidente de Lisboa.
Em boa verdade, qualquer um dos dois, a meu ver e como militante da Juventude Socialista, seria um óptimo líder do partido, e parece-me incontornável que ambos um dia tenham já por lá passado. Seguro já o é, António Costa o seguirá. Resta saber quando.

Se tivermos em conta que este Governo tem ainda mais dois anos e meio de mandato e que é maioria absoluta, se nada de grave acontecer (que quase já aconteceu) chegará ao final. E segundo isto, parece-me que deveria continuar Seguro na liderança, uma vez que seria agora reeleito e se daqui a dois anos não tiver uma alternativa credível ao Governo, aí sim se trocaria de líder. Mas se pretendermos fazer uma oposição serrada, coesa e com uma alternativa mais próxima e possivelmente um partido mais unido ou pelo menos com menos vozes a duvidar das capacidades do secretário-geral, António Costa será a solução.
Já se deve ter notado que gosto tanto de um como do outro, mas para primeiro-ministro, acho que preferiria António Costa, no entanto, essa meta está ainda longínqua temporalmente, e não me apetecia nada ver a Câmara de Lisboa não ser "entregue" ao PS.

Mas uma coisa é certa, quem pode ganhar com toda esta agitação é o PSD, que caso Costa avance para a liderança e vença, Lisboa fica mais perto para Seabra mas as legislativas também sofrem um encurtamento de tempo, se Costa não vence a liderança, a Câmara deve fugir a Seabra mas Passos Coelho beneficia. Porém, uma reeleição a Seguro pode e é aliás óptima, pois consolida a sua liderança e fortalece o PS para Outubro.

Resumindo e concluindo, a meu ver, eleições agora é bom, pois pode ajudar a fortalecer, demonstra a democracia dentro do partido ou então, faz com que um líder esperado já algum tempo tome posse e possa oferecer aos portugueses uma alternativa a qualquer momento.

PS: Peço no entanto ao partido que não se torne idêntico ao PSD que trocou várias vezes de líder enquanto Sócrates era PM!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

"Batalha" RTP


A situação da RTP, é mais um dos pontos de desacordo entre o PSD e o CDS.
Noutros pontos, em que o CDS não concordava com a posição do PSD e consequentemente com a medida do Governo do qual faz parte, o partido centrista acabava por ceder e sair como "derrotado".
Hoje foi decidido pelo Governo que a privatização da RTP iria ficar para mais tarde, dando assim uma vitória ao CDS.
Esta questão da RTP é muito sensível, uma vez que mexe com um canal público, que está na constituição e que seria muito difícil de privatizar, quer constitucionalmente, que a nível económico. 

Agora, esta "vitória" do CDS pode ser muito perigosa. Uma vez que pode ter diferentes leituras, uma delas é que de facto o PSD possa ter reconhecido que Paulo Portas tinha razão, outra, é que o Governo, por ser de coligação, toma constantemente medidas negociadas, e pode ter havido aqui uma questão de "pontos" a entregar, isto é, uma forma de agradar o CDS para ganhar assim algum fôlego para as próximas batalhas a travar. Este é um ponto bastante importante, uma vez que Passos Coelho estava, e continua a estar isolado, cada vez mais, e com esta "pequena" cedência ganha assim muito terreno dentro do próprio Governo. Desta forma, um Governo que estava aparentemente com os dias contados, em apenas uma semana parece ter ganho mais um ano de governação incontestável! 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Alternativa PS e juros da divida

Neste artigo de opinião vou escrever sobre dois temas que estão na ordem do dia, a discussão interna dentro do PS relativamente a ser já uma alternativa ao Governo e também a emissão de divida a menos de 5% de juro.

1. Silva Pereira diz que o PS ainda não é alternativa ao actual Governo e que deve até, ir a eleições internas antecipadamente. É certo que o PS por vezes parece ainda algo repartido, ainda não mostrar a coesão necessária para formar Governo, muito menos uma maioria absoluta, porém ser alternativa a este executivo parece-me ser algo ao alcance do Partido Socialista liderado por António José Seguro, até porque não é muito difícil dado as asneiras que temos assistido. Por isto, discordo de Silva Pereira quando diz que o PS não é alternativa neste momento mas concordo com o facto de ser ir a eleições! 
Caso hajam internas antes de Setembro, não só pode ser uma força extra à liderança do partido para enfrentar as autárquicas como uma força para o próprio Seguro, uma vez que há quem diga que não é o líder certo para o PS neste momento. Assim, não só se dava a oportunidade aos militantes de demonstrar o quão forte é este líder  como principalmente, e a meu ver usar aquilo que é mais importante num congresso, ouvir os militantes, as suas ideias e propostas.

2. Hoje Portugal voltou a ir comprar dívida aos mercados, uma operação vista como bastante bem sucedida. Mas acontece que, a meu ver, esta não é uma boa notícia, apenas uma notícia menos má. O facto de termos comprado dívida, demonstra que com o apoio da troika por si só não teríamos resolvido o problema de falta de financiamento. Esta ida ao mercado, juntamente com o pedido de alargamento do prazo do empréstimo, dá conta de que afinal era preciso mais dinheiro, e mais tempo. A esquerda sempre o disse, o Governo sempre o recusou. Vítor Gaspar anda todo contente com o facto de estarmos a ser bem visto lá fora, mas o povo não anda com o sorriso na cara. Num artigo, Henrique Monteiro diz tudo apenas com o titulo: "Portugal volta ao mercado, os portugueses não"! 
Comprar dívida não é bom! Não é motivo de festejo! Comprar dívida é endividar, é ter de pagar mais tarde o que pedimos hoje e ainda dar que ganhar a alguém! É colocar as gerações futuras a pagar aquilo que hoje é pedido! E o facto de ser a menos do que 5% de juro por si só não diz nada, porque se o que foi pedido hoje servir para pagar o que se pediu "ontem", de nada serve festejar... Apenas podemos esboçar um ligeiro sorriso se for para investir na nossa economia, apoiar as pequenas e médias empresas, reduzir o desemprego, senão de nada vale pedir dinheiro a ninguém, que só serve para piorar.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Governar sem olhar para o país.

Uma vez que os governantes governam para os cidadãos, parece-me claro que é a opinião destes que avalia o sucesso do seu trabalho ou não.
Começo este artigo de opinião com uma afirmação, que não vem ao acaso! À muito que ando para escrever sobre este assunto, tal como muitos outros, mas hoje chegou o dia, e vamos já ver mais à frente porquê. 

De à uns anos a esta parte, temos vindo a viver numa ditadura, sim ditadura. Estamos completamente reféns dos mercados internacionais, da disposição dos credores e dos especuladores. Parece-me óbvio que no decorrer dos últimos anos temos vindo a assistir a um ataque quer ao euro, quer à União Europeia. Para que este seja bem sucedido, ataca-se as economias mais frágeis, ou seja, as da periferia. Mas não tendo em conta este facto e focando apenas no tema, os Governos têm sido avaliados pelas taxas de juro a que os países recorrem aos mercados e daqui se tem tentado retirar as realidades dos diferentes países, mas não é este o indicador que nos dá conta do estado de uma nação! São as pessoas, os cidadãos que nos dão conta de como realmente é o dia-a-dia, o quotidiano.

Este Governo, que governa limitado com um programa de ajustamento. Este ajustamento é avaliado periodicamente  e essas avaliações tem tido nota positiva. E eu pergunto-me como desde a segunda avaliação! Temos vindo a assistir ao descontrolo das contas públicas, projecções completamente falhadas, desemprego... é melhor nem falar, divida a gerar divida e austeridade a empobrecer os portugueses e matar a economia. Mas mesmo assim, a nota positiva e a nova tranche têm chegado.

No ano que findou à dias, vimos o desemprego atingir máximos históricos, divida como nunca antes vista e direitos retirados que eram "intocáveis", mas existe um pormenor de grande relevo, é que nos mercados que até não podemos recorrer, o preço do juro baixou para menos de 7%! Mas a minha pergunta é uma, e os portugueses, como se sentem? Foi a pergunta também do inquérito hoje publicado pelo "Público" que dá conta de um novo recorde, é o do pessimismo das pessoas no máximo. O Governo diz ser um sucesso a aplicação deste memorando, como dá nota a baixa da taxa de juro, já o Presidente da Republica disse na sua mensagem de ano novo que "precisamos de recuperar a confiança dos portugueses. Não basta recuperar a confiança externa dos nossos credores", passando uma imagem de lucidez. Não era suposto estar o Governo com as mãos na cabeça neste momento por este indicador revelar que os portugueses não estão de longe satisfeitos com as suas políticas? A mim parece-me que sim...

No que toca à taxa de juro a 10 anos, o Governo congratula-se de algo que tem conseguido através de um fracasso, isto é, não é por causa do executivo que a taxa de juro está assim tão baixa, mas sim porque a Grécia tem um acordo renegociado e porque o BCE disse que irá defender o euro a todo o custo! Digo fracasso porque quanto ao acordo grego, Passos Coelho fez um trocadilho de palavras e de ditos por não ditos que em nada servem para congratular o seu desempenho, muito menos quando cria mais uma vez divergências de opinião dentro do próprio Governo.

Para resumir tudo isto, acabo citando Vítor Bento que diz: "Talvez fosse útil que o Governo desse mais atenção à frente interna, porque, senão, arrisca-se a ganhar no exterior, perdendo o país".

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Finalmente, Cavaco!

Sou jovem, gosto de política e aprecio discursos!
Confesso que tenho saudades de ver e ouvir "grandes" discursos, e os últimos que tenho em mente como sendo memoráveis tenho assim de repente o de derrota de José Sócrates nas últimas legislativas (em que demonstra bem o que é saber perder e sentido de responsabilidade), ou mesmo o de vitória de Barack Obama reeleito recentemente (onde reiventa uma eleição). Contudo, neste inicio de ano, Cavaco Silva entra neste lote (inesperadamente). 

Neste segundo mandato de Presidente da Republica, Cavaco tem exercido um papel bastante modesto, silencioso de mais! É certo que tem feito um trabalho de bastidores dito notável, mas também é certo, e uma vez que vivemos num regime semi-presidencialista, deveria intervir mais de forma a evitar o descalabro que estamos a viver.

No entanto, na mensagem de ano novo, fez o que a meu ver tinha de ser feito. No dia em que entrou em vigor o OE mais penoso para os portugueses, o PR explicou o porquê de o ter aprovado, salientou ainda que irá pedir ao Tribunal de Constitucional fiscalização sucessiva do orçamento de forma a tirar as dúvidas quanto a constitucionalidade, criticou a acção  governativa em curso e alertou para um consenso político e social e crescimento económico como base da solução da crise! Desta forma, demonstrou que está no activo, está atento e preocupado, mas acima de tudo, chamou todos os agentes políticos à atenção!