quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Governar sem olhar para o país.

Uma vez que os governantes governam para os cidadãos, parece-me claro que é a opinião destes que avalia o sucesso do seu trabalho ou não.
Começo este artigo de opinião com uma afirmação, que não vem ao acaso! À muito que ando para escrever sobre este assunto, tal como muitos outros, mas hoje chegou o dia, e vamos já ver mais à frente porquê. 

De à uns anos a esta parte, temos vindo a viver numa ditadura, sim ditadura. Estamos completamente reféns dos mercados internacionais, da disposição dos credores e dos especuladores. Parece-me óbvio que no decorrer dos últimos anos temos vindo a assistir a um ataque quer ao euro, quer à União Europeia. Para que este seja bem sucedido, ataca-se as economias mais frágeis, ou seja, as da periferia. Mas não tendo em conta este facto e focando apenas no tema, os Governos têm sido avaliados pelas taxas de juro a que os países recorrem aos mercados e daqui se tem tentado retirar as realidades dos diferentes países, mas não é este o indicador que nos dá conta do estado de uma nação! São as pessoas, os cidadãos que nos dão conta de como realmente é o dia-a-dia, o quotidiano.

Este Governo, que governa limitado com um programa de ajustamento. Este ajustamento é avaliado periodicamente  e essas avaliações tem tido nota positiva. E eu pergunto-me como desde a segunda avaliação! Temos vindo a assistir ao descontrolo das contas públicas, projecções completamente falhadas, desemprego... é melhor nem falar, divida a gerar divida e austeridade a empobrecer os portugueses e matar a economia. Mas mesmo assim, a nota positiva e a nova tranche têm chegado.

No ano que findou à dias, vimos o desemprego atingir máximos históricos, divida como nunca antes vista e direitos retirados que eram "intocáveis", mas existe um pormenor de grande relevo, é que nos mercados que até não podemos recorrer, o preço do juro baixou para menos de 7%! Mas a minha pergunta é uma, e os portugueses, como se sentem? Foi a pergunta também do inquérito hoje publicado pelo "Público" que dá conta de um novo recorde, é o do pessimismo das pessoas no máximo. O Governo diz ser um sucesso a aplicação deste memorando, como dá nota a baixa da taxa de juro, já o Presidente da Republica disse na sua mensagem de ano novo que "precisamos de recuperar a confiança dos portugueses. Não basta recuperar a confiança externa dos nossos credores", passando uma imagem de lucidez. Não era suposto estar o Governo com as mãos na cabeça neste momento por este indicador revelar que os portugueses não estão de longe satisfeitos com as suas políticas? A mim parece-me que sim...

No que toca à taxa de juro a 10 anos, o Governo congratula-se de algo que tem conseguido através de um fracasso, isto é, não é por causa do executivo que a taxa de juro está assim tão baixa, mas sim porque a Grécia tem um acordo renegociado e porque o BCE disse que irá defender o euro a todo o custo! Digo fracasso porque quanto ao acordo grego, Passos Coelho fez um trocadilho de palavras e de ditos por não ditos que em nada servem para congratular o seu desempenho, muito menos quando cria mais uma vez divergências de opinião dentro do próprio Governo.

Para resumir tudo isto, acabo citando Vítor Bento que diz: "Talvez fosse útil que o Governo desse mais atenção à frente interna, porque, senão, arrisca-se a ganhar no exterior, perdendo o país".

Sem comentários:

Enviar um comentário