quinta-feira, 29 de setembro de 2016

De K(C)ristalina não tem nada!

Cristalino:
1) Relativo a cristal;
2) Que tem a natureza do cristal;
3) Límpido como cristal;

Segundo o Priberam, o adjetivo cristalino, no feminino cristalina, tem os 3 significados acima transcritos.
Vem isto a propósito do nome da candidata última hora à ONU, a bulgara Kristalina Georgieva.
Ora, não sendo uma candidatura que tenha sido anunciada atempadamente, como as outras, que não foi a nenhuma das exposições públicas, como as outras e que não é verdadeiramente uma candidatura de um país, no caso a Bulgária, até porque já há outra candidata deste país, podemos concluir com relativa facilidade que a palavra cristalina e o nome Kristalina muito pouco têm em comum!


Eu não falo da pessoa em si, somente, mas sim da candidatura. Escuso estar a fazer uma pesquisa última hora para saber a pormenor quem é a dita senhora. Para mim, de última hora já chega a candidatura que ela protagoniza.


Como dizia, esta candidatura não é a candidatura da Bulgária, mas sim uma candidatura que vem do seio da União Europeia, das instituições e de quem nelas lidera, ou melhor, manda. Kristalina é vice-presidente da Comissão Europeia, e vai durante este mês de outubro tirar uma licença sem vencimento para se poder dedicar exclusivamente à candidatura. A fundamentação para essa licença, por parte de Juncker, é para que haja uma total transparência entre o cargo assumido e a candidatura, ou seja, uma separação das duas funções. Mas, podemos ainda falar em transparência? Juncker esteve muito mal, está a ombrear seriamente com Durão Barroso.

O que está a acontecer é legal? Sim, é. Mas é ético? Não, e vai contra todos os esforços que têm sido feitos no escrutínio dos candidatos com a intenção de que este tipo de episódios, habituais, não se repitam. Mas tal como Ricardo Costa escreveu hoje no expresso curto: "É justo? Não, mas é o que é."

Vejamos realmente de onde esta candidatura aparece e as suas potencialidades.


Merkel, na última reunião do G20, manifestou o desejo de se trocarem as candidatas bulgaras, Bokova por Kristalina. Uma ideia aliás partilhada também por Juncker que tinha já dito estar disponível para abdicar de um dos seus braços-direitos em prol de tal candidatura. Esta candidatura é também o desejo da maior família no Parlamento Europeu, ou seja, do PPE, que fazem parte o PSD e o CDS-PP.


É aqui que entra o, geralmente, vilão que pode agora salvar Guterres de perder no último suspiro. Putin, quando ouviu Merkel falar-lhe no assunto, disse não concordar e não apoiar, mostrou-se contra essa candidatura. Ora, temos dois cenários possíveis, ou ele fez encenação e apoiará agora na derradeira hora a bulgara, ou votará em Guterres ou pelo menos, permitirá que este seja o Secretário-Geral da ONU.
Putin pode ser assim tão decisivo? Pode, porque são 5 os países que têm maior peso (coisas do tempo da grande guerra ainda), mas essencialmente 3 países, os EUA, Rússia e China, para completar os 5 temos o Reino Unido e a França. Merkel não entra então neste xadrez, mas já fez a sua parte ao fazer com que esta candidatura aparecesse à última hora.

Porém, e por ser efetivamente uma candidatura que não passou em crivo nenhum, nenhuma votação nem audição, tem tudo para cair mal em Nova Iorque, onde se tem feito um esforço enorme em nome da transparência, e esta jogada europeia, sim porque para todos os efeitos esta é uma jogada europeia, pode muito bem cair mal nas hostes americanas.

Relembrar apenas que, esta candidatura poderia fazer mais sentido se o cenário fosse de empate entre Guterres e outro candidato já conhecido, aí sim, um terceiro nome unificador para desempatar a nomeação, acontece que Guterres está isolado e a necessidade de um terceiro nome não é assim tão urgente, e mais a mais, Guterres tem mostrado excelentes performances. Para explicar melhor este último paragrafo, lembram-se de Durão Barroso na CE? É exatamente isso, estava empatado e Durão foi o nome unificador para resolver o desempate.

Para terminar, faço do comentário de Guterres quando soube da candidatura de Kristalina o meu comentário: "No comments".

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Debate americano: Hillary vs Trump

Nas últimas eleições legislativas em Portugal, a diferença entre os dois principais candidatos a Primeiro-Ministro (apesar das eleições elegerem deputados e não o Primeiro-Ministro), eram abismais. Mais do que nunca, a diferença entre os dois líderes dos principais partidos era verdadeiramente significante.
Para o provar, temos a comparação entre 4 anos de governação de um e quase um ano de governação do outro. É diferente não é?

Pois bem, essa diferença vem a propósito do debate desta madrugada entre Hillary Cinton e Donald Trump. Foi como preto e branco, água e vinho... foi abismal a diferença entre o candidato republicano e a candidata democrata.

O debate foi dividido em 3 partes, e começou logo com crescimento económico e rapidamente se falou em empregos e acordos comerciais. Era naturalmente o campo mais confortável para Trump que é um homem de negócios e creio que tinha como estratégia para o debate, serenar a sua postura, uma postura mais presidenciavel, e durante alguns minutos conseguiu. Agora, só tenho dúvida quanto ao motivo pelo qual a deixou de ter, sendo certo que verdadeiramente não a demonstrou ter naturalemtne e principalmente frente a Hillary Clinton, que se apresentou como era de esperar, calma, serena e preparada, ou seja, como aquela aluna que se senta na fila da frente nas aulas e está preparada para tirar um 20 num teste surpresa a qualquer altura.

Antes do debate, muitos especulavam quanto à postura que Trump, ou Donald como Cinton o chamou durante o debate. A propósito da forma como ambos se relacionaram durante o debate, Hillary chamou-o sempre de Donald, o que estrategicamente foi inteligente porque acabou por dividir a atenção nos media e criar o pequenino problema de identificação do candidato, Donald ou Trump? Ele, foi igualmente inteligente, que perguntou se Secretária Hillary estava bem, e ela acenou que sim. Desta forma, ele colou-a inevitavelmente às últimas governações, mas ao mesmo tempo, resalvou o lado mais forte da candidata, a experiência e passado político.
Voltando a postura que Trump iria adotar e efetivamente adotou, foi ele mesmo. Porem, não tão radical, mas também não mostrou ser um presidente desejável pelo mundo inteiro. E a verdade é que apenas os americanos escolherão o seu Presidente. Ele mostrou ter orgulho em ser um "esperto", principalmente quando Hillary o afirmou que ele não tem pago os impostos que deveria e ele disse "isso só revela esperteza da minha parte". Nitidamente, ele é o candidato popular dos descontentes, é aquele candidato que representa quem tem sido afetado pelas últimas governações, pelo politicamente correto.

Desta vez, nas urnas, notar-se-à se são mais os descontentes com o sistema ou aqueles que querem que este continue como está.

Tal como em Portugal, a escolha nunca esteve tão facilitada.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Mortágua e a Casa dos Segredos

Duas situações bem distintas têm incendiado as redes sociais. Mariana Mortágua com o IMM (Imposto Mariana Mortágua) ou o "Saque Mortágua", como preferirem, já chegamos a tudo neste país. Eu prefiro escolhe a via do Imposto sobre o Património acima dos 500 mil euros, e ainda não é certo que o seja. A outra situação tem sido um concorrente à nova edição da Casa dos Segredos que é dirigente da JSD.

Comecemos pelas senhoras primeiro.
Foram muitos os que se insurgiram já contra o novo imposto, ou a pretensão de imposto, porque a lei onde ele estará inscrito (Orçamento de Estado) ainda nem foi apresentada. A verdade é que, ao que parece, este Governo, que naturalmente tem grupos de trabalhjo para defenir as políticas que estarão inseridas no, porventura, mais importante documento a elaborar, e que, por via dos acordos que seguram este Governo, esses grupos de trabalho contem com elementos quer do Bloco de Esquerda, como do PCP.
Numa iniciativa do PS, na rentrée precisamente, Mariana Mortágua foi convidada como oradora e anunciou a intensão de criar um imposto sobre o património acima dos 500 mil euros. Sendo ainda uma medida a estudar para mais tarde apresentar. Entre as variáveis que poderão ainda sofrer alterações, temos o valor em si. Mas vejamos, sendo que a expressão classe média é muito vaga, e que depende de diferentes factores e realidades (um habitante em Portugal com um salário líquido mensal de 1500€ poderá ser considerado classe média no nosso país mas, porventura, poderá com o mesmo valor ser considerado rico em alguns países e pobre noutros, mas adiante), possuir de um património acida dos 500 mil euros, meio milhão, penso que não estará ao alcance de qualquer um de nós. Digo eu.
Mas para mim nem é tanto a criação desse imposto que me faz moça, porque a ir buscar dinheiro é a quem o tem e não aos mais desfavorecidos. O que me faz refletir é os termos em que ele foi anunciado. Ora, num momento em que ainda está a ser preparado o OE? Nem é ninguém do Ministério das Finanças a anunciar? Nem do Governo? Nem do partido que está no Governo? Hum... algo não bate certo.
Em entrevista à TSF, o líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares já veio dizer que Mariana Mortágua seguiu as opções mediáticas da comunicação do Governo, que não foi sem querer que o disse. E vejamos, a deputada bloquista ia a uma rentrée do PS atrever-se a anunciar tal medida, de surpresa? Não me acredito muito, mas tudo bem.

Conclusão. Só se fala de Mariana Mortágua e do Bloco... Alguém sabe do PCP e de Jerónimo de Sousa? Pois, eu também não.

Ora, a segunda situação refere-se a Paulo Teixeira. Já ouviu falar? Não, então prepare-se porque vai ouvir.
A mim ninguém me tira da cabeça que o líder da JSD do Marco de Canaveses foi para aquele reality show por uma questão de visibilidade pública.
Entou num programa que por norma, tem mais candidatos do que o número de candidatos ao ensino superior, e isso sim, choca-me, muito mais do que serem abrangidas cerca de 8 mil pessoas com mais de 500 mil euros de património em seu nome (sim, porque os Ricardos Salgados deste país não seriam apanhados destas contas porque têm, por norma, os chamados testas de ferro).

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

PNP de volta, em tempos de Rentrée

Como todos sabemos, Setembro é o mês das rentrées políticas. O PSD com a sua Universidade de Verão, o CDS com a Escola de Quadros, o PCP com a Festa do Avante! e o BE e o PS não têm nenhuma atividade habitual, mas agendam sempre o seu regresso. Este ano, o PS será em Braga numa iniciativa da JS.

Os leitores mais atentos estranharão que, desde o dia 13 de abril, não tenho escrito nada para o PNP. Meramente motivos pessoais e que não vale a pena que escrutiná-los.

Nesta rentrée, que será mais uma nota de "welcome back" ao jeito de "back to school", apenas quero salientar duas coisas.

A primeira é que continuarei a escrever sobre os mesmos temas, ou seja, aquilo que for acontecendo no dia-a-dia, com a diferença de que, pelo menos uma vez por mês sairá um artigo mais exploratório de algum tema específico, como por exemplo, sistema fiscal, SNS, escolas e educação, segurança social, emprego, entre tantos outros. Quanto à regularidade dos artigos, não vou já aqui fazer uma promessa como outro fiz de lançar artigos às segundas e quintas, mas assim que tiver oportunidade comunicarei quando podem esperar por novas mensagens. O Excertos do Dia também voltará a ser lançado assim como outras iniciativas que estou a preparar.

A segunda nota, e uma vez que como sempre fui partilhando as minhas experiências académicas, informar que ingressei no Mestrado em Políticas Públicas no ISCTE, e informo principalmente com um objetivo, salientar que a linguagem poderá de ora avante modificar um pouco, isto é, tornar-se mais técnica ou académica, mas tentarei sempre com as minhas palavras expor os temas o mais acessível possível porque esse é o objetivo maior deste meu projeto, falar sobre política, mas que seja percetível a qualquer leitor, mesmo e principalmente para aquele que está agora a olhar para o mundo que o rodeia pelas primeiras vezes. Se necessário, recorrerei ao meu modesto sentido de humor, que poderá ser mais eficaz.