sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Sondagens

Este ano, e talvez porque se tenha passado demasiado tempo a fazer tempo para as eleições, estamos a ter uma campanha rica em sondagens, tracking polls e estudos de opinião mais isolados.

Acabei agora mesmo de ler o artigo do Ricardo Costa, no Expresso Diário do dia 24 deste mês, onde apenas salienta duas ou três notas sobre sondagens em si.
Basicamente, os pontos que Ricardo Costa faz notar são os seguintes:

  1. Em 2011, os dois partidos da coligação obtiveram 50% dos votos, enquanto o PS conseguiu menos de 30%, o que demonstra que a direita teve uma queda abrupta, mas menos do que seria de esperar porque nunca perdeu um certo eleitorado, e que o maior partido da oposição conseguiu recuperar alguns votos e atingir assim o seu "teto". Mais, só através do voto útil;
  2. Este ano vão aparecer novas listas do que em relação a 2011. No entanto, e ao contrário do que se passou na Madeira e europeias, não deverão ter grande expressão eleitoral;
  3. Existir uma apatia enorme, que levará a maior resignação e abstenção;
  4. O PCP e o Bloco de Esquerda parecem estar afastados dos 20% juntos que se chegou a ponderar;
  5. Os tracking polls servem, e são utilizados à muitos anos pelos partidos, não como radar das intenções de voto, mas sim como GPS dos discursos que os líderes proferem.
Acontece que, e apesar de achar um excelente artigo para que o cidadão comum não deixe de participar ou se influenciar apenas pelas ditas sondagens, gostaria de completar o artigo com alguns exemplos da utilidade das sondagens.
Importa neste momento relembrar que, e como devem saber, eu sou muito céptico em relação às sondagens e à sua fiabilidade. Acho incrível como de 1000 pessoas, podemos retirar a fotografia de 10 milhões, mas a verdade, é que não costumam errar assim tanto... Ou costumam?

Acima foi dado o exemplo da Madeira, que pode ser também aqui utilizado. É certo que nas sondagens se previa uma vitória do PSD, só não se sabia se com maioria absoluta ou relativa, mas o que é certo é que ninguém previa tamanha derrota do PS nem que seriam 5 votos a decidir se o PSD governaria ou não com maioria absoluta. Sim, é importante relembrar que houve uma recontagem de votos, pedida aliás por todos os partidos e estariam em causa 5 votos, apenas 5 votos que puseram em risco a maioria absoluta. Lição a retirar? Todos, mas todos os votos contam.
Mas poderemos dar outro exemplo. Lembram-se de em Inglaterra, as sondagens dava empate técnico entre os conservadores e os trabalhistas? Algumas até colocava os trabalhistas à frente do partido de Cameron, e o que aconteceu? Cameron renovou a legitimidade, e com maioria absoluta. Lição a retirar? Mesmo com a sondagem de dia 2 de outubro, caso esta indique um empate técnico, poderemos assistir a uma vitória clara e esmagadora do PS ou PáF.

Para mim, a verdadeira sondagem é no dia 4 à noite, com os votos contados. Até porque, e é aqui que tudo se pode "jogar" desta vez, existem cerca de 22% de indecisos, que podem, perfeitamente, decidir o vencedor. E estes, só se expressarão no dia 4, através do voto.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Porque nunca poderia votar na PáF


Lembro-me de, em 2011, quando os meus amigos e colegas de escola me perguntavam porque deveriam votar no PS, ou então qual a diferença entre votar PS ou PSD, eu na altura dava a resposta mais simples que tinha no meu cardápio: se não queres ficar sem escola e saúde, vota PS. Daqui, deve ler-se: Se não é objetivo ficar sem acesso a um sistema de ensino e saúde públicos, deve-se votar PS.
Infelizmente, não sei se com o contributo destes colegas e amigos ou não, mas a verdade é que o PSD venceu as eleições e coligou-se com o CDS para formar uma maioria parlamentar.

Quatro anos passados, não posso, com muita pena minha, admitir que errei.
Quatro anos depois, em relação à educação, tivemos anos escolares a começar com pior qualidade e com atrasos históricos (ano letivo anterior), colocações de professores que envergonham qualquer sociedade que se diga progressista e ainda o aumento das propinas no ensino superior. Isto já para não falar nas não contratações de professores, turmas cada vez maiores, encerramento de escolas, nas mobilidades especiais e nos exames criados.
Temos, sem dúvida alguma, um sistema de ensino muito pior do que o que tínhamos antes deste Governo tomar posse. 
Por outro lado, as nossas universidades fizeram da exportação a sua principal atividade, visto que depois de completar uma licenciatura, poucas são as hipóteses que restam a um jovem senão emigrar.
Eu tirei a minha licenciatura precisamente durante os anos de governação de Passos Coelho. Lembro-me que quando foi eleito, estava já em preparação para os exames do secundário. Por isso, senti bem a evolução negativa que foi levada a cabo por este Governo nesta matéria, principalmente no ensino superior. Mas houve uma área que me fez chocar. O desinvestimento na inovação e conhecimento é algo de abismal. Não consigo conceber que um Governo, numa sociedade que quer estar na vanguarda de tudo e de todos, não aposte no futuro. E o futuro passa, inevitavelmente, pelas universidades, pelo conhecimento e pela inovação.

Na outra matéria que falei em cima, como arma de arremesso por mim utilizada, é difícil saber por onde começar. Admito que também aqui o atual Governo não tenha sorte com as minhas experiências. Infelizmente, durante estes 4 anos tive de me deslocar várias vezes a diferentes hospitais, por diversos motivos e em variadas circunstâncias, e pois bem, cada vez pior. Se na educação, os rakings ainda "ajudam" o Governo, na saúde nem por isso.
Vi com os meus próprios olhos muitas pessoas que precisavam de uma cama no hospital por serem operadas no dia seguinte, e não ficaram internadas porque não havia cama disponível. As taxas moderadoras, duplicaram. Não vou falar das listas de espera, porque como se trata de saúde, um dia de espera para o que quer que seja, é demasiado. Mas o mais grave para mim, é o facto de termos vários enfermeiros a sair das nossas universidades, bem preparados, e a serem literalmente obrigados a emigrar, com trabalho reconhecido e condições de trabalho dignas, algo que não encontraram em Portugal. A consequência, para além do desperdício no investimento feito ao longo de anos, e de estarmos a ajudar a enriquecer outros países ou então ao facto de estarmos a fazer jovens emigrarem e desprenderem-se daquilo que lhes é familiar, temos a necessidade, equipamentos e infra-estruturas preparadas para fazer mais e melhores operações, mas não o podemos fazer porque não são contratados enfermeiros.

Por estas duas razões em especial, nunca poderia votar na PáF.
Brevemente escreverei porque votarei no PS.

sábado, 19 de setembro de 2015

Depois dos debates

Gostaria de começar este artigo, e até porque não escrevi durante algum tempo por isso mesmo, com uma nota muito breve em relação à experiência que vivi na Hungria. Tal como aconteceu na Moldávia, uma vez mais conheci um novo país para mim, com a oportunidade de aprender através da educação não formal, mas acima de tudo, a oportunidade de conhecer pessoas novas. Tenho a sensação de que, numa semana, fiz uma mão cheia de amigos para a vida. É sempre bom e gratificante enriquecer desta forma. Aconselho a todos procurarem informação sobre o programa Erasmus + e ver em que medida este se pode aplicar aos seus anseios, interesses e vivências.

Porém, quer no dia em que parti como no dia seguinte a ter regressado, Passos Coelho e António Costa tiveram dois frente-a-frente, através da televisão e rádio respetivamente. A meu ver, o líder socialista foi quem venceu os dois debates, e pela mesma razão, pela atitude que mostrou ter, porque o conteúdo, esse, tem sido apresentado ao longo dos últimos meses, de forma pausada e responsável. Não quero, contudo, deixar de salientar que a diferença ou margem de vitória entre Costa e Passos foi mais evidente no primeiro debate, aquele que registou o maior número de espectadores de sempre, com sensivelmente 3.4 milhões.

Eu não vou estar aqui, hoje, a falar do conteúdo e das políticas que António Costa apresenta, até porque me dedicarei a fazê-lo na rua nos próximos dias, mas também o farei aqui. Apresentarei aqui o porquê de votar no Partido Socialista no próximo dia 4 de Outubro.

Quem viu e ouviu os debates teve a oportunidade de constatar que o ex-autarca se encontra em melhores condições de governabilidade, e não o digo por ser um orgulhoso socialista, nem por andar nas ruas a defender e lutar por uma vitória eleitoral. Digo-o porque, sem margem para dúvidas, António Costa mostrou ter um conhecimento bem mais profundo e real da situação dos portugueses. Mostrou que tem uma alternativa, de confiança, na qual podemos votar, sem medos e receios.

Para além do mais, e voltando ao ponto em que destaquei a atitude como elemento decisivo nos debates, o líder do PS mostrou uma capacidade de se comprometer com os portugueses, sem entrar em promessas vazias e populistas e mais, conseguiu mostrar determinação e coesão nas ideias pelas quais se apresenta hoje, e isso, é muito importante no momento em que ponderamos o nosso voto.

Nos próximos dias, como disse, apresentarei as razões pelas quais vou votar em António Costa, mas agora, e para terminar, apenas relembro que vencer debates e estar ligeiramente à frente nas sondagens não é garante de uma vitória eleitoral. Os debates valem para mostrar e apresentar as propostas e os candidatos. As sondagens servem para... bem, devem servir para avaliar as intenções de voto, mas que se têm mostrado bastante ineficientes nos últimos atos eleitorais a que temos assistido. Por isso, dia 4, seja para votar em quem for, ou mesmo para deixar o boletim em branco, é importante não ficar em casa.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Amanhã será o dia...

Dentro de algumas horas, parto para a Hungria, Budapeste.
Não vou fazer, para já, voluntariado por causa da crise das migrações, mas antes participar num intercâmbio cultural no âmbito do programa Erasmus + .

Será, contudo, uma aventura. A minha expectativa à priori, é tentar perceber no terreno, como se vive um momento de tensões como este. Não deve ser fácil estar in loco, mas esse é o desafio.

Porém, e uma vez que este blog não se prende apenas com questões pessoais, tentarei com esta viagem, tal como aconteceu quando fui à Moldávia, perceber a situação política que se vive. A comunicação social faz-nos chegar um país de radicalismo à direita, com uma recusa quase total dos migrantes. Mas será que os hungaros pensam assim? Será que Viktor Orban representa o povo ou entrou no seu próprio mundo? Essa é a resposta que vou procurar.

Não obstante, e indo ao encontro do tema que nos juntará naquele país, tenho como objetivo mudar o meu estilo de vida, por um estilo de vida mais saudável e que me leve a evitar, ou pelo menos retardar aquele que parece ser o inevitável caminho de parte da minha família, que é a diabetes.

Por Portugal, ficará no mesmo dia, marcado como o ponto de viragem na campanha para as eleições legislativas. Falo, claramente, do debate que colocará frente a frente Passos Coelho e António Costa.

Quanto a este ponto, que acompanharei à distância, mas não descurarei a minha atenção de tal evento, estou confiante de que será um momento de afirmação do maior partido de oposição, que pretende dentro de um mês chegar ao poder, e mais importante ainda, chegar ao poder em condições de o poder exercer.
António Costa, quando se disponibilizou para assumir a liderança do Partido Socialista, tinha as espectativas altas, bem altas aliás. Amanhã, será o dia de afirmação.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Pelos holofotes, o que não se faz

Aquilo que Paulo Rangel, no passado sábado, trouxe para os holofotes, tanto se aplica ao caso Sócrates como ao que envolve Ricardo Salgado, sendo certo que, a ideia era atingir o PS com a prisão do seu último Primeiro-Ministro. Mas, como até tem acontecido e continuará a acontecer, eu não farei qualquer comentário sobre esses casos.

Porém, não invalida o facto de eu me poder prenunciar no mau exemplo que o eurodeputado deu a uma plateia jovem.

Que o PS iria reagir a estes casos com a separação dos poderes em Portugal, como sendo uma característica essencial ao bom e normal funcionamento de um Estado de Direito Democrático, era quase óbvio. Que esta linha de defesa iria ser vista como fugir com o "rabo à seringa", também parecia óbvio. Que muitos iriam alegar se tratar de pura retórica e discurso vazio, também não é difícil. Acontece que, esse é o exemplo que se deve dar. Essa é a postura que se deve adotar. Estou, claro, a falar daqueles que têm um pingo de dignidade e dois dedos de testa.

Mas, para tentar silenciar e abafar uma boa semana política que o Partido Socialista, e nomeadamente António Costa tiveram, Paulo Rangel decidiu fazer da aula na Universidade de Verão em Castelo de Vide um palco de mediatismo barato e demagogo, onde tudo vale na política e não se tem o respeito pelas instituições que nos defendem e representam.

Talvez por ser filho de uma aposentada do Ministério da Justiça, tenho o enorme respeito e confiança que o nosso sistema judicial é ainda capaz de nos proteger e garantir os nossos direitos.

Por todas as críticas que Paulo Rangel ouviu, e que tiveram repercussões no ainda Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho por este não ter tido a coragem de dizer algo como: "Repudio e distancio-me de toda e qualquer tomada de posição que não assuma uma clara separação de poderes. Venha ela de onde vier." Bastava isto. Como dizia, o eurodeputado sentiu a necessidade de escrever este artigo no público sobre o episódio. Do qual destaco o seguinte excerto: A Universidade de Verão é a iniciativa mais consistente de formação política existente em Portugal. Um mérito quase exclusivo de Carlos Coelho. Não é um palco de “rentrée”, nem um comício e, muito menos, um festival ou acampamento juvenil."
Coincidência ou não, o tal acampamento a que se refere nas entrelinhas, Summer Camp da JS, que marcou a rentrée do PS, contou com elevadas prestações de ilustres oradores e foi uma excelente via de aproximação entre os candidatos a deputados e os mais novos, que estão hoje desacreditados da política, precisamente por causa de declarações e políticos como Paulo Rangel demonstrou este sábado ser.