terça-feira, 1 de setembro de 2015

Pelos holofotes, o que não se faz

Aquilo que Paulo Rangel, no passado sábado, trouxe para os holofotes, tanto se aplica ao caso Sócrates como ao que envolve Ricardo Salgado, sendo certo que, a ideia era atingir o PS com a prisão do seu último Primeiro-Ministro. Mas, como até tem acontecido e continuará a acontecer, eu não farei qualquer comentário sobre esses casos.

Porém, não invalida o facto de eu me poder prenunciar no mau exemplo que o eurodeputado deu a uma plateia jovem.

Que o PS iria reagir a estes casos com a separação dos poderes em Portugal, como sendo uma característica essencial ao bom e normal funcionamento de um Estado de Direito Democrático, era quase óbvio. Que esta linha de defesa iria ser vista como fugir com o "rabo à seringa", também parecia óbvio. Que muitos iriam alegar se tratar de pura retórica e discurso vazio, também não é difícil. Acontece que, esse é o exemplo que se deve dar. Essa é a postura que se deve adotar. Estou, claro, a falar daqueles que têm um pingo de dignidade e dois dedos de testa.

Mas, para tentar silenciar e abafar uma boa semana política que o Partido Socialista, e nomeadamente António Costa tiveram, Paulo Rangel decidiu fazer da aula na Universidade de Verão em Castelo de Vide um palco de mediatismo barato e demagogo, onde tudo vale na política e não se tem o respeito pelas instituições que nos defendem e representam.

Talvez por ser filho de uma aposentada do Ministério da Justiça, tenho o enorme respeito e confiança que o nosso sistema judicial é ainda capaz de nos proteger e garantir os nossos direitos.

Por todas as críticas que Paulo Rangel ouviu, e que tiveram repercussões no ainda Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho por este não ter tido a coragem de dizer algo como: "Repudio e distancio-me de toda e qualquer tomada de posição que não assuma uma clara separação de poderes. Venha ela de onde vier." Bastava isto. Como dizia, o eurodeputado sentiu a necessidade de escrever este artigo no público sobre o episódio. Do qual destaco o seguinte excerto: A Universidade de Verão é a iniciativa mais consistente de formação política existente em Portugal. Um mérito quase exclusivo de Carlos Coelho. Não é um palco de “rentrée”, nem um comício e, muito menos, um festival ou acampamento juvenil."
Coincidência ou não, o tal acampamento a que se refere nas entrelinhas, Summer Camp da JS, que marcou a rentrée do PS, contou com elevadas prestações de ilustres oradores e foi uma excelente via de aproximação entre os candidatos a deputados e os mais novos, que estão hoje desacreditados da política, precisamente por causa de declarações e políticos como Paulo Rangel demonstrou este sábado ser.

Sem comentários:

Enviar um comentário