quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ética jornalística e interesses comerciais

É exemplos de ética jornalística como este que precisamos em Portugal! Sugiro até que, casos como este, se tornem case study nas universidades onde se lecionam cursos ligados à comunicação e jornalismo.

Ao que parece, Peter Oborne, desconhecido para mim até hoje, exemplo de ética de ora em diante, demitiu-se do jornal Telegraph, onde ocupava uma prestigiante e confortável posição em prol da qualidade dos artigos e informação que passavam aos seus leitores. Mas vamos por partes...

Não vou aqui dissecar sobre o caso que está em causa, que se relaciona com o Swiss Leaks e o HSBC, é um caso que a meu de ver, deverá ser julgado em sede própria. Não posso também, criticar que os jornalistas portugueses façam o tipo de jornalismo a que nos têm habituado, nomeadamente julgamentos em plena praça pública e com informações que não correspondem à verdade, e por outro lado, enaltecer se o mesmo acontecer noutros países. Isso não o vou fazer. Mas também, ninguém falou em informações falsas nem artigos repugnantes, tratava-se, aparentemente, de conteúdo de qualidade, como se tem vindo a provar nos últimos dias.

Peter Oborne era o mais importante comentador político deste jornal, tinha a sua equipa de trabalho, que estavam, já à bastante tempo, a investigar o caso que agora se tornou polémico do HSBC e dos paraísos fiscais. Acontece que, esta mesma entidade, é uma importante patrocinadora do jornal, o que criava aqui um mau estar indiscutível. Até aqui, todos reconhecemos, agora, o que não deveria ser normal, é que os próprios administradores do jornal prefiram o patrocínio à qualidade dos artigos. Censurando-os e tentando publicar o menos possível sobre o assunto.
Assim, revelou um dos motivos que o levou a demitir, como outros em que por exemplo o objetivo deixou de ser informar, mas sim conquistar cliques (visualizações) no site, mesmo que fosse por via do populismo.

Se muitos outros jornalistas fizessem o que Oborne fez, talvez as administrações dos jornais pensariam de outra forma. Para além de que, o populismo apenas poderá trazer lucros a curto prazo, mas vai degradando de forma irreversível, até que a qualidade não leva ninguém a fazer os tais cliques. Foi também isso mesmo que Peter Oborne explicou neste artigo, que recomendo a todos os estudantes de ciências da comunicação.

Para que fique claro o que eu penso e a comparação feita anteriormente, em Portugal, o problema reside em fugas de informação da justiça, jornalismo puramente sensacionalista e manchetes e títulos garrafais que atraiam, onde as "letras pequeninas" não correspondem à verdade, e muitas vezes, não dizem nada.

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