segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Da Grécia até Portugal, passando por Merkel e... Vital.

Pensei que quinta-feira teria sido o artigo que marcaria o arrasto das eleições da Grécia, mas enganei-me e ao que parece, é para continuar!
Hoje iria escrever sobre a nova retórica, nova que já estamos fartos de ouvir e era óbvia, mas deixarei apenas uma nota.

Finalmente, a Alemanha ganha medo. Aquelas teorias, e estou-me a recordar do socialista Pedro Nuno Santos quando, num jantar entre militantes em Castelo de Paiva, disse "... ou os alemães se põe finos, ou não pagamos!" Pode-se recordar este episódio aqui, neste artigo no negócios.

Pelos vistos, basta mesmo a ameaça, a capacidade de resistência alemã não é assim tão grande. É aliás, bem pequenina. Faz hoje uma semana que é dia seguinte à vitória do Syriza e que este entrou em coligação com os independentes gregos, da direita. E numa semana apenas, temos já Merkel, a toda poderosa recusa-se a reunir a sós com Tsipras, e as instituições europeias a repensar no modelo de assistências e a equacionar a dissolução da troika. A bazuca de Dragi não está a ser suficiente para "calar" os gregos e a procissão ainda agora vai no adro!

Paralelamente, e remetendo toda esta azafama para o contexto nacional, temos toda a esquerda a vangloriar-se com a vitória da extrema esquerda. Eu também fico muito contente com o facto de se notarem os primeiros passos para o fim da linha de austeridade na Europa, e se os gregos encontraram no Syriza forma de o fazer, os meus parabéns e saliento que até este momento, acabam por ser mais felizardos do que nós portugueses, que apenas vemos melhorias económicas nas manchetes dos jornais. E uma vez que temos vindo a assistir a uma radicalização e extremização no que concerne a escolhas do eleitor, antes uma colagem à esquerda do que à direita, como em França se teme com a possível ascendência do partido de Marine Le Pen.
Agora, também não posso esconder as minhas reservas quanto aos efeitos dessa postura de rutura para com a Europa. Isso terá fortes repercussões nos restantes estados-membro, e inevitavelmente em Portugal. 
Mas como dizia, no contexto nacional, vemos Vital Moreira a criticar o PS e a chamar a ação deste de oportunismo por tentar congratular e retirar algum partido da vitória do Syriza, por entender que este partido levará a Grécia à bancarrota e para fora da zona do euro. Devo desde já dizer que não concordo em nada com esta tese. Aliás, escrevi já aqui no PNP que Tsipras tem agora uma excelente oportunidade para mostrar aos demais companheiros europeus como é possível governar sendo-se esquerda e em crise sem aplicar austeridade. Resta, no entanto, não se viver uma desilusão à Hollande...
De pé atrás, observarei com atenção o que se passará. Acima de tudo, com expectativa!

Para finalizar e não me alongar demasiado, temos o Governo a adotar o discurso de que este ano será o último a verificar-se o défice acima dos 3%. Seria bom sim, mas todos conseguimos ver que é puro eleitoralismo, mas mais do que isso, e está apenas nas entrelinhas, é a preparação do discurso: "Lembram-se? Quando nós lá estávamos dissemos que o défice ia baixar de 3%, agora com este Governo (na altura António Costa) continuamos além do limite imposto pelo tratado europeu. Atenção que, com esta última afirmação, parto do principio, tal como este Governo, de que nas próximas legislativas será o PS a vencer.
Dali, apenas vem mais do mesmo...

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