segunda-feira, 26 de maio de 2014

Arrancado a ferros!



Foi com uma vitória tangencial que ontem, o PS venceu a direita. Uma vez mais, aquilo que tenho referido como um erro da esquerda, ficou patente e o preço a pagar por este facto foi o que foi. Mas veremos mais a frente qual é, a meu ver, o verdadeiro preço a pagar.

Mas antes quero dizer que acho vergonhoso o que foi atingido de abstenção. Abstenção essa que ajudou, de certa forma, a apoiar o radicalismo da direita no PE e também fez com que Juncker seja eleito. Isto traduzido, a austeridade continua. Em homenagem a este sentimento expresso no parágrafo, fica a imagem do artigo.

É verdade que a direita, nomeadamente os partidos do Governo, tiveram uma derrota clara, aliás, nunca o PSD para as europeias menos que 31%, e desta vez, em coligação com o CDS, nem 28% chegaram!
Mas ontem as eleições eram europeias, e por isso, falar em Governo não é muito lógico, prefiro falar antes em direita.

Porém, o PS foi que, a primeira vista, lucrou com esta descida da direita, pois venceu as eleições e elegeu mais 1 deputado para o Parlamento Europeu. No entanto, os votos que teve não foram muito longe dos 31% (pior resultado até ontem, do PSD).

Mas atenção a alguns factos que não podemos deixar passar em claro, nomeadamente na esquerda e no Partido Socialista!

Primeiro ponto, a esquerda, e é aqui que eu tenho vindo a ter razão, ao fragmentar-se como tem feito, e desdobrando-se em partidos, faz com que os votos se distribuam e por consequência, percam força política. Na óptica do voto útil, claro está.
Aqui, está de parabéns o PCP que tem vindo a "renascer" e o MPT, mais propriamente Marinho e Pinto, que fez com que o Movimento Partido da Terra passasse de 0,7 para 7% em 5 anos. Notável! E quem sabe, para as legislativas não surpreenderá outra vez?
De salientar também, que o Bloco de Esquerda, desde o falecimento de Miguel Portas e a retirada de Francisco Louçã tem vindo a demonstrar uma insignificância política brutal. Não me refiro apenas ao conteúdo, ou falta dele, mas sim também nas urnas, em que cada vez mais, perde lugares em todas as eleições que disputa.
Não esquecendo claro, o LIVRE, partido que tenho criticado desde o seu aparecimento, como podem constatar aqui no PNP. Pois a ideia que passa é que, Rui Tavares se chateou com alguém no BE e para se "vingar", fundou um partido para roubar a este, espaço. Pois bem, em 2009 foi eleito eurodeputado pelo BE, e ontem, o LIVRE deixou-o em Portugal. Ou é do partido ser muito recente, ou é da sua insignificância no espectro político nacional.

Sobre a direita, para além da derrota, há um aspecto que importa referir, é que mostrou, pela fragmentação da esquerda ou não, não estar completamente sentenciado a deixar de ser Governo nas próximas legislativas.
No entanto, acho que o PS tem muita responsabilidade neste facto. Sim, um partido como o PS que é oposição à 3 anos, deveria já estar com pelo menos 10 pontos percentuais de distância seja qual for a eleição. É verdade que o PS venceu, e que é a segunda vitória de António José Seguro, mas... Não sabe a pouco? Não parecem vitórias arrancadas a ferros? A mim parece-me que sim, mas é apenas a minha opinião.
Tal como António Costa, acho que este deve ser um momento de reflexão para todos os decisores do partido do Largo do Rato. Porque é que ontem, tal como nas autárquicas, e como o PCP, o líder socialista não pediu eleições antecipadas? E dentro do PS, estarão todos a festejar o resultado de ontem?

Enquanto socialista, estou extremamente preocupado com o futuro próximo do PS, pois acho que tem muito trabalho pela frente se quer vir a ser Governo em Portugal nas próximas eleições, mas mais do que o trabalho, não estou certo que seja Seguro o homem certo para o fazer.
Não acho que seria mal nenhum o PS agendar umas eleições internas para o mais curto espaço de tempo possível, a fim de: 1) legitimar ainda mais Seguro ou 2) encontrar um novo líder.
Tal como disse Ronaldo a Carlos Queirós, "Assim não vamos lá".

2 comentários:

  1. Arrancada a ferros? Eu diria que a vitória do PS deixa-os exactamente onde a coligação quer que eles estejam. Uma derrota do PS nestas eleições deixaria Seguro demasiado enfraquecido dando lugar a António Costa. Por outro lado uma vitória categórica do PS deixava a coligação em Alerta Máximo.... Assim nem a coligação tem uma derrota monumental ( pelo contrário, os 28% sao um resultado extraordinário dado o clima actual ) nem deixa o PS demasiado forte nem demasiado enfraquecido para a substituição. ...

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  2. Por isso mesmo é que foi arrancada a ferros. Concordo totalmente com o seu comentário. Ter sido arrancada a ferros, quer dizer que foi por muito pouco, com muito custo!

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