terça-feira, 9 de abril de 2013

A vida da Dama de Ferro


A vida de Margaret Thatcher segundo o "ionline":

"Em 1948, os serviços de Margaret Roberts, licenciada em Ciências Químicas, foram recusados por uma empresa. O relatório de avaliação psicológica do departamento de recursos humanos, divulgado anos depois, classificava-a como “teimosa, obstinada e perigosamente opinativa”. Décadas mais tarde, a candidata recusada tornou-se a primeira primeira-ministra do Reino Unido e as considerações ao seu feitio não mudaram de tom. O presidente americano, Ronald Reagan, chamou-lhe “homem forte do Reino Unido”, François Mitterrand chegou a descrevê-la como tendo “olhos de Calígula e boca de Marilyn Monroe”.
Distante das velhas glórias imperiais, Margaret Thatcher - que ganhou o apelido quando se casou, na década de 1950, com um homem divorciado, rico e dez anos mais velho - viveu sozinha nos últimos anos, recolhida num apartamento no centro de Londres. Viúva, doente e praticamente abandonada pelos filhos, os gémeos Carol e Mark. Em 2002, os médicos proibiram-na de falar em público, depois de sofrer vários derrames cerebrais. Dois anos antes, a filha já tinha contado ao mundo que a Dama de Ferro estava a ficar demente. O primeiro sintoma, adiantou, ter-se-á revelado numa conversa em que Thatcher confundiu a Guerra das Malvinas com a guerra da Bósnia. Em Outubro, no dia em que fez 87 anos, os filhos levaram-na a um restaurante. A Dama de Ferro era vista em público pela última vez.
O fim de vida solitário era difícil de adivinhar, especialmente se se recuar aos tempos em que Thatcher foi eleita com o slogan “o socialismo não funciona”. Em 1979, a Dama de Ferro chegou a Downing Street para pôr em marcha a revolução conservadora: reduziu o peso do Estado na economia, privatizou indústrias e serviços, tentou controlar a inflação e reduzir a despesa, serviu a austeridade ao povo do Reino Unido. Esmagou sindicatos, dividiu o país e aboliu o salário mínimo. Um tratamento de choque que acelerou a recessão e aumentou o desemprego. Pelo meio, Thatcher enfrentou a greve dos mineiros, numa altura em que o país vivia mergulhado em fortes convulsões sociais. As convicções fortes, nomeadamente em relação ao confronto com o IRA, renderam-lhe um atentado em 1984. Um grupo de republicanos irlandeses pôs uma bomba no hotel em Brighton durante um congresso do Partido Conservador. A Dama de Ferro - alcunha inventada por um jornalista soviético em 1976 - saiu ilesa.
Nos anos em que esteve no poder, entre 1979 e 1990, Thatcher atreveu-se a tudo. Criticou a URSS, reduziu o contributo do Reino Unido para os cofres da Comunidade Europeia através do famoso “cheque britânico” (depois de um início entusiástico em relação à Europa) e não evitou partir para um conflito armado em 1982, quando mandou as tropas britânicas defender as Malvinas da ocupação argentina. O êxito da guerra acabaria por lhe salvar a reeleição em 1983, depois de ter tido uma enorme quebra de popularidade.
A mão forte da Dama de Ferro já se tinha revelado antes de chegar a primeira-ministra: quando ainda era ministra da Educação, na década de 70, Thatcher ficou conhecida por abolir o leite gratuito nas escolas. Quando lhe perguntavam como era mandar num mundo político dominado por homens, costumava dizer que “quando uma mulher está em condições de igualdade com um homem, torna-se superior”. O jeito agressivo a negociar e o finca-pé aprendeu-o na mercearia do pai, Alfred, à beira de uma linha de comboio em Grantham.
Em 1987, Thatcher ainda conseguiu ser eleita para um terceiro mandato, mas a visão crítica em relação à União Europeia fez com que perdesse popularidade no partido. A Dama de Ferro acabou por renunciar aos cargos de primeira- -ministra e líder dos conservadores em 1990. “É engraçado, este mundo velho”, disse no último conselho de ministros.
Depois de se retirar da vida política, deu conferências e escreveu livros. Margaret Thatcher morreu enquanto dormia, aos 87 anos, de um AVC."

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