terça-feira, 24 de novembro de 2015

De Cavaco Silva até ao Novo Banco. Uma viagem curta

Para mim, hoje foram duas as noticias que marcaram o dia.

Primeiro, e logo pela a manhã, Cavaco chamou Costa a Belém, não para o indigitar, mas para lhe pedir mais esclarecimentos. Ora, vistos os esclarecimentos que pediu, mais não era do que o pedido de formalização e responsabilização da postura do PS e nomeadamente de António Costa perante aqueles 6 pontos, que estavam, diga-se, quer no programa do Partido Socialista, como também tem sido largamente explicado pelo líder socialista, e outros responsáveis deste partido em entrevistas e declarações.
Porém, e tendo em conta que estamos a falar do ainda Presidente da República Cavaco Silva, até que entendo o que fez e pediu. Sim, a mim não me escandaliza nada que o tenha feito. A partir do momento em que indigitou Passos Coelho, já sabendo que este seria chumbado, se sabe que Cavaco Silva tentaria, até à 25ª hora evitar aquilo que é inevitável, que António Costa venha a ser Primeiro-Ministro. E este pedido de esclarecimentos, para mim, não é mais do que uma pré-indigitação, mas também um pedido de uma folha que mais tarde seja utilizada como escudo contra qualquer acusação que a direita possa fazer ao PR de ter empossado a esquerda.
Certo é que Cavaco Silva tem ainda uma veia imprevisível, mas penso que amanhã, dia 24 de Novembro, tenhamos a indigitação de António Costa.

A outra notícia é o despedimento de 1200 funcionários do Novo Banco. Desde o dia em que esta solução, muito pouco clara, diga-se, para o BES foi encontrada, que eu desconfio da sua eficácia e eficiência. Senão vejamos. Primeiro, temos uma solução que não iria ter qualquer custo para os contribuintes. Ora, nos dias de hoje, e no nosso sistema bancário, dar uma garantia destas, é demagogia, mas quando existe uma capitalização por parte da Caixa Geral de Depósitos (maioritariamente estatal) no Novo Banco, este risco para os contribuintes torna-se inevitável. Depois, mais tarde, já seria preciso mais capitalização, e aí já seria possível prever alguns encargos para os contribuintes, ou seja, foi fazer o primeiro passo novamente, mas sem mentir, totalmente, aos portugueses. E agora, um despedimento coletivo de mais de 1000 funcionários.
O mais engraçado de tudo, é que os media, ao darem a notícia, mostram o exemplo do BBVA, que despediu no ano passado cerca de 150 funcionários (reparem na diferença) e obteve um lucro de 1M de euros com essa "manobra laboral". Ou seja, a noticiar como algo positivo. E enquanto forem pessoas despedidas para colmatar erros de gestão, o país não pode avançar. Seja ele qual for.

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