quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A TINA não mora em Portugal

Ao ler o Expresso Curto de hoje, senti uma enorme satisfação por ter votado numa das forças que ontem derrubou o Governo de direita. Segunda esta newsletter, a imprensa internacional destaca o facto de a esquerda se ter unido para por termo à austeridade.
Que melhor expressão para noticiar o que ontem se passou?

Claro que, muitos meios de comunicação social portugueses tentam vender a ideia de que poderemos tornar numa Grécia com crise política profunda, tentam não olhar tanto para exemplos de países europeus onde quem governa não é quem venceu as eleições. A Dinamarca por exemplo, que todos idolatram o seu estilo de vida, é um desses países!

António Costa afirmou logo, no seu discurso de derrota, sim, porque o PS perdeu as eleições, não as venceu, não foi capaz de capitalizar os votos de desagrado dos eleitores descontentes, que não contribuiria para uma maioria negativa, ou seja, só não faria passar o programa de Governo se tivesse consigo uma alternativa. Ora, acontece que essa alternativa foi, finalmente, construída. Não foi o PS quem venceu as eleições, não nos iludamos, mas foi sim a esquerda, e a esquerda soube ler esse resultado. Quem votou no BE e no PCP, para além dos seus votos mais fieis, são eleitores que não viram no PS, por si só, a capacidade de capitalizar o seu agrado. Ora, a haver um acordo entre os partidos de esquerda, o PS sabe que tem de com estes negociar, chegar a consenso, mas... quem não teria?

Creio que muito políticos e pseudo-políticos e aspirantes políticos ainda não perceberam uma coisa. A política hoje já não se faz como nos anos 90. Já não é uma t-shirt e uma caneta que influenciam um voto. As pessoas querem políticas reais, querem qualidade de vida, querem futuro para os filhos, querem estabilidade para as suas reformas, querem políticas sociais, querem um sistema de educação eficiente, querem um acesso à saúde sem olhar a carteira, querem uma justiça justa e imparcial. Aquele político que ainda pensa que basta aparecer nos 6 meses antes das eleições, pode bem tirar o cavalinho da chuva.
Ao fim e ao cabo, este Governo, com a ajuda de Cavaco Silva, fez prolongar as eleições para depois do verão na expectativa de obter um bom resultado com propaganda e populismo de chinelo no pé, mas a verdade é que 700 mil eleitores não se esqueceram de retirar a confiança que tinham depositado em 2011, e esse foi o verdadeiro fator decisivo no dia 4 de Outubro.

Hoje, em todo o mundo, Portugal é notícia porque a esquerda se uniu para derrotar a austeridade, e isso é que é factual.
Existe uma alternativa, e resta a Cavaco Silva permitir que ela seja posta em prática.
A TINA (There Is No Alternative) não mora em Portugal.


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