segunda-feira, 25 de maio de 2015

Da Irlanda até Espanha, passando pelo eurodeputado

Vou tentar não me alongar demasiado neste artigo, mas tentarei ao mesmo tempo, cobrir uma série de temas que merecem a minha atenção, desde da última quinta-feira.

1. Referendo na Irlanda

Na passada sexta-feira, foi dia de os irlandeses irem às urnas votar um referendo. Até aqui, não discordo de nada. Não fosse esse referendo para "aprovar" um direito. Para mim, os direitos não se referendam. Ponto final parágrafo!
Não obstante, e sendo a Irlanda o 20º país a aprovar o casamento homossexual, foi o primeiro a fazê-lo através de referendo. O que demonstra bem a vergonha que isso, para mim, é. No entanto, antes referendar do que não fazer nada. Referendar, para o caso, implica pelo menos haver abertura suficiente para se debater, para se discutir e parte do pressuposto que há possibilidade de aprovação de tal política ou medida.
Ver, na Irlanda, ser referendado a possibilidade de casamento homossexual e ver também que o SIM venceu com cerca de 62% é bastante significativo.
Para a história, ficará não só que este direito de tantos precisou de passar pela vergonha de ser referendado, mas essencialmente, que o SIM venceu e que a Irlanda é hoje, certamente, um país mais aberto e igualitário.
Para terminar este ponto, apenas citar o que Miguel Esteves Cardoso escreveu hoje no Público: "É estranho falar no casamento "gay" (...) a palavra gay só ganha em desaparecer. Cada um é como é."

2. Entrevista de Marinho e Pinto

Este fim-de-semana foi publicado no Público uma entrevista de Marinho e Pinto.
Nesta, vejo com enorme desagrado que uma pessoa como a que estamos a falar não tenha qualquer consciência da realidade em que vive, e que pior que tudo, se venha a candidatar como Primeiro-Ministro!
Augusto Santos Silva disse ontem, num dos seus irónicos mas sempre pertinentes posts no seu facebook pessoal, que ainda mal tinha começado a ler o jornal já sentia necessidade de desabafar, e mais, cita a página 11 onde Marinho e Pinto afirma que não podemos ter sessenta e tal por cento do PIB em dívida. Pois bem, temos cerca de 128% do PIB em dívida. Falamos de mais do dobro. Mas tenho de elogiar a paciência de Augusto Santos Silva, visto que a minha vontade de desabafar surgiu logo na primeira página da entrevista, onde ainda na introdução diz-se que Marinho e Pinto "não se define ideologicamente, mas reconhece-se mais próximo da social-democracia. E insiste em denunciar a corrupção na política.", e logo na primeira pergunta, em que a questão é se o PDR é de esquerda ou direita, a resposta é a seguinte: "Não nos preocupa essa definição porque a geometria tradicional está em constante transformação.".
Ora, a mim isto soa-me a demagogia e a populismo eleitoral. Somos tudo e não somos nada. Somos mais uns que andaremos por aí. Tal como aconteceu com a denúncia do ordenado de eurodeputado, que recebe, diz, mais de 20 mil euros mensais, mas não recusa parte nem nada faz para que a situação mude. Eis que o jornalista pergunta, e que eu concordo totalmente, se Marinho e Pinto não é daqueles que atira a pedra e depois esconde a mão!
Os portugueses terão de ter muita atenção nas próximas eleições legislativas, para que não aconteçam episódios Fernando Nobre 2.0! Já na vizinha Espanha, passaram de um sistema bipartidário (PP e PSOE) para umas eleições locais (ontem) em que agora surgem a governar 4 partidos (com a introdução na cena política do Podemos e Cidadãos), esperemos que não fundados em demagogias baratas.

3. Situação política em Espanha

Como acabei de referir no último parágrafo, em Espanha a situação que se vive é no mínimo estranha. Não no sentido figurado, mas para os intervenientes.
Na edição de ontem do Público, surge um excelente artigo de opinião, de Jorge Almeida Fernandes, que compara a situação política às séries de televisão Guerra dos Tronos e Borgen, em que a luta pelo poder é feroz, e só interessa a conquista do mesmo.
Com o surgimento de outras forças políticas que conseguem governar, haverá agora espaço para diálogo e para consensos, ou seja, para coligações.
Dos resultados de ontem, para além de se notar, claramente, o fim do bipartidarismo, podemos ver que o PP, que está no poder, continua a ser o mais votado, mas por muito pouco, e que em regiões como Madrid, capital, se o PSOE e o Podemos se coligarem, formam maioria e deixam assim de lado o vencedor PP, que está longe da maioria e que não terá condições de governar, muito por causa da lei eleitoral espanhola, que privilegia as maioria.
Enquanto se assiste a uma revolução democrática em Espanha, nítida aos olhos de todos, o PP de Rajoy continua a não ver o que se passa a sua volta. 
Muito sinceramente, penso que este é um cenário que não se verificará em Portugal, uma vez que o LIVRE e PDR, novos partido sem assento parlamentar não têm ainda peso para serem decisivos na formação de futuros governos. Mas, atenção, muito facilmente lá chegarão se os principais partidos (PS, PSD e CDS) continuarem a desiludir o eleitor como o têm feito, constantemente.

Para terminar, gostaria apenas de deixar nota da intervenção de Diogo Infante ontem, nos Globos de Ouro da SIC, de Pinto Balsemão: "Queria agradecer ao Ministério da Cultura. Ah é verdade, não há!".

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