quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O défice continua a não ser tudo



Não é por causa do Governo agora ser do Partido Socialista ou pela minha admiração por António Costa, nem tão pouco do défice ter, em 2016, registado o valor mais baixo de sempre em democracia que me vão ver a defender que o défice é de primordial importância na vida dos portugueses, ou até de qualquer outro povo.

Porém, é de inegável discussão a sua importância para a economia, pelo simples facto de que é um dos principais indicadores e que reflete o estado das contas de um país, mas não é tudo, refiro uma vez mais.

Esta obsessão que tem havido em torno dos números do défice ao longo dos últimos anos, e que consequentemente nos atira para a selva dos mercados, não pode continuar, nem mesmo quando os números são melhores, ou no caso, menos maus.

O défice, segundo António Costa, atingiu em 2016 o mínimo histórico do Portugal democrático, 2,3%, sim, dois vírgula três pontos percentuais em relação ao PIB. Ou seja, ou andamos a gastar menos ou a produzir mais, mas a verdade é que esta relação despesa pública e produção interna bruta está melhor de que nunca!

São bons sinais, sim, mas não é tudo. Muito falta a fazer, e a começar pelo défice, que se possível, não deve existir. Depois no emprego, a taxa de desemprego ainda tem dois dígitos, a do desemprego jovem é ainda muito elevada, o emprego que temos em Portugal é ainda muito precário, enfim, muitas outras coisas que temos um caminho, longo a percorrer.

Não obstante, o que estes dados nos mostram são, essencialmente duas coisas: primeiro que havia alternativa, que havia outro caminho, em segundo lugar, mostra que esse caminho, sendo que longo, está a ser percorrido.
Estas são para mim, as duas principais evidências que podemos retirar, mas temos outras, como por exemplo, o facto de o virar da página à austeridade ser uma realidade, o acordo das esquerdas afinal consegue ser cumprido, que existia e existe um espaço, mesmo que do tamanho do buraco de uma agulha, entre o acordo parlamentar que suporta o Governo e as instituições europeias. Por fim, salientar apenas que, a meu ver, só é possível porque é o António Costa a chefiar este Governo, um homem paciente, de consensos e dialogante.

É por esse Portugal que nos temos que bater e que, naturalmente, se expressará em indicadores económicos numa perspetiva de resultados das políticas adotadas e não como base das mesmas.

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