domingo, 5 de julho de 2015

Grécia. E agora?

Pelos vistos, ainda está por confirmar, mas o não deverá ter ganho o referendo na Grécia.

Se eu fosse grego, teria votado não. Por isso, estou feliz com o resultado.
Mas é ao mesmo tempo, uma sensação estranha. Sim, porque muita coisa agora está em aberto, inclusive a saída da Grécia da zona euro, que poderá até ser o mais provável, e é precisamente aquilo que eu não quero que aconteça.
Então, eu queria que ganhasse o não, e que a Grécia não saia da zona euro? Exatamente. O que eu quero, é que seja caminhado aquele caminho estreito entre a saída da zona euro, e a autonomia de um país, de uma nação, para poderem tomar as suas próprias medidas e políticas económicas.

O tempo não é de celebrações, mas sim de trabalho e consensos. E o ministro das finanças grego percebeu isso, ao ponto de ainda hoje, se reunir com os banqueiros e amanhã já estar sentado, novamente, na mesa das negociações.

Este resultado, e tendo em consideração o que foi sendo dito ao longo da semana pelos principais membros do Governo grego, apenas reforça a posição deste Governo, que agora não representa apenas as suas vontades (mais pessoais) mas sim a vontade de um povo.

Nunca ouvi Varoufakis dizer que não quer a Grécia na zona euro. Antes pelo contrário. Ouvi até, e foi curioso porque em Portugal a forma de fazer política é bem distinta, o ministro das finanças grego dizer que prefere cortar o braço a assinar um acordo que não fosse bom para os gregos! Apenas aqueles que têm um lugar na história, no lado certo junto dos heróis é que dizem isto. Por sua vez, e porque é importante não esquecer, ouvimos o nosso Presidente da República dizer que se a Grécia sair do euro, como somos 19, passam a 18. 

O que é certo é que venceu a resposta que coloca a Grécia mais perto da saída do euro. Se o sim tivesse vencido (é importante relembrar que ainda não sabemos o resultado final) teríamos amanhã um Governo demitido na Grécia e as instituições europeias a poderem continuar a controlar por completo o povo grego.

Agora, teremos duas grandes saídas:

  1. Ou os responsáveis europeus perceberam e sabem ler o resultado, e cedem nas negociações;
  2. Ou teremos um governo que não tem outra saída senão respeitar o que o povo quer, e romper com a zona euro.
A minha opinião sobre aquilo que vai acontecer é que, como na verdade ninguém com dois dedos de testa quer a saída de nenhum país da zona euro, as instituições europeias vão ceder no pouco que falta. Na verdade, não têm outra saída senão esta. Ninguém quer ficar com a batata quente na mão.

Ao contrário do que Passos Coelho tem dito, é óbvio que haverão ilações para Portugal. A começar pela possibilidade de o nosso Primeiro-Ministro vir a ser reeleito ou não. Caso as negociações entre a Grécia e as instituições europeias não cheguem a bom porto, ninguém calará Passos Coelho e Paulo Portas a dizer que não existe o caminho que António Costa defende. Caso se chegue a acordo, ouvirão, certamente, António Costa utilizar a Grécia como exemplo.

Os próximos dias sim, vão ser decisivos.

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