quinta-feira, 23 de julho de 2020

Aqui, menos não é mais.


Ceder ao populismo não tem de ser só na forma do voto. O parlamento acabou de dar um fortíssimo sinal de retrocesso e não se percebe bem qual é a ideia subjacente. Aqui, menos não é mais. Combater o populismo tem sede própria, o parlamento, e o parlamento quase vai deixar de passar na TV.

O argumento de Rui Rio, de deixar o Primeiro-Ministro trabalhar é considerar o dia de debate quinzenal no parlamento um dia de folga? Se é, é um tremendo erro porque só está a dar razão àqueles que dizem que no parlamento não fazem nada. O que não é verdade.
Estará a alimentar aqueles que 

Os debates quinzenais têm sido um excelente palco para André Ventura, principalmente quando o diálogo fica a dois com o Presidente da Assembleia da República que, pelos cargos que já ocupou, pela experiência política que tem, deveria mostrar muito mais do que tem feito. Se a ideia é tirar palco ao líder do CHEGA!, também considero um erro grave, porque se está a mudar o regimento em função de um, repito, um único deputado. 

Do ponto de vista da ciência política, também não me parece um grande sinal de reforço da democracia. O escrutínio da parlamento ao governo é feito em várias frentes, não é apenas e só no debate quinzenal. Existem muitas outras audições parlamentares, comissões sectoriais e ainda outras formas de escrutínio no parlamento ao Governo, o que se resume a uma medida meramente simbólica. O parlamento perderá relevância política. E todos o sabem. Depois, não se queixem da abstenção.

Ir ao parlamento não deveria ser um frete. Custa-me a crer que António Costa veja como tal. Mas até nisto, a opinião que o líder do PS possa ter não é chamada à razão, porque quem vai votar são os deputados. É o grupo parlamentar, e mesmo assim custa-me acreditar que achem uma boa medida. Não podem pensar só no hoje, têm de pensar que não sabem quem vai estar aí amanhã.

Se for para passar esta proposta, metam só 4 idas por ano. Afinal de contas nem se perde assim tantas reuniões e pelo menos ficava igual às Assembleias Municipais e de Freguesias. Só uma sugestão para piorar. Devem gostar.

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