segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Uma questão de milhões de euros?



O presidente da Cáritas disse numa entrevista que o Estado recebeu muitos milhões de euros com a campanha do Banco Alimentar que decorreu este fim de semana. Mas isso é óbvio que o fez. A sugestão de Eugénio Fonseca é que o Estado abdique do IVA nos produtos neste tipo de iniciativas.

Como todos sabem, tenho tido uma postura bastante activa neste domínio, principalmente no Banco Alimentar que pela quarta vez consecutiva, estive como chefe de equipa na recolha de alimentos num hipermercado, e por isso, sei como funciona, parcialmente, a logística da campanha.

Acontece que, realmente, alguns cidadão defendem esta mesma teoria. Mas, é algo que eu acho que não deveria acontecer! Vejamos porque. Eu entendo aqueles que criticam este tipo de campanhas por vários argumentos que apresentam, sendo até todos eles válidos, como são exemplo esta tese de o Estado ganhar com o IVA, de os hipermercados que aderirem ganham porque são produtos que não seriam vendidos, enfim, entre outros, estes são os principais.

No entanto, quem actua no terreno, sabe que não seria controlável, isto porque um cidadão, contribui para o Banco Alimentar oferecendo um produto alimentar depois de o ter pago, o que geralmente acontece ao mesmo tempo que paga os outros produtos, para seu próprio uso. Agora deixo aqui uma questão: Como é que se iria controlar para taxar apenas os produtos que são oferecidos?

Existe uma solução sim, "deixando" que o valor destes produtos oferecidos entrem como despesas no IRS. Em primeiro lugar, afastaria muitos da intenção de ajudar, porque desta forma, os voluntários teriam de passar um comprovativo, o que demoraria muito tempo, e em segundo lugar, daria azo a aproveitamento.

Dado isto, proponho o seguinte: Deixem estar como está, porque está bem! É certo que o Estado ganha, é certo que Belmiro Azevedo, Jerónimo Martins e afins também ganharam, mas muitos cidadãos carenciados também estão a beneficiar, todos os dias. E é este, o motivo que me move de seis em seis meses, a passar 12 horas de pé, e a angariar voluntários para o mesmo efeito.

Para terminar, no dia após um evento desta dimensão, a preocupação do Presidente da Cáritas é que o Estado ganhou dinheiro com a recolha? A mim preocupa-me mais as pessoas que precisam destes alimentos para sobreviver...

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