terça-feira, 31 de março de 2015

Fim de semana alaranjado

Este fim de semana, o PSD merece dois apontamentos meus.
Claro, o PSD Madeira que venceu com maioria absoluta, com apenas 1 mandato de vantagem para esse mesmo desejado resultado. O outro apontamento, prende-se com o facto de Marco António Costa "responder" à iniciativa do PS de criar um canal aberto para receber propostas de todos os portugueses, para integrar no programa de governo participativo que está a ser desenhado pelos socialistas.

No primeiro caso, gostaria de salientar um aspeto que me parece bastante relevante. Para os que já não se lembram, Miguel Albuquerque foi forte opositor a Alberto João Jardim, dentro do PSD Madeira. Pois bem não só foi seu sucessor dentro do partido, como foi ontem eleito seu sucessor para governar a região autónoma. Mais do que isso, eleito com maioria absoluta. Desde já, os meus mais sinceros parabéns, é uma vitória daqueles que não se resignaram, e que combateram e usaram da sua liberdade de expressão, muitas vezes, indo contra o próprio líder do partido (à sua escala). É também a demonstração de que muitas vezes, a falada máquina partidária muitas vezes somos nós, que estamos de fora, que a fazemos.
Mas essa vitória absoluta, tangencial, é a demonstração que um voto pode, realmente, fazer a diferença. Para mim, é uma das grandes lições que se podem tirar das eleições de ontem. Essa importância tem outra dimensão quando amanhã os votos são recontados, e essa maioria pode eventualmente estar em cheque (não deverá acontecer).
Uma outra nota das eleições de ontem, foi a enorme abstenção que, na Madeira, passou pela primeira vez, os 50%. Vergonhoso.

Num outro panorama, mas continuando com o PSD como "tema", tivemos Marco António Costa a desafiar os militantes e simpatizantes do seu partido a participar no programa de governo participativo que o PS está a levar a cabo, através do site hoje lançado canal aberto, para o efeito. O que é positivo, penso que é o reconhecimento de que é uma ideia tão boa e tão promotora da democracia, que o próprio PSD incentiva a participação. Como é óbvio, estou a ironizar em certa medida, mas uma vez mais, é o PS que muito está a fazer para promover e dignificar a democracia. Depois dos tempos conturbados no pós 25 de abril, e mais recentemente da introdução das primárias, um programa de governo participativo. É por estas e por outras, que sou militante da Juventude Socialista.

Entretanto, António Costa no seu tempo de antena, falou da experiência como autarca e o que isso pode melhorar o seu desempenho como Primeiro-Ministro, caso seja eleito. Principalmente, depois de ter sido 3 vezes Ministro, anteriormente à experiência de autarca, que define como muito gratificante e na qual se aprende a governar para as pessoas, de perto, daí defender a descentralização, tal como aplicou no município. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Quem dá o que tem, a mais não é obrigado.

Este será um artigo curto, mas que muito deveria alertar para a sociedade, da necessidade do bem comum... É neste espírito que o escrevo.

Muito se tem falado e escrito acerca do desastre que esta semana vitimou 150 passageiros do avião da GearmanWings. Muito será, certamente, pura especulação. No entanto, é importante realçar que vitimas existem, familiares da mesma também, e existe uma investigação em curso.

Mas eu não falarei de onde estaria ou não o piloto, se o sistema de segurança e radar funcionou ou qualquer outra questão técnica (da qual não percebo).

O que me deixou, de certo modo, contente, foi ver que existem pessoas que no meio da desgraça, param e pensam nos outros. E mais do que isso, aliás, muito mais do que isso, agem em conformidade.
A população local de onde caiu o avião, abriu as próprias portas das suas casas para receberem familiares das vitimas. Um ato espontâneo que deveria inspirar muitas outras comunidades.
Estas pessoas, dirigiram-se, voluntariamente e em massa, às autarquias locais para disponibilizarem as suas próprias casas. É louvável!

Quem dá o que tem, a mais não é obrigado.

terça-feira, 24 de março de 2015

As lições gregas não chegaram a Coimbra

Como já devem saber, hoje celebrou-se o dia nacional do estudante.
Inevitavelmente, Coimbra estaria na ordem do dia, pois mais não seja, estamos a falar da cidade dos estudantes!

Porém, desta vez os motivos são até outros, ora a Académica de Coimbra recusou almoçar com o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho. Este, almoçou em Braga com as diferentes associações de estudantes do país, excetuando representantes de Coimbra.

Esta recusa é que deu origem ao título.
Por um lado, é louvável o facto de os estudantes terem demonstrado o seu desagrado com as políticas desenvolvidas por este executivo. O que é, aliás, um sentimento alargado a muitas outras áreas. 

Por outro lado, esta era uma oportunidade rara de os representantes dos estudantes se sentarem à mesa com o chefe do executivo.
O facto de terem recusado, fez-me lembrar o Bloco de Esquerda e do PCP quando se recusaram sentar a mesa com a TROIKA. O BE, por via de Francisco Louçã, então líder do partido, afirmou mais tarde que se tinha arrependido de não sentar a mesa, porque seria precisamente uma oportunidade de dar opinião e de tentar que o memorando fosse, supostamente, menos mau.
Temos ainda o outro lado, em que dialogar é a base de qualquer democracia, nomeadamente da criação de consensos.

Mas tendo uma visão macro, e mais fresca, pode-mo-nos lembrar da Grécia, que não concordando com a filosofia aplicada pelas instituições europeias, não deixou de se sentar à mesa, dialogar, ceder e encontrar soluções. Esta é a base de uma sociedade pluralista.
Esta é uma lição que deveríamos ter todos aprendido, mas pelos vistos, não chegou a todos.

Não nos podemos resignar, mas quando temos oportunidade de tentar mudar, ou de fazer realmente ouvir, devemos aproveitar.

segunda-feira, 23 de março de 2015

De Belém a Paris

Como sabemos, este ano iríamos estar muito atentos a eleições em diferentes órgãos e em diferentes países. Principalmente em Portugal, pelo menos aqui no PNP!

Contudo, são as eleições presidenciais que maior destaque têm recebido pelos media e pelos próprios políticos nacionais.
O mesmo, se reflete aqui no PNP, em que o tema das presidenciais, assim como os potenciais candidatos, quer da direita, mas principalmente os da esquerda, sim, porque são mais que muitos, têm sido alvo de diferentes comentários da minha parte. E hoje não poderia não escrever sobre isso mesmo. Henrique Neto, ex-deputado socialista anunciou que vai apresentar candidatura esta quarta-feira como candidato a Presidente da República. Atenção que não sou contra este facto. Aliás, considero bastante importante os cidadãos, sejam provenientes de qualquer quadrante político, tomem iniciativas e tenham um papel ativo na sociedade. Porém, a esquerda insiste em se fragmentar. E assim, apenas estamos a alimentar o sonho da direita, um Presidente e um Governo.
Esta candidatura de Henrique Neto trás consigo os "dinossauros" do costume. Um dos primeiros e mais mediáticos foi Medina Carreira anunciar que vai apoiar esta candidatura. Ou seja, ao contrário do que já ouvi, referindo que esta candidatura se aproxima da de Fernando Nobre outrora, considero que esta candidatura não será tão enquadrada com a sociedade atual, mas sim uma candidatura alimentada por ex governantes, ex detentores do poder. Mais do mesmo, portanto.
Em relação ao comentário de António Costa, e uma vez que esta candidatura ou anúncio da mesma, foi feita por alguém facilmente ligado ao PS, acredito que o líder socialista agiu bem ao considerar que lhe é indiferente. Pois esta candidatura surge sem sequer haver um primeiro contacto, e urge como completamente apartidaria. Pois bem, assim se deverá manter até ao fim.
De notar que, as candidaturas a Belém devem ser apresentadas por figuras independentes, e com apoios de partidos, e não por partidos, apoiados em um candidato. E nesse sentido, Henrique Neto fez bem, caso ache que é o candidato agregador de intenções de voto, e ache que tem, realmente, um papel importante a desenvolver face aos nossos desafios.

Por falar em regressos, Sarkozy venceu ontem as eleições (primeira volta) departamentais. Remetendo a Frente Nacional de Marine Le Pen para segundo lugar com 25% dos votos, e para terceiro lugar o Partido Socialista de Hollande com 22%.
Mas não é a vitória em si que quero aqui destacar, mas sim o seu significado, e possível transposição para o panorama nacional.
Para os mais esquecidos, Nicolas Sarkozy à bem pouco tempo estava a ser detido para interrogatório, com casos processuais às costas e com uma popularidade nada apreciável. Acontece que, depois da poeira assentar, chega a líder novamente e vence eleições.
Em Portugal estão a ver alguém que se enquadre neste perfil? Existe alguém que possa escrever uma história idêntica? Eu tenho uma pessoa em mente...

quinta-feira, 19 de março de 2015

Existe lista? Quem é o responsável?

Aparentemente, existe uma lista VIP para o nossos sistema tributário.
A minha lista de questões, e que penso ser a de muitos, é:
Existe lista VIP?
O que é, realmente, essa lista VIP?
Para que existe?
Quem a criou?
Porque?

Não se percebendo ainda, se existe ou não, uma lista VIP para as finanças, a verdade é que já rolam cabeças. E a de Paulo Núncio, secretário de Estado dos assuntos fiscais, está em jogo.

Porém, os partidos parecem estar a ser bastante cautelosos em relação a este assunto, e ao mesmo tempo, unânimes. Pois na verdade, neste momento todos querem salvar a sua própria pele, seja o que for que se passe.

Esta situação, que causa obviamente, mau estar na governação, e o facto de terem sido já duas as pessoas de altos cargos governamentais a saírem pelo próprio pé, dá muito a entender de que algo não está bem.
Ao mesmo tempo, é uma das formas mais dignas de se sair do poder, pelo próprio pé. Percebendo-se assim, o lugar que se ocupa e as responsabilidades a que se está obrigado.

A propósito, penso ser útil relembrar, apenas por nota informativa, a demissão de Miguel Macedo, que foi uma forma exemplar de se comportar na política. Uma lição a tirar.

Muito mais não se pode escrever sobre o assunto, porque muito pouco sobre ele se sabe.
O que queria, no fundo, aqui deixar para os leitores, é a minha convicção do óbvio. Isto é, algo se passa, os partidos estão a ter um bom comportamento. E este episódio, com o seu desenrolar, ditará se o Governo, nomeadamente Passos Coelho tem punho firme e até que ponto a proteção da informação do contribuinte, o chamado sigilo, é respeitado ou não...

Ainda muito se falará. Espero que sempre numa linha construtiva e que as devidas explicações e ilações sejam apuradas. É o que se exige.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Um programa que não pode surgir já

À muito que a campanha para as legislativas começou, e por muito tempo durará... Obrigado Cavaco Silva!
Este fim de semana, vimos António Costa anunciar que irá ter uma política direcionada para a pobreza infantil, o que me parece bastante positivo, tudo o que seja para erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, me parece bastante benéfico e, à priori, contará com o meu apoio.

Mas a questão que me leva a escrever este artigo, não é esse anúncio, mas sim o facto de o PSD reagir da forma como reagiu... Portanto, a nova forma de ganhar tempo, que o PSD parece precisar, é perguntando como é que isso vai ser financiado. Isto é, temos o líder da oposição a anunciar uma medida, e o líder do Governo a perguntar como esta medida será financiada, o que nos leva a tirar algumas conclusões. Tais como:

  • Governo foi surpreendido pela medida;
  • Afinal, não há dinheiro para nada que seja anunciado fazer, e será então feito sempre o mesmo;
  • O Governo pretende aplicar essa mesma medida se ainda for a tempo;
  • O líder da oposição não pode, realmente, anunciar medidas atempadamente;


Passos Coelho ao reagir assim, dá a entender que o pensamento foi: Como é que não nos lembramos disto antes?
O que nos leva logo para o terceiro ponto, em que se Costa explicar como poderá financiar a medida (erro grasso), o atual executivo tentará, e mesmo sem a explicação, poderá fazê-lo, aproveitar-se da ideia e aplicar ainda esta legislatura.
Por outro lado, o país que está melhor ao ponto de devolver mais cedo o dinheiro emprestado, tem tantas dificuldades que não poderá financiar um medida para a qual não deverão ser necessários muitos milhares de milhões de euros, a não ser que, o país que está tão melhorado, tenha assim tantas crianças na pobreza. Saindo um pouco desta linha de ironia, esclarecer que a mesma é aplicada ao Governo e não aos mais novos, que vivem muitas vezes em extremas dificuldades, que já nem seria de admitir em pleno séc. XXI. Nem que fosse apenas uma criança a viver em estado de pobreza, já seria demasiado.
Por fim, o Governo, ao tentar capitalizar as ideias de António Costa, apenas demonstra que o líder do PS não pode anunciar nada com tempo suficiente que se irá, inevitavelmente, aproveitar. Agora, muitos perceberão um dos porquês de Costa apenas apresentar o seu programa de Governo no final da primavera...

quinta-feira, 12 de março de 2015

Se já foste, VEM

Nota-se mesmo que é ano eleitoral, e pelos piores motivos, obviamente.

As pessoas estão cansadas deste sistema, não votam e reprimem ao máximo a classe política, porque em anos como este, tendem-se a fazer promessas irrealistas e a aplicar políticas que vão contra tudo aquilo o que foi aplicado até agora.
Tem sido assim sempre, relembro que por exemplo o último Governo de Sócrates aumentou os funcionários públicos em 2.9% quando a taxa de inflação foi de apenas 1%.

Com isto não quero dizer que as medidas e promessas que são feitas em anos eleitorais não são boas, aliás, costumam, bem pelo contrário, ser excelentes medidas do ponto de vista do cidadão contribuinte. O que irrita esse mesmo contribuinte, é que dá ideia de ser uma esmola ou algo para "calar" as opiniões divergentes...

Este executivo foi, desta vez, longe demais.

Ao longo deste mandato, depois de ter chamado piegas aos portugueses, depois de ter dito que ser-se despedido era uma oportunidade, ainda defendeu a emigração de tantos e tantos jovens. Esta emigração, em 2011, 2012 e 2013 atingiu números bastante comparáveis aos da década de 60.
Esta emigração, agora qualificada, advém de vários fatores, entre os quais a ambição dos jovens, a falta de oportunidades de emprego e também a falta de apoio estatal. Contudo, o Governo de Passos Coelho deu o derradeiro empurrãozinho quando aconselhou os jovens a emigrarem, para adquirirem conhecimento para, posteriormente, o aplicarem em Portugal...
Parece-me uma excelente filosofia, mas se partir da vontade de cada um, e não do Primeiro-Ministro que deve oferecer alento e esperança aos portugueses.

Mas... Sim, porque há sempre um mas, como estamos em ano eleitoral, temos agora o novo programa VEM, que basicamente é um convite aos jovens para voltarem a Portugal que o Estado apoia financeiramente. Parece-me ótimo, devo dizer, mas não depois de o mesmo PM ter convidado os mesmos jovens a sairem. Isso, é gozar com as pessoas, que ambicionam um futuro próspero e que querem construir algo, nomeadamente uma família.

Este, parece ser dos melhores vaiVEM da política nacional.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Adenda ao artigo... credibilidade em causa.

Na passada segunda-feira, publiquei este  artigo em que referi que Portugal tinha hoje mais credibilidade do que em 2011.
No artigo de hoje, não o vou desmentir, mas vou fazer uma adenda, por outras palavras, vou justificar ou fundamentar o que disse...

É verdade que hoje Portugal tem mais credibilidade externa, disso, penso que ninguém duvida. Mas essa credibilidade advém do facto de quem tem hoje o destino da Europa nas mãos, isto é, os alemães, têm a mesma linha de pensamento que este Governo, ou seja, a aplicação da austeridade custe o que custar.
Por isto, é natural que a credibilidade seja maior, uma vez que, como explicado, quem define e dirige as nossas políticas tem encontrado no nosso Governo um excelente braço direito, um seguidor das suas políticas, um bom aluno ou um menino do coro se quisermos assim dizer. 
Este Governo é, no fundo, uma spin-off do Governo alemão.

Mas, e se quem definisse os nossos destinos, não fosse Angela Merkel?

Sim, e se não fosse Merkel a comandar?
Aqui podemos encontrar 2 cenários. Ou continuariam a ser os alemães a liderar a Europa, pela mão de Martin Schulz, ou então um outro país, por exemplo a França de Hollande. Isto porque parece ser impossível a Europa ser dos europeus todos, quero com isto dizer que estamos longe de ver a Comissão Europeia a orientar, realmente, as nossas políticas.

Usemos os dois exemplos traçados acima.
Se ao invés de Merkel, fosse Schulz, o Governo português não se sentiria certamente em casa, quando existem cimeiras ou reuniões do eurogrupo. Com Schulz a chanceler alemão, acredito que a orientação política seria de investimento público, e não a de precisamente o contrário!
Já se fosse Hollande... bem, talvez não seja um bom exemplo mas quero acreditar que seria também uma política de algum investimento público e não tanto de austeridade como atualmente se verifica. Isto dentro da incerteza que Holland causa, naturalmente.

Acho que já deu para perceber a ideia. Se não fosse Merkel, ou qualquer outro que com as suas ideias alinhe (Rajoy por exemplo), este executivo que elegemos não teria conquistado a credibilidade (ténue) que hoje usufruímos. 
E para que a palavra ténue não cause dúvidas quanto à sua aplicação, a credibilidade de hoje é efetiva, existe, mas basta ou o Governo português ou o alemão mudarem, que essa credibilidade se poderá, facilmente, desvanecer.

E agora só mesmo para terminar, e se fosse Tsipras a dirigir os destinos europeus? Bem, aí é que o Governo português não tinha qualquer hipótese de passar nem sequer como despercebido, quanto mais por bom aluno!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Uma questão de imagem... valerá a pena?

Temos ouvido muito falar, direta ou indiretamente, da imagem de Portugal.

Sem nos apercebermos, o que António Costa disse aos investidores chineses, e não só, foi apenas e só acerca da nossa imagem externa. A estratégia deste Governo, prende-se muito mais com a nossa imagem externa, do que com as nossas preocupações enquanto cidadãos. E estes, são apenas dois dos principais temas onde podemos identificar nas entrelinhas este objetivo de discurso.

A grande pergunta, no entanto, é qual a verdadeira importância e até onde devemos ou podemos ir, para cultivar, preservar e difundir essa mesma imagem. Ou se quisermos, uma outra questão ainda mais primordial, que imagem queremos passar?

O líder do PS, e da oposição, quis passar recentemente uma imagem de estabilidade política e económica do nosso país. Consequência disso mesmo, foi veementemente criticado, quer dentro do país como dentro do próprio partido.
Já o Governo, e mais precisamente Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque, têm-se esforçado por cultivar uma imagem de país muito responsável, nomeadamente procedendo ao reembolso do nosso empréstimo antecipadamente. Consequência, menos fundos disponíveis para aplicar na nossa economia, menos criação de emprego, impossibilidade de baixar impostos, insatisfação da população.

Como podemos ver, nos casos acima, o preço a pagar por essa imagem, não é barato.
Mas valerá a pena?

Em certa medida, acredito que sim. Portugal ter uma imagem consistente lá fora, faz com que em caso de precisarmos, temos a quem recorrer (e na nossa história recente, são já 3 ajudas externas), para além de que temos maior probabilidade de sermos ouvidos, e de a nossa opinião contar. Basicamente, dá-nos credibilidade institucional. 
Temos, muito à custa dessa imagem responsável, pessoas que exercem ou exerceram cargos de grande destaque institucional, como António Guterres na ONU ou Durão Barroso na Comissão Europeia.
Porém, essa imagem, e esses benefícios subjetivos, não põe comida na mesa do nosso povo, não paga salários, nem nos faz tornar um país competitivo!

A meu ver, é importante criar, cultivar e manter essa imagem, mas se, e só se, a podermos manter. Se o preço a pagar por ela for o descontentamento da população, a precariedade, a pobreza ou qualquer outra forma de opressão social ou económica, não faz sentido.

Sem a casa arrumada, vamos convidar visitas?

segunda-feira, 2 de março de 2015

Chinesices e o problema do português

Ser-se mal interpretado, ou expressar-se mal? Eis a questão.

A dúvida colocada como abertura deste artigo, remete para o episódio protagonizado pelo líder da oposição, António Costa.
Na passada semana, ao que muitos acham, meteu os pés pelas mãos, ao dizer perante investidores estrangeiros, nomeadamente na abertura do ano chinês, elogiou a intervenção dos chineses na nossa economia nos últimos anos e que ajudaram a que Portugal esteja hoje bastante diferente do que em 2011.

E é verdade, Portugal está bastante diferente. Mas não quer isso dizer que esteja melhor.
O que gerou grande perplexidade, ou o facto de ter dado a entender que Portugal está hoje melhor do que estava, quando é líder da oposição, e tem defendido exatamente o contrário. Estas declarações levaram, aliás, a que Alfredo Barroso, um dos fundadores do Partido Socialista, se revoltasse e entregasse o cartão de militante. 

Porém, eu tenho uma outra postura. Por um lado percebo as declarações de António Costa em que, perante potenciais investidores, tenta dar a melhor imagem de Portugal. Muito mau seria que um candidato a Primeiro-Ministro andasse a vender uma má imagem do país que quer governar, apenas porque é líder da oposição. No entanto, não podemos também deixar de tentar perceber as reações que despoletaram. Não é coerente que quem critica o estado do país de repente diga que está melhor...

Hoje, os portugueses conhecem um candidato a Primeiro-Ministro que defende Portugal, e não como em 2011, quando Passos Coelho fez o que pôde para manchar a imagem de Portugal no exterior e assim, ajudar a derrubar o Governo.
António Costa não poderia, nunca, falar mal de Portugal a investidores estrangeiros e depois de um "milagroso domingo", passaria a ser o melhor país do mundo. Não, isso não seria coerente!
Outro aspeto relevante, é o facto de não podermos deixar cair na ideia de que o país está melhor mas os portugueses é que não, como alguém já defendeu no passado! Até porque o país está realmente pior, mas tem hoje uma coisa que não tinha em 2011 e penso que seria a isso que Costa se referiu, que é justamente, credibilidade externa. Nisso, estamos melhores, realmente.

Para terminar, e não querendo ser xenófobo nem fazendo deste artigo, um paninho quente a António Costa, de todos os investimentos, o chinês é o que menos me agrada. É verdade que têm sido dos povos que mais se predispõe a investir no nosso país, nacionalizaram até a EDP no nosso processo de privatização, já para não falar das inúmeras lojas e armazéns que têm aberto nos últimos 10 anos, e até a grande comunidade chinesa que aqui reside. Agora, eu não posso concordar com economias que se baseiam no empobrecimento da população, na exploração, nomeadamente na exploração infantil. Sim, porque todos nós sabemos que isso acontece na China, e todos temos fechado os olhos. Este é, para mim, o principal problema e que não vi ser debatido. Infelizmente.