segunda-feira, 2 de março de 2015

Chinesices e o problema do português

Ser-se mal interpretado, ou expressar-se mal? Eis a questão.

A dúvida colocada como abertura deste artigo, remete para o episódio protagonizado pelo líder da oposição, António Costa.
Na passada semana, ao que muitos acham, meteu os pés pelas mãos, ao dizer perante investidores estrangeiros, nomeadamente na abertura do ano chinês, elogiou a intervenção dos chineses na nossa economia nos últimos anos e que ajudaram a que Portugal esteja hoje bastante diferente do que em 2011.

E é verdade, Portugal está bastante diferente. Mas não quer isso dizer que esteja melhor.
O que gerou grande perplexidade, ou o facto de ter dado a entender que Portugal está hoje melhor do que estava, quando é líder da oposição, e tem defendido exatamente o contrário. Estas declarações levaram, aliás, a que Alfredo Barroso, um dos fundadores do Partido Socialista, se revoltasse e entregasse o cartão de militante. 

Porém, eu tenho uma outra postura. Por um lado percebo as declarações de António Costa em que, perante potenciais investidores, tenta dar a melhor imagem de Portugal. Muito mau seria que um candidato a Primeiro-Ministro andasse a vender uma má imagem do país que quer governar, apenas porque é líder da oposição. No entanto, não podemos também deixar de tentar perceber as reações que despoletaram. Não é coerente que quem critica o estado do país de repente diga que está melhor...

Hoje, os portugueses conhecem um candidato a Primeiro-Ministro que defende Portugal, e não como em 2011, quando Passos Coelho fez o que pôde para manchar a imagem de Portugal no exterior e assim, ajudar a derrubar o Governo.
António Costa não poderia, nunca, falar mal de Portugal a investidores estrangeiros e depois de um "milagroso domingo", passaria a ser o melhor país do mundo. Não, isso não seria coerente!
Outro aspeto relevante, é o facto de não podermos deixar cair na ideia de que o país está melhor mas os portugueses é que não, como alguém já defendeu no passado! Até porque o país está realmente pior, mas tem hoje uma coisa que não tinha em 2011 e penso que seria a isso que Costa se referiu, que é justamente, credibilidade externa. Nisso, estamos melhores, realmente.

Para terminar, e não querendo ser xenófobo nem fazendo deste artigo, um paninho quente a António Costa, de todos os investimentos, o chinês é o que menos me agrada. É verdade que têm sido dos povos que mais se predispõe a investir no nosso país, nacionalizaram até a EDP no nosso processo de privatização, já para não falar das inúmeras lojas e armazéns que têm aberto nos últimos 10 anos, e até a grande comunidade chinesa que aqui reside. Agora, eu não posso concordar com economias que se baseiam no empobrecimento da população, na exploração, nomeadamente na exploração infantil. Sim, porque todos nós sabemos que isso acontece na China, e todos temos fechado os olhos. Este é, para mim, o principal problema e que não vi ser debatido. Infelizmente.

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