quinta-feira, 5 de março de 2015

Uma questão de imagem... valerá a pena?

Temos ouvido muito falar, direta ou indiretamente, da imagem de Portugal.

Sem nos apercebermos, o que António Costa disse aos investidores chineses, e não só, foi apenas e só acerca da nossa imagem externa. A estratégia deste Governo, prende-se muito mais com a nossa imagem externa, do que com as nossas preocupações enquanto cidadãos. E estes, são apenas dois dos principais temas onde podemos identificar nas entrelinhas este objetivo de discurso.

A grande pergunta, no entanto, é qual a verdadeira importância e até onde devemos ou podemos ir, para cultivar, preservar e difundir essa mesma imagem. Ou se quisermos, uma outra questão ainda mais primordial, que imagem queremos passar?

O líder do PS, e da oposição, quis passar recentemente uma imagem de estabilidade política e económica do nosso país. Consequência disso mesmo, foi veementemente criticado, quer dentro do país como dentro do próprio partido.
Já o Governo, e mais precisamente Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque, têm-se esforçado por cultivar uma imagem de país muito responsável, nomeadamente procedendo ao reembolso do nosso empréstimo antecipadamente. Consequência, menos fundos disponíveis para aplicar na nossa economia, menos criação de emprego, impossibilidade de baixar impostos, insatisfação da população.

Como podemos ver, nos casos acima, o preço a pagar por essa imagem, não é barato.
Mas valerá a pena?

Em certa medida, acredito que sim. Portugal ter uma imagem consistente lá fora, faz com que em caso de precisarmos, temos a quem recorrer (e na nossa história recente, são já 3 ajudas externas), para além de que temos maior probabilidade de sermos ouvidos, e de a nossa opinião contar. Basicamente, dá-nos credibilidade institucional. 
Temos, muito à custa dessa imagem responsável, pessoas que exercem ou exerceram cargos de grande destaque institucional, como António Guterres na ONU ou Durão Barroso na Comissão Europeia.
Porém, essa imagem, e esses benefícios subjetivos, não põe comida na mesa do nosso povo, não paga salários, nem nos faz tornar um país competitivo!

A meu ver, é importante criar, cultivar e manter essa imagem, mas se, e só se, a podermos manter. Se o preço a pagar por ela for o descontentamento da população, a precariedade, a pobreza ou qualquer outra forma de opressão social ou económica, não faz sentido.

Sem a casa arrumada, vamos convidar visitas?

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