A expressão de união nacional utilizada pelo primeiro-ministro, a meu ver, não foi de todo feliz. Mas não foi feliz apenas por estar, em Portugal, associada à ideia de Estado Novo e ao período de ditadura que nos foi imposta.
Hoje vivemos num outro tipo de ditadura, mas não é sobre isso que vos vou falar.
Eu em parte, e percebendo bem o que o PM quis dizer, até concordo com o que pediu, mas preferia a expressão que deixou de parte, a de unidade nacional.
É verdade, como diz, que precisamos de um país unido, a falar a uma só voz, a remar para um só lado, mas essa união não se pede, conquista-se. E isso, Passos Coelho não tem tentado fazer minimamente.
Depois das negociações falhadas com os socialistas, o líder do executivo não pára de pressionar o principal partido da oposição a entrar em acordo. Isto tem um objectivo, que é "trilhar" o PS. Seguro cometeria um tremendo erro, depois da declaração que fez, sentar-se a mesa num curto espaço de tempo e sem sinais de diferença de atitude do Governo.
Quanto à união nacional pedida, essa estará já fora do alcance deste primeiro-ministro. Não se pode aceitar que, de repente, toda uma nação se una em torno de uma pessoa que ao longo de dois anos, lhes mentiu em campanha, as tem desprezado, as tem massacrado, mas sobretudo, não as tem ouvido. Para agora, a dois anos de eleições (dado relevante) se pedir uma coisa destas, seria preciso que se tivessem esforçado, minimamente, em nos ter ouvido. O povo saiu para a rua como à muito não se via, tem pegado em exemplos dos tempos da revolução como a Grândola, e ainda assim, não tem quem realmente os represente, principalmente no exterior, onde vemos o PM estender a mão para obter o título de bom aluno.
Pois bem caro primeiro-ministro, tendo em conta tudo isto e estes dois anos passados, recomendo que vá pedir união à chanceler Angela Merkle.
NOTA: o povo está unido, só não está é a apoiá-lo.
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