Na passada quinta-feira, em Portugal fez-se a quarta greve geral, desde o 25 de Abril unindo as duas centrais sindicais, a segunda deste Governo.
Ultimamente, e principalmente desde que este Governo tomou posse (o anterior já tinha com regularidade), os portugueses têm feito greves e manifestações com grande regularidade, se calhar até excessiva.
Desta vez, o que está em jogo, é o elevadíssimo desemprego, a redução do poder de compra e principalmente a perda de direitos, nomeadamente no sector público.
Uma greve é muito importante, principalmente porque é o último recurso usado antes de uma revolta, e já depois do diálogo. Mas em Portugal, o diálogo tem sido muito próximo do nulo. Serve essencialmente para mostrar discordância em relação ao que é decidido pelo poder político, denunciar casos gritantes de desespero e mostrar também que a actividade cívica afinal existe, mesmo apesar da taxa de abstenção nas eleições. Esta frequência de manifestações, serve também para não acontecer como no Brasil, irmos sofrendo calados e de repente, soltarmos a raiva, como tem acontecido no país irmão.
A pouco disse que a regularidade das manifestações pode estar a ser excessiva, não por este executivo não o merecer, não porque os portugueses não tenham razões, mas sim porque o chefe de Estado, e no nosso país é o Presidente da República, deveria já ter terminado com este desespero. O que é demais é erro, e as manifestações não fogem à regra. Um dia, fazer greve será banal, e temo que já o seja...
Hoje em dia, a utilidade das greves em Portugal não são mais do que, tentativas de paralisar o país, as pessoas serem ouvidas e no final, em vez de haver uma negociação entre os sindicatos e o Governo para melhorar o que está mal aos olhos dos cidadãos, temos assistido a uma guerra de percentagens de adesão. Isto é gozar com quem sofre todos os dias, com a angústia de poder, muito facilmente, perder o posto de trabalho.
Por fim, gostaria ainda de olhar para as reacções à greve, quer dos sindicados, quer dos deputados.
Arménio Calos (CGTP) olha para a fragilidade do Governo, Carlos Silva (UGT) prefere olhar realmente ao problema, mas sobretudo aponta soluções, renegociar com a troika. Marques Guedes (Governo) diz respeitar a greve, mas respeita mais quem prefere ir trabalhar, António José Seguro (PS) saúda quem fez greve faltando ao trabalho, quem fez greve mesmo sem trabalho e aos emigrantes que nos fazem falta. Já os turistas, foram surpreendidos com a greve mas reagiram com naturalidade e admiração.
No entanto, não posso deixar passar em branco os portugueses que, preferiram ir para a praia aproveitando o motivo de greve, repudiando veemente este tipo de acções, para isso teriam ido trabalhar, digo eu. Arrepiei-me quando li no jornal uma declaração de um jovem que diz: "a paria é mais importante", considerando desnecessário manifestar-se. (Se bem que por trás desta declaração, podem estar muitas leituras)
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