Cavaco Silva no seu discurso do dia 10 de Junho deste ano deu várias respostas aquilo que se tem dito já algum tempo. Entre elas a da sua pacificidade, outra em relação ao conteúdo do último conselho de Estado e sobretudo, ao seu papel ao longo dos seus mandatos da Presidente da República.
Concordo por vezes com o que o PR diz que deve ser o seu papel, mas discordo quase sempre de como o faz. Estou a estudar administração pública e como tal as figuras do estado em unidades curriculares como ciência política e outras, e o papel de um Presidente da República numa democracia é o de "regular" e estimular o consenso, promover o diálogo e o de fazer cumprir a constituição. Em regimes onde o chefe de Estado é a figura máxima, quando tem o poder de destituir a Assembleia, tem também como função o de olhar pelos interesses do povo, de todos os outros cidadãos que não são agentes políticos. E o que Cavaco Silva tem feito nestes dois mandatos é pura e simplesmente ir dando com uma mão, e tirando com a outra. Não tem sido regular na sua linha de acção, mesmo com o anterior Governo já dizia que havia limites nos sacrifícios pedidos, com este Governo deixou ir muito além daquilo que seria os limites aquando a governação de José Sócrates. Mas o que faz variar o discurso do PR não é propriamente quem governa, mas sim a ocasião em que fala. Por vezes é todo apoio aos sacrifícios e enaltece a capacidade de sofrimento dos portugueses, numa outra ocasião diz que existem limites e que o povo não aguenta mais, depois mais à frente volta a apoiar o Governo, e isto sucessivamente.
Já por duas vezes, e com este Governo em ambas, aprovou orçamentos inconstitucionais, a sua principal função cai assim por terra.
Mas o que me tem surpreendido, e ainda não sei se pela positiva ou negativa é a sua postura actual, focado apenas o pós-troika. Eu acho bem isso ser discutido para que estejamos preparados, mas para lá chegarmos é preciso percorrer um longo caminho, um caminho árduo, em que uma vez mais, os portugueses vão sentir na pele mais dificuldades. Eu acho que o que os portugueses precisam, ou pelo menos eu, jovem e com o sonho de poder retribuir ao meu país aquilo que tem feito por mim ao longo da minha formação é que os órgãos de soberania me protejam, e já que o PM tem-se esforçado em me retirar a esperança de concretizar o sonho, gostava que o PR tomasse uma atitude, é que não devo ser o único português nesta situação! Este Governo leva já dois anos e estamos nitidamente pior, vai continuar apenas pelos alertas Exmo Sr. Presidente da República?
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