quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Pós-eleições

Quero começar este artigo por felicitar a coligação Portugal à Frente, uma vez que foi a força política que recolheu mais votos.

Porém, este resultado não confere ao PSD e ao CDS uma vitória inequívoca. Isto porque perdeu a maioria absoluta que tinha no parlamento. E após 4 anos sem qualquer diálogo, será muito complicado agora para estes dois partidos ver qualquer proposta ser aprovada. A começar pelo próprio programa de Governo.
Logo, está tudo nas mão do segundo partido mais votado, o Partido Socialista.
Este, tem várias opções em cima da mesa. Pode juntar-se à esquerda para apresentar uma alternativa de Governo, pode aliar-se à direita para formar um Governo, tal como Cavaco Silva pretende e pode por fim, não optar por nenhum dos anteriores e apenas fazer oposição, viabilizando algumas propostas do Governo e juntando-se ao Bloco e ao PCP para bloquear outras.

No meio disto tudo, António Costa encontra a intenção da ala segurista em voltar a liderar o partido.
Mas esta questão será clarificada em congresso após as presidenciais, até lá, o foco está na formação de um novo Governo e na elaboração do Orçamento de Estado.

Voltando ao tema principal, a formação de um novo Governo.
A meu ver, não me parece nada viável que o PS forme Governo com a direita. De todas as hipóteses, esta é a que eu rejeito já neste momento. Para além de achar que se António Costa optar por esta via, perderá metade do seu eleitorado.

Porém, a opção de alargar o chamado arco de governação ao Bloco de Esquerda e à coligação CDU traz muitos riscos. O primeiro dos quais é não se saber a postura que estes partidos têm quando são Governo. Na oposição, têm muitas vezes a postura de se ficar a parte da mesa das negociações, tal como aconteceu com a Troika, e ainda existe outro fator relevante, que é a postura destes países perante o projeto europeu e o euro.

O importante, como eu tenho dito nos últimos meses e anos, numa coligação não é importante apenas e só quem a constitui, mas sim o seu conteúdo ou intenção. E não teria problema nenhum de conviver com uma coligação PS, CDU e BE, mas o propósito teria de ser criar emprego, dignificar as condições de trabalho e combater a austeridade. Esses são os ponto que unem estes partidos, e a coligarem-se, terão de se potenciar. 
António Costa foi bem claro, e tem todo o meu apoio quando diz que qualquer projeto que vá contra os 4 propósitos a que o PS se propôs, isto é, aumento do rendimento, dignificar o trabalho, uma postura ativa e forte na europa e apostar na educação, inovação e ciência. O PS, pela sua história e pela sua capacidade de diálogo, pelo seu líder e pelos votos que obteve, não deve sujeitar-se a pressões dos partidos à sua esquerda. A acontecer negociações com estes, deve ser o PS a liderar, e não a ser liderado.

Vejamos o que as próximas horas nos trazem, mas serão decisivas, certamente.

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