segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PortugalCoup, Cavaco no seu melhor

Ainda estou para tentar perceber o que se passou! Estou de ressaca, como se diz na giria popular.

No seu discurso em que indigitou Pedro Passos Coelho, o Presidente da República acabou por se enredar nas suas exigências e próprio discurso que tem vindo a adotar. Mas prefiro destacar 2 pontos.


  1. Minutos antes do discurso, era expectável que Cavaco Silva indigitasse Passos Coelho, como tal acabou por acontecer. Em condições normais, o que iria entreter os comentadores e as hostes públicas, era o facto de não ter indigitado António Costa como Primeiro-Ministro, não dando assim ouvidos ao acordo que o líder do Partido Socialista apresentou ter, com garantias de estabilidade e condições de governabilidade. Acontece que não, o que acabou por ser notícia foi o conteúdo e principalmente o tom com que Cavaco Silva anunciou, não o facto de indigitar Passos Coelho, mas sim ter excluído de um acordo parlamentar a possibilidade de PCP e BE apoiarem um Governo do Partido Socialista. Ora, estamos a falar de cerca de 1 Milhão de votos que o nosso Presidente da República ignorou. Isto, por si só é gravíssimo. Tanto mais quando tinha, dias antes, pedido um entendimento. Quer isto dizer que se esqueceu de referir que esse acordo teria de ser obrigatoriamente com os partidos da coligação. Já para não falar da questão que se permanecerá com a expressão arco da governação, que é horrível em democracia.
  2. Um dos argumentos que Cavaco Silva utilizou foi a questão de tradição. O que aconteceu no passado dia 4, não se prende com tradição mas com inovação. Aconteceu algo que nunca tinha acontecido, isto é, a força mais votada não foi a que tinha a sua ala (esquerda ou direita) consigo, isto é, a força mais votada nas últimas eleições foi a coligação (de direita) mas foi a esquerda quem reuniu maior número de votos. Este facto dá azo a uma ampla leitura dos resultados, tal como temos visto nos últimos dias.



Neste fim de semana, e como rescaldo do discurso de Cavaco Silva, por esta europa fora, foram muitos os que opinaram acerca do que se está a passar em Portugal. Com a hastag #PortugalCoup , o nosso país andou nas redes sociais, e por aquilo que se pode ler, são muitos os que acham golpe de Estado Cavaco Silva ter ignorado o acordo à esquerda.

NOTA: Já que gostamos tanto de referenciar os países nórdicos, olhemos para a Dinamarca, que é governada por forças que não venceram as eleições. E era escusado terem tirado a série Borgen da RTP 2, onde o poder deste país é lá retratado.

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