Existem dois temas que eu gostaria de escrever hoje, são eles as recentes sondagens (intercampos e eurosondagem, tornadas publicas ontem e hoje respetivamente) e também a entrevista que António Costa deu ontem na TVI/TVI24.
Porém, debruçar-me-ei apenas no segundo tema, uma vez que, como todos sabem, sou muito cético em relação ao resultados das sondagens, isto é, serão elas encomendas ou são genuínas? Depois do que se passou em Inglaterra, que credibilidade têm as sondagens? Depois do que se passou na Grécia com o referendo, que credibilidade têm as sondagens? E mesmo estas duas que acima referi, que dão resultados diferentes e o período de realização das mesmas é muito similar. Enfim, como todos sabemos, a verdadeira sondagem é na urna, através da contagem dos votos efetivos.
Não sei se tiveram a oportunidade de ver, mas se não tiveram, puxem a emissão para trás ou então procurem no site da TVI ou até no Youtube, mas vale mesmo a pena ver a entrevista que António Costa deu na TVI ontem. É longa, é certo, até porque se divide em duas partes, sendo que só a primeira tem cerca de uma hora. Eu não vou discutir aqui o conteúdo, apenas e só. Para sintetizar o que acho em relação ao conteúdo, foi muito bom ver o candidato a primeiro-ministro pelo Partido Socialista a, em mais do que um momento, assumir pessoalmente compromissos sociais, pelos quais se tem batido até hoje. Mas melhor ainda foi ter ouvido António Costa a disponibilizar-se para fazer um programa daquele género anualmente, para comparar aquilo que disse ontem e aquilo que, periodicamente for ou não fazendo, para ser ir avaliando o grau de cumprimento do programa do PS.
Uma vez mais, António Costa demonstrou que valeu a pena ter avançado com a disponibilidade de liderar o partido do largo do rato.
O que é certo é que, com o formato desta entrevista, a nossa democracia e proximidade entre eleitor e eleito aumenta de forma substancial, e mesmo a participação cívica e principalmente, a prestação de contas, sendo esta última, a meu ver, essencial para o bom funcionamento da democracia.
Basicamente, António Costa esteve numa primeira fase frente-a-frente com Judite de Sousa que tinha sentada atrás de si alguns espectadores que foram fazendo perguntas ao longo do programa a António Costa. A pergunta poderia demorar 1 minuto a ser colocada e a resposta tinha de durar 3 minutos no máximo.
No mínimo, um sistema inovador em Portugal e que, a meu ver, aumenta o nível de profundidade da nossa democracia. É também nisto que os media têm um papel essencial a desenvolver, promover momentos de qualidade.
Numa segunda fase, já com José Alberto Carvalho, num formato mais tradicional, respondeu a algumas perguntas.
Depois de se ter iniciado este caminho, não vejo razão plausível para que não se continue.
Depois de a nossa democracia sofrer avanços como tem sofrido desde as primárias no PS até ao sistema de eleição de candidatos a deputados do LIVRE/Tempo de Avançar, vejo com ainda piores olhos os nossos níveis de abstenção.
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