No passado domingo aconteceu algo inédito na RTP, de facto foi inédito.
Não por ter sido uma entrevista a José Sócrates, não pelo mesmo estar em directo naquele horário, não por ver José Rodrigues dos Santos ao domingo na TV nem por ouvir o que ouvi de cada um.
Mas afinal, o que foi inédito? Inédito foi o facto de transformarem o espaço de opinião semanal do anterior PM se tornar numa agressiva entrevista em que se tentou levantar possíveis fantasmas dos arquivos.
Vejamos uma coisa, eu concordo com este tipo de entrevistas, completamente! Acho mesmo necessário que o entrevistador fique esclarecido e acima de tudo, que deixe quem está a ver também com uma ideia clara daquilo que é dito. Isto é, todo e qualquer espectador quando ouve uma entrevista, faz perguntas a si próprio quase como se fosse o jornalista, e portanto, acho por bem que o "verdadeiro" jornalista as faça, com a maior veemência possível. Quanto a isso, José Rodrigues dos Santos esteve a meu ver muito bem! Para além do mais, este tipo de cenários só permitem a José Sócrates a possibilidade de defender o seu legado e repor a verdade daquilo o que aconteceu. E hoje em dia, confere também a possibilidade de mostrar que as condições são outras e portanto, as posições quanto a certas decisões podem também mudar.
Mas há um facto de que alguém se esqueceu... É que aquele, é o espaço de comentário livre, ou seja, um tema é lançado e o comentador comenta. Quase como na escola, em que o professor de português lança um tema para a composição no teste e o aluno tenta desenvolver, livremente.
O que se verificou foi tudo menos comentário. A forma como Sócrates era, constantemente interrompido com dados de arquivo em que vão no sentido oposto ao que o ex-PM defendia então, nunca poderá ser intitulada de opinião de José Sócrates.
Neste sentido, gostaria de recomendar à RTP que, se necessário até, não faça o programa num domingo para que possa assistir em directo ao que o Marcelo faz na TVI e depois, seja normalizado um espaço de opinião como deve ser.
Nota final, fico muito contente por ver aqueles dois indivíduos de seu nome José ao mesmo tempo na mesma mesa, prezo imenso ambos. Reitero uma vez mais que cenários como aquele apenas dão oportunidade a José Sócrates de "passear" onde se sente mais confortável demonstrando a sua capacidade de retórica. Agora, não é isso que o telespectador espera. Quero acreditar que o que aconteceu, não passa de um equivoco televisivo...