Este fim-de-semana parece ter surgido, ou na prática, começou a surgir um novo partido na esquerda portuguesa.
A minha primeira reacção foi: "mais divisão na esquerda já dividida?"
Quem lê o PNP com regularidade, sabe bem o que eu acho acerca dos desentendimentos que a esquerda tem demonstrado, ao contrário da direita, mais ou menos unida, que nos momentos de grande aflição, lá se entende.
Mais uma vez, a esquerda dividir-se é dar mais uma vitória à direita, que se tem vindo a congratular com as sucessivas vitórias que tem conquistando. À vitória económica que se tem verificado, estamos à beira de assistir à vitória política.
No momento em que a esquerda se deveria unir para aproveitar a oportunidade que a crise está a oferecer, ao desgastar a direita, aproveitando sinergias, e tal como Mário Soares tem tentado através do congresso das esquerdas, vemos um novo partido, o LIVRE, surgir...
Mas vejamos melhor o partido em si e o seu líder, isto é, o LIVRE e Rui Tavares.
O LIVRE pretende ficar no meio da esquerda. Mas o mais engraçado é que, ainda hoje, é o dia em que me pergunto onde se localiza o BE, em que tanto tenta "atacar" o PCP como o faz com o PS. Portanto, onde é que é o meio da esquerda? Pelas pessoas que foram à primeira reunião, parece ser um partido próximo do PS e do BE.
Mas um partido novo só sobreviverá se fizer algo de diferente do que hoje em dia é feito pelos restantes. E não é preciso muito para se entender isto, basta olhar para as eleições do passado dia 29 de Setembro, onde os eleitores demonstraram isto mesmo!
Mas a inovação não sendo bem concretizada, é um tiro nos pés, tal como aconteceu com o Bloco, com esta direcção bicéfala, em que o partido, mal foi a votos, perdeu a única autarquia que detinha.
Mas um outro aspecto que gostaria de olhar, é ao facto de Rui Tavares se poder, muito facilmente tornar em Francisco Louçã versão 2.0 e o LIVRE caminhar as mesmas ruas que o BE está hoje a percorrer.
No entanto, e porque pode dar ideia de que sou contra o surgimento de um novo partido, não é nada disso, apenas gostaria que a esquerda se unisse em vez de se dispersar e assim dar vantagem à direita. É que a esquerda consegue ser muito mais capaz que a direita actual, e disso não duvido, mas se forem muitas forças à esquerda, o velho ditado "a união faz a força", tantas vezes proclamado pela esquerda, a ela não se aplicará. E seria uma pena.
Para finalizar, irei ficar bastante atento aos desenvolvimentos, e certamente que este novo partido contará com excelentes contributos e desde já os meus mais sinceros parabéns pela ousadia de avançarem com esta iniciativa. A esquerda, em geral e vinda ela de onde vier, mostrará certamente valor.
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