Não, não vou escrever sobre as detenções e escândalo na FIFA.
Não, não vou escrever sobre o interrogatório de ontem ao único arguido em prisão preventiva do processo operação marquês, 6 meses depois.
Não, não vou escrever sobre a possibilidade de a Grécia sair do euro e estar sem dinheiro.
Tentarei abordar 3 temas neste artigo.
O primeiro será a situação política nacional, mais especificamente, as intenções, ou não, deste Governo cortar nas pensões.
O segundo será o orçamento do PSD/CDS para a sua campanha eleitoral e respetiva poupança face a 2011.
E por fim, o assunto para fechar será a escolha deste Governo em manter Carlos Costa como governador do Banco de Portugal.
Comecemos pelos cortes nas pensões.
Ao que parece, o Governo, que é formado pelo PSD e pelo CDS, e que sabe-se, irão juntos a eleições, no seu PE (sim, não é PEC porque a palavra crescimento desapareceu daqueles dicionários), consta a intenção de poupar 600 milhões de euros nas pensões. Apenas isto. E o CDS, como sempre, assinou. Sem saber conteúdo, isto é, sem saber como se irá poupar esse valor. Nas pensões, repare-se, uma das suas bandeiras. Ah, deixem lá, o CDS deixou de ter bandeiras, agora é coligação. Esqueci-me!
Pois bem, a ministra das finanças, num ambiente descontraído, perante uma plateia jovem (JSD), falou em cortar no valor das pensões, não nas futuras, mas mesmo naquelas que hoje são pagas.
Reação do CDS?
"Distancia-mo-nos.". Ora pois não? Chegaram a mostarda ao nariz, e agora tentam fugir com o rabo a seringa. Mas também aproveito desde já, este espaço, para dizer que as pessoas não se esquecem daquilo que tem sido praticado por este Governo ao longo destes 4 anos de governação, principalmente nesta matéria em específico. Aquela história de compactuar e depois vir dizer que foi para evitar um mal maior, ou que não se identificam mas tinha de ser, com o povo, já não cola.
Mas claro, estamos em ano eleitoral e não interessa, a meio ano do domingo decisivo, anunciar políticas impopulares. Até porque já não é que se lixem as eleições.
Por falar em eleições, sabemos agora que o PSD e o CDS vão a eleições com um orçamento fixado nos 2,8 milhões de euros, ou seja, uma poupança de cerca de 1,8 milhões relativamente ao que fora gasto em 2011 separadamente. Eu gostaria de deixar aqui um recado. Não é com o dinheiro dos partidos que os cidadãos se importam, meus caros. Mas sim o que fazem com o dinheiro do chamado Estado, o dos contribuintes e não os militantes. Esses euros, ou milhões de euros, ou milhares de milhões. Esses, que permanecem num cofre, cheio, é que nos interessa. (Mas mesmo assim, cortes nas pensões estão na mira do Governo... continuemos)
Aproveito também para deixar claro que, a meu ver, essa poupança, na ordem dos 40% na campanha, terá duas razões que podemos invocar. 1- Poupa-se sempre ao juntar duas campanhas numa, ao formar uma comitiva e não duas, ao preparar um comício e não dois, ao alugar um hotel e não dois, entre outros; 2- Estes dois partidos sentem já que vão perder as eleições, e por isso, como vão ter menos votos, fazem campanhas mais pequenas. Sim, porque a dimensão de uma campanha é medida com a expectativa de obter determinado número de votos, e não com as preocupações do bem comum, em relação à poupança que é feita.
Por fim, e para terminar, temos o terceiro tema, a nomeação de Carlos Costa para continuar à frente do Banco de Portugal. E neste ponto não me alongarei muito, apenas questionar como é que é possível, após a apatia do Banco de Portugal, que supervisiona o nosso sistema bancário, em relação ao BES, e com as responsabilidades que foram apuradas ao seu governador, em sede de comissão parlamentar e comissão de inquérito, se pode manter este governador? Estão a gozar com as pessoas? Estão a "picar" os lesados do BES?