Na segunda semana da edição do Excerto do Dia (que excecionalmente não houve sexta-feira), os grandes destaques foram, naturalmente, para o Orçamento de Estado, numa semana em que se deu destaque também ao cartaz do Bloco de Esquerda, que irei aqui também abordar apesar de não ter saído sexta-feira.
Começo precisamente por ai, pelo último dia, que não houve Excerto do Dia, e em caso de sair, teria sido relativo ao polémico cartaz do Bloco de Esquerda, que recorre à imagem de Jesus Cristo e em que diz que até Jesus tinha dois pais. Claramente uma analogia que aborda a adoção por parte de casais do mesmo sexo.
A polémica rapidamente se instalou, um cartaz que teve apenas um exemplar expresso, afixado na capital e que proliferou nas redes sociais. Melhor dizendo, incendiou as redes sociais e facilmente dominou os últimos 3 dias. Em Portugal, a política foi isso mesmo.
Não posso deixar de dar os meus mais sinceros parabéns ao departamento de marketing (se existir), ou senão ao responsável, pelo cartaz que foi tema indiscutível. Da primeiras declarações que ouvi relativas ao tema, foi do ex-Ministro do CDS, Pedro Mota Soares, a dizer que não achava que a maioria dos portugueses se revisse naquele cartaz. Foi então logo que percebi: resultou.
Seria óbvio que a maioria dos portugueses não se iria rever naquele cartaz, e eis os motivos que eu aponto:
- Um cartaz com alusões religiosas nunca gera consenso;
- O tema da adoção homossexual é ainda muito controverso;
- Bloco de Esquerda não é um partido de massas;
Penso que este "pódio" de motivos justifica bem a clarividência das declarações do ex-Ministro.
Para finalizar este tema, referir ainda que o Bloco, com este cartaz, depois do comportamento na negociação do orçamento e ainda por cima depois do desempenho na campanha para as legislativas, o Bloco destaca-se, claramente, do PCP, e assume-se, a meu ver, como a verdadeira alternativa da esquerda ao Partido Socialista. E enquanto os partidos não perceberem aquilo que o Bloco de Esquerda é hoje (sim, porque no último ano definiu-se bem) vão perder terreno e vão continuar a perder votos.
Mas regressando ao início da semana, segunda-feira, destaquei no Excerto do Dia as declarações de Eduardo Catroga que falou num aspirador fical. Dou os meus parabéns, não utilizaria melhor expressão. Hoje em dia, a máquina do Estado, e consequentemente por via de cobrança de impostos, a carga sobre as pessoas particulares e coletivas é realmente muito grande, e um verdadeiro entrave ao crescimento económico e ao investimento. Porém, a máquina precisa de funcionar. É a verdadeira questão que eu gosto de refletir, como tornar o Estado mais eficiente? Assim, ou produziria mais com os mesmos recursos, ou produziria o mesmo com menos recursos. Mas é a eficiência o grande problema da Administração Pública. Agora, claro, dentro deste tema temos a burocracia, centralização, eficácia e não só.
No segundo dia de debate do Orçamento de Estado, aquele que ficará gravado na história como sendo o dia em que o PCP, em mais de 40 anos, votou favoravelmente um Orçamento de Estado, foi também o dia em que os deputados e o Ministro Vieira da Silva utilizaram músicas, de origem esquerdista, foram invocadas. O experiente governante utilizou a melhor frase possível para explicar o papel que a direita tem protagonizado na oposição, dizendo mesmo que "Os senhores estão à espera do comboio na paragem de autocarro", relembrando que o Parlamento rejeitou o Governo composto pela coligação PàF e como para bom entendedor meia palavra basta, o Ministro quis dizer que a oposição ainda se acha Governo, mas na verdade é aquilo que é, oposição. Só para eu ter a certeza que ficou claro para todos.
Miguel Guedes no seu artigo de opinião no Jornal de Notícias a meio da semana, confirmou aquilo que o Governo se tem esforçado por explicar, que este Orçamento de Estado é um virar de página, destacando o facto de que pelo menos, não cria sofrimento por antecipação. E a verdade é que, depois de 4 anos de sofrimento como os últimos, os portugueses mais do que esperança, precisam de não sofrer, no mínimo, estagnar!
Para finalizar este artigo, referir que destaquei na quinta-feira o facto de a cerimónia de tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa será, segundo os primeiros sinais, uma festa das afectividades. E a verdade é que, os portugueses precisam de se sentirem de alguma forma identificados com as nossas instituições, mas as nossas instituições precisam que os cidadãos estejam recetivos, e isso só se faz com trabalho de proximidade, mas existe ainda um outro aspeto, é que Marcelo, pelo que representou nos últimos anos, poderá ser, de facto, a pessoa certa para fazer essa gestão de afectividades. Veremos se não será essa a chave para o seu sucesso, ou então para o seu falhanço. Só o tempo o dirá.
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