Lembro-me de, em 2011, quando os meus amigos e colegas de escola me perguntavam porque deveriam votar no PS, ou então qual a diferença entre votar PS ou PSD, eu na altura dava a resposta mais simples que tinha no meu cardápio: se não queres ficar sem escola e saúde, vota PS. Daqui, deve ler-se: Se não é objetivo ficar sem acesso a um sistema de ensino e saúde públicos, deve-se votar PS.
Infelizmente, não sei se com o contributo destes colegas e amigos ou não, mas a verdade é que o PSD venceu as eleições e coligou-se com o CDS para formar uma maioria parlamentar.
Quatro anos passados, não posso, com muita pena minha, admitir que errei.
Quatro anos depois, em relação à educação, tivemos anos escolares a começar com pior qualidade e com atrasos históricos (ano letivo anterior), colocações de professores que envergonham qualquer sociedade que se diga progressista e ainda o aumento das propinas no ensino superior. Isto já para não falar nas não contratações de professores, turmas cada vez maiores, encerramento de escolas, nas mobilidades especiais e nos exames criados.
Temos, sem dúvida alguma, um sistema de ensino muito pior do que o que tínhamos antes deste Governo tomar posse.
Por outro lado, as nossas universidades fizeram da exportação a sua principal atividade, visto que depois de completar uma licenciatura, poucas são as hipóteses que restam a um jovem senão emigrar.
Eu tirei a minha licenciatura precisamente durante os anos de governação de Passos Coelho. Lembro-me que quando foi eleito, estava já em preparação para os exames do secundário. Por isso, senti bem a evolução negativa que foi levada a cabo por este Governo nesta matéria, principalmente no ensino superior. Mas houve uma área que me fez chocar. O desinvestimento na inovação e conhecimento é algo de abismal. Não consigo conceber que um Governo, numa sociedade que quer estar na vanguarda de tudo e de todos, não aposte no futuro. E o futuro passa, inevitavelmente, pelas universidades, pelo conhecimento e pela inovação.
Na outra matéria que falei em cima, como arma de arremesso por mim utilizada, é difícil saber por onde começar. Admito que também aqui o atual Governo não tenha sorte com as minhas experiências. Infelizmente, durante estes 4 anos tive de me deslocar várias vezes a diferentes hospitais, por diversos motivos e em variadas circunstâncias, e pois bem, cada vez pior. Se na educação, os rakings ainda "ajudam" o Governo, na saúde nem por isso.
Vi com os meus próprios olhos muitas pessoas que precisavam de uma cama no hospital por serem operadas no dia seguinte, e não ficaram internadas porque não havia cama disponível. As taxas moderadoras, duplicaram. Não vou falar das listas de espera, porque como se trata de saúde, um dia de espera para o que quer que seja, é demasiado. Mas o mais grave para mim, é o facto de termos vários enfermeiros a sair das nossas universidades, bem preparados, e a serem literalmente obrigados a emigrar, com trabalho reconhecido e condições de trabalho dignas, algo que não encontraram em Portugal. A consequência, para além do desperdício no investimento feito ao longo de anos, e de estarmos a ajudar a enriquecer outros países ou então ao facto de estarmos a fazer jovens emigrarem e desprenderem-se daquilo que lhes é familiar, temos a necessidade, equipamentos e infra-estruturas preparadas para fazer mais e melhores operações, mas não o podemos fazer porque não são contratados enfermeiros.
Por estas duas razões em especial, nunca poderia votar na PáF.
Brevemente escreverei porque votarei no PS.
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