sábado, 2 de agosto de 2014

Carlos foi a moeda.

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Já todos devem saber, mas Carlos Moedas foi o escolhido de Passos Coelho para Comissário Europeu.
O que revela algumas coisas bastante interessantes, algumas até, depois de uma breve pesquisa na nossa imprensa, não dei conta de já estar escrito.

Mas comecemos pela escolha.
Juncker, o novo Presidente da Comissão Europeia, pediu que Portugal, ao contrário do habitual, escolhesse uma mulher. Passos Coelho tinha em cima da mesa, a Ministra das Finanças e Maria João Rodrigues (PS). Esta última, seria a escolha mais natural, pois pertence ao partido que venceu as europeias, tem confiança com Juncker e tem experiência europeia... Mas adiante.
1. Logo, já percebemos que Passos Coelho tem dificuldade em identificar aquilo que é uma mulher.

2. Passos Coelho parece também não ter percebido aquilo que são resultados eleitorais. Penso que não haverá grande dificuldade em perceber que se foi o PS a vencer as europeias, o comissário deveria também ser do PS, ou no mínimo, este ser chamado à decisão de escolher.

3. Mas a culpa, a meu ver, não recai apenas e só no nosso Primeiro-Ministro. António José Seguro, mais do que nunca, tem uma posição muito fragilizada, ao ponto de, já nem os louros da vitória nas europeias pode usar contra Costa. Senão vai dizer o que? Os portugueses votaram no partido que eu lidero, mas mesmo assim, nem tive a capacidade de me sentar a mesa com quem escolhe o comissário! Não me parece boa estratégia, muito sinceramente.

4. Outra conclusão a que podemos chegar, muito facilmente, é que no que depende da escolha de Portugal, a austeridade na Europa é para continuar. Ora se envia Carlos Moedas, que teve lado-a-lado com a troika desde a negociação até ao fim (e que ficou agora sem funções específicas), tendo até elogiado as políticas que nos puseram assim diversas vezes, só podemos retirar que a sua ida para Bruxelas é um incentivo à austeridade.

5. Mas não posso deixar de agradecer ao nosso Primeiro-Ministro, sim, porque nem tudo é mau... Desde que chegou e formou Governo, e depois de algumas políticas desenvolvidas, conseguiu afastar de Portugal e dos portugueses Álvaro do Santos Pereira, de quem os portugueses nem se lembram já, Vítor Gaspar, que aplicou um enorme aumento de impostos, e de quem os portugueses não têm muitas saudades, e agora Carlos Moedas, que foi um dos mentores e defensores deste programa, tal como foi imposto. Por isto, muito obrigado caro Pedro.

6. Por outro lado, e já que estou a elogiar Passos Coelho, aproveito para dizer que pode ser bom Carlos Moedas ir para Bruxelas, pelo facto de poder vir a ser também o rosto da renegociação, uma vez que a Europa precisa de mudar de políticas e este pode ser um elemento fundamental para o fazer.

Depois de tudo isto, e resumindo, Juncker pediu uma mulher e em troca dava uma pasta relevante ou um vice-presidência, Carlos foi a moeda.

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