«Chávez deu-se a conhecer aos venezuelanos como militar.
Em 1992, tentaria um golpe de Estado, sem sucesso, mas o sonho de transformar o país numa república bolivariana e socialista acabaria por chegar, quando foi eleito presidente pela primeira vez, em 1998.
A uma Venezuela cada vez mais pobre, dominada por companhias estrangeiras e pelo programa de austeridade do então presidente Carlos Andrés Pérez, o filho de professores primários, agora político, oferecia uma alternativa: o socialismo do século XXI, com o qual conquistou mais três eleições presidenciais e venceu outras votações.
Herói para muitos, que o viam como defensor dos pobres e da soberania do país - expulsou companhias estrangeiras e nacionalizou outras, recuperando a exploração do petróleo, construiu escolas, hospitais e infra-estrutura-, Chávez era visto por outros tantos como um ditador. Para os seus opositores, concentrou demasiados poderes, que retirou a outras instituições políticas, alterou a Constituição para poder candidatar-se consecutivamente à presidência.
Mesmo com a obra feita, as oscilações nos preços do petróleo refrearam o crescimento que o país conheceu nos seus primeiros anos de mandato e, segundo a ONU, 37,9% ainda vive abaixo da linha de pobreza. Apesar disso ganhou sempre que se submeteu a sufrágio.
Da tentativa de golpe de Estado que o colocou temporariamente fora do poder e que atribuiu à influência dos EUA, governados por George W. Bush, resultou um referendo à sua continuidade à frente dos destinos da Venezuela. Ganhou o “sim”. Na política internacional foi também polémico pelas suas alianças. Manteve boas relações com os líderes do Irão, Ahmadinejad, e da Líbia, Muammar Kadhafi, entretanto morto pelos rebeldes,com Fidel Castro e grande parte dos líderes latino-americanos. Com os EUA continuou a distância e também com alguns países europeus, apesar dos laços históricos.
A reprimenda do rei de Espanha, Juan Carlos, na Cimeira Ibero-Americana de 2007, ficou célebre. A frase proferida pelo monarca, “por qué no te calas?”, tornou-se popular e foi aproveitada para várias situações de humor. Por cá, parte de um discurso de Chávez também foi utilizado pelos humoristas Gatos Fedorentos para um sketch sobre dois ministros de Sócrates, que o presidente venezuelano chamava de “bom amigo”. As relações entre os dois países estreitaram-se nessa altura.
Hugo Chávez morreu esta terça-feira, aos 58 anos, depois de uma longa luta contra o cancro. Desde Junho de 2011, submeteu-se a quatro operações em Cuba»
Sem comentários:
Enviar um comentário