segunda-feira, 5 de março de 2018

Itália, as boas notícias não chegaram

https://www.sapo.pt/noticias/economia/italia-esta-preocupada-enquanto-a-europa-se_5a9d096e882043261847b085

De Itália não vieram as melhores notícias este fim de semana.

Domingo acordamos com a notícia que o lendário capitão da Fiorentina, equipa a jogar no primeiro campeonato italiano tinha falecido, de morte súbita, durante a noite em estágio. Todos os jogos foram cancelados e houve umas sapatilhas que tinham ficado esquecidas e que ficaram sem dono
Esta é daquelas histórias que não gostamos que nos façam chegar, por sabermos que são reais e, como tal, pode acontecer a qualquer um de nós. Por outro lado, se houver alguma morte santa, como no quotidianos todos usamos essa expressão, deverá andar muito perto desta definição.

Mas em Itália, o dia era também de eleições. Por esta hora, ainda não se sabe qual será o derradeiro desfecho destas eleições. E para sermos honestos, depois do que aconteceu em Portugal em 2015, bom é esperar sempre até tomadas de posse, e mesmo assim, em Portugal o XX Governo Constitucional teve apenas dias de vida...

Não sendo eu um perito em política internacional, mas naturalmente por esta me interessando, principalmente se for um país da União Europeia e da Zona Euro, mais ainda. Pelo menos, por enquanto. Sim, já lá eremos.

Liga, Forza Itália (FI), Irmãos Itália, Movimento 5 Estrelas (M5S), Partido Democrático. Ou então, Salvini, Berlusconi, Di Maio, Renzi, Beppe Grillo e Lou Reed... Todos foram protagonistas. Primeiro, partidos, depois, pessoas. Mas o que é que Ex-Primeiros-Ministros, humoristas e cantores aparecem no mesmo segmento e foram todos protagonistas ou chamados há história do dia das eleições? É o que passo a explicar.

Surpresas acontecem em eleições. Certo? Aprendemos com o Brexit, a mais não seja. Salvini, líder do partido Liga, reclama que deve formar Governo, mas acontece que Di Maio também. Soa a familiar? Estamos a ir bem então. O primeiro lidera o partido mais votado de uma coligação de direita e extrema direita, o outro, lidera o partido que isoladamente obteve mais votos. Complicado? Este artigo deve ajudar.
A diferença entre o partido mais votado e a coligação (que ao contrário do que aconteceu em Portugal com o PSD e CDS a disputarem as eleições juntos, em Itália os 3 partidos coligados foram a votos separadamente) é de 5%. M5S obteve 32% e a coligação 37%. Ao que parece, no acordo de coligação estava previsto que o partido mais votado seria o que iria formar Governo, e foi aqui que Berlusconi saiu surpreendido.
Mas faltam ainda nomes e partidos. Cá vamos. Partido Democrático, de Renzi, foi o grande derrotado. Já se demitiu, inclusive.

E o que defendem os dois candidatos que defendem que devem formar Governo? Uma política eurocética, contra o projeto do euro. Aliás, na sua génese, o Movimento 5 Estrelas até é contra o sistema e contra os partidos. Vai-se a ver e ganha umas eleições... Lições? Vária. A começar nos partidos, que devem fazer uma profunda reflexão se estão a ir de encontro com o eleitorado ou se estão apenas a dar azo a que partidos contra o sistema se instalem no poder, e se tornem eles partidos de poder. Como em Itália está a acontecer.

Para a Europa, ou para uma visão europeísta, como a minha, dentro do resultado, o que ainda seria menos mau era que Di Maio conversasse com Berlusconi, porque o primeiro, apesar de populista, foi acalmando os ânimos antissistema nas últimas semanas, já Berlusconi, é raposa conhecida pelas instituições europeias e não parece querer mudar de ideais nesta matéria. Por sua vez, Salvini coloca em perigo os esforços que a UE tem vindo a encetar no sentido de acolher refugiados e tem em mente um encerramento das fronteiras, com a insignia de os "italianos primeiro". E não sei, mas esta parece-me ser uma ideia bastante perigosa para aquilo que temos como dado adquirido, e talvez não seja assim tão certo, como a sociedade europeia como a conhecemos.

Por fim, os italianos fizeram o que, indiretamente, o fundador do M5S, e humorista Beppe Grillo recomendou. Depois de votar, e com os jornalistas junto ao seu carro, o humorista colocou em alto e bom som a musica "Walk on the wild side", de Lou Reed. E assim aconteceu, veremos o resultado. Mas Augusto Santos Silva parece estar cauteloso... Não é caso para menos.

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