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Schauble, como já devem saber, veio mais uma vez a público falar sobre a situação política e económica em Portugal. Diz ele: "Portugal estava a ser bem-sucedido até entrar um novo Governo".
Ora, esta não é a primeira (infeliz) consideração deste senhor acerca da nossa situação politica e das mudanças que os portugueses expressaram nas urnas (e escusam já de se lembrar que venceu a coligação, mas a verdade é que foi a esquerda que se tornou mais forte no Parlamento). Acerca destas declarações, recomendo a leitura deste artigo de Pedro Santos Guerreiro, e esta reação de Carlos César.
Para o ministro das finanças alemão, Portugal mudou a trajetória que deveria seguir, e está, portanto, a seguir a trajetória errada. Mas uma questão desde logo se levanta: O que tem ele haver com isso? A resposta é clara. Tudo.
Este senhor é ministro das finanças de um país liderado pela senhora Merkel, que foi a luz iluminadora, a par de David Cameron do nosso anterior Primeiro-Ministro. Eles são a voz do neoliberalismo contemporâneo. Eles são quem querem ver na nossa Europa, a supremacia alemã. Assim, com um Governo liderado pelo senhor António Costa, já não fazem de nós tripas coração. Isto é, já não fazem de nós aquilo que querem, como querem e quando querem. Não, são apenas um dos Estado-Membro da União Europeia. Ponto final parágrafo.
Mas, sim, há sempre um mas, são porventura o país que mais tem lucrado com a nossa crise, através da compra da nossa dívida, que é paga, e com o anterior Governo até o era antecipadamente aos senhores fulanos tais, para que a imagem do aluno bem comportado perdurasse. Até ao dia. Até ao dia em que mudamos de Governo e de Primeiro-Ministro, e somos agora um país que vai aumentar pensões, incentivar o consumo e baixar o défice. Sim, tudo no mesmo ano e segundo consta, já no Orçamento de Estado para 2017.
Lembra-se daquele ditado popular, que diz: Enquanto uns choram, outros vendem lenços? É o que está a acontecer neste momento nas relações Portugal - Alemanha. Até aqui, os portugueses eram quem chorava e os alemães quem vendiam os lenços. Até ao dia em que decidimos não ser mais bem sucedidos aos olhos dos alemães, e preferimos se-lo aos olhos dos portugueses.
Por isso, senhor Schauble, calado era um poeta. Temos pena.
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